quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Cérebro limita a visão, diz estudo

Erros dos assistentes em lances de impedimento podem ser explicados pela ciência

VALDIR BICUDO

As inúmeras falhas cometidas pelos árbitros e assistentes durante uma partida de futebol pode ser explicada através de estudos científicos. Os assistentes ganharam um forte aliado, que poderá atenuar as agressões que são dirigidas pelos espectadores contra as decisões da arbitragem, quando cometem equívocos no quesito impedimento - Regra XI.
De acordo com estudo divulgado recentemente pela Revista Science, assinado pelos pesquisadores Liqiang Huang, da Universidade de Hong Kong, Anne Treisman, da Universidade de Princeton, e Harold Pashler, da Universidade da Califórnia, todos os seres humanos possuem uma fraqueza e têm dificuldades para captar o movimento de dois ou mais objetos ao mesmo tempo, assim como mais de uma cor ou orientação espacial simultaneamente.
Em síntese, a impressão que temos de visualizar uma cena complexa por inteiro é só coisa da nossa cabeça. Segundo os pesquisadores, a visão humana funciona percebendo só uma característica por vez em cada ponto do espaço. Para cada local, só daria para perceber conscientemente uma cor (verde, por exemplo) e movimento (para a direita) por vez. No momento de processar a informação de uma cena complexa, o cérebro teria de realizar uma escolha: poderia captar, ao mesmo tempo, dois objetos e suas posições, porém não conseguiria captar com a mesma clareza as cores deles, ou a direção e velocidade de seu deslocamento.
Analisar as limitações da percepção humana não é uma novidade. Há outros estudos que mostram que, mesmo em situações bem mais simples que uma partida de futebol, a capacidade de perceber uma imagem depende muito da quantidade de imagens nas quais as pessoas estão focadas conscientemente.
O estudo dos cientistas termina afirmando que é como se o assistente conseguisse ver com certa facilidade as posições tanto do lançador quanto do atacante, mas sofresse mais para ver que a camisa deles é a mesma, e não a do time que está na defesa. O mesmo parece valer para o movimento: se dois atletas estão se mexendo, a visão fica borrada.
Os pesquisadores sugerem que, na verdade, a mente faria uma imagem composta da cena, juntando dados de instantes diferentes num quadro artificial único. Resta saber qual será a posição da Fifa com relação à pesquisa e quais serão os mecanismos que a entidade adotará para melhorar o campo visual dos árbitros e assistentes.
Fonte: Justiça Desportiva

Valdir Bicudo-bicudoapito@hotmail.com

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