domingo, 9 de setembro de 2012

Pesquisa é uma luz na "escuridão" do apito

Em recente coluna postada aqui neste espaço, publiquei o resultado de um estudo desenvolvido pelo cientista Alan Nevill, da Universidade de Wolverhamptton, que foi divulgado na conceituada revista New Scientists, onde o nominado cientista afirma que os árbitros de futebol são influenciados pelo trovejar das milhares de vozes que vem das arquibancadas no instante de apitar uma infração, e por esse motivo  erram nas tomadas de decisões durante as partidas.

Para substanciar o veredicto do indigitado cientista, na mesma coluna retratei uma segunda pesquisa efetivada pelos seus compatriotas, Sandy Wolfson e Nick Neave, da Universidade Northumbria, que reafirma que os ecos das arquibancadas tem um efeito devastador nas ações dos atletas, mas, sobretudo nas tomadas de decisões da arbitragem no campo de jogo. Após a divulgação dos estudos científicos nominados, recebi vários e-mails de árbitros, torcedores, jornalistas e dirigentes, discordando dos cientistas aqui citados.
Como não sou cientista, fui buscar novas provas que possam referendar o estudo dos cientistas aqui elencados. Encontrei outra pesquisa desenvolvida pelo Professor Doutor Thomaz Dhomen, do Instituto do Trabalho de Bonn (Alemanha). Essa pesquisa tomou como base 3.519 partidas de futebol. O resultado apontou que, os homens de preto em sintonia com as preferências do público, costumam prolongar os jogos e favorecem as equipes que atuam em casa, concedendo maior tempo de acréscimo quando o anfitrião está perdendo por um gol de diferença, especialmente quando as arquibancadas estão lotadas.
Nesse mesmo estudo, ficou evidenciado que os árbitros concedem maior tempo de jogo quando a partida está empatada, e a equipe local está exercendo forte pressão sobre o visitante, principalmente na marcação de lances que suscitem dúvidas no interior da área penal.   
O objetivo primordial da pesquisa,  foi obter informações como a pressão social afeta as preferência, as ações dos atletas e da arbitragem. O estudo do professor Dhomen sugere que a atitude do árbitro depende da proximidade das arquibancadas  com o campo e que ele pode ser influenciado pela presença de uma pista de atletismo, que, separa os torcedores do campo, como nos estádios olímpicos de Munique e Berlim. Uma conclusão destacável no estudo é que foram assinalados mais pênaltis nos estádios sem pista de atletismo.
Outra constatação do doutor Thomaz Dhomen: quando um penal foi marcado, a decisão se aproximava do mais correto nas partidas realizadas em estádios com pista de atletismo, em que as arquibancadas estavam separadas do terreno de jogo.
A pesquisa de Dhomen finaliza com a afirmação de que não se pode afirmar que os árbitros agem de forma dolosa, mas a explicação provável para o comportamento nas tomadas de decisões “equivocadas” dos homens do apito, é que eles são influenciados pela atmosfera do público presente nos estádios, no momento de decidir se foi falta, não foi, estava impedido, não estava, foi pênalti, não foi....... De tudo o escrito, lembrei-me de uma conversa que tive com o ex-árbitro  Armando Marques em 2007. Disse Armando: O futebol vive de paixão. Tudo que envolve a paixão tem controvérsia. Se você acabar com a controvérsia acaba com a paixão. Acabou com a paixão acabou com o futebol. Falou e disse, corretamente, Armando Marques.

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