Os dirigentes do futebol brasileiro só sabem reclamar dos árbitros e não tentam ajudá-los
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O próximo passo da Fifa para melhorar a qualidade dos jogos de futebol e torná-los mais atraente poderá ser a implementação da tecnologia para auxiliar a arbitragem no campo de jogo a dirimir lances polêmicos. Certo? Errado. A entidade que controla o futebol no planeta não confirma oficialmente, mas está desenvolvendo estudos desde 2003 com a finalidade de limitar o número de faltas durante as partidas de futebol. A Fifa ainda não tem uma posição definida sobre o assunto, já que há várias sugestões que permitem a diminuição das faltas e com isso propiciando um maior tempo de bola em jogo como deseja Joseph Blatter.
Nas duas últimas Copas, a orientação aos árbitros foi no sentido de que somente ele deve paralisar a partida nos casos previstos nas Regras do Jogo e quando houver a vantagem deve aplicá-la. O árbitro deve ter o tirocínio de diferenciar simulações, quedas casuais em função de um contato físico ou mesmo um tropeço, quando nada deve ser marcado e na primeira interrupção advertir o atleta infrator com cartão amarelo quando ficar constatado que o objetivo foi simular a falta.
Nas partidas disputadas no Continente Europeu a média de faltas vem caindo. Em 2003, foram 39 faltas por jogo, em 2004 e 2006 foram 36, em 2008 caiu para 35 e na temporada 2009/2010 os árbitros marcaram 34 faltas por partida. Os resultados obtidos na Europa foram alcançados porque a Uefa realiza constantemente palestras sob a batuta de ex-árbitros com notório conhecimento sobre as Regras do Jogo, como Huhg Dallas, José Garcia Aranda, Michel Vautrout, Phlipp Don e outros, que realizam painéis e seminários com o objetivo de conscientizar os árbitros e aos atletas que disputam as competições.
No futebol brasileiro, este trabalho de conscientização visando diminuir o número de faltas por partida e, por conseguinte, a simulação, vem sendo desenvolvido com muito esforço pela Comissão de Árbitros da CBF, sob o comando do professor Sérgio Corrêa da Silva. No entanto, este trabalho não tem demonstrado eficácia nos clubes que disputam as competições da CBF, porque os dirigentes, em sua maioria, são refratários a palestras, painéis ou seminários aos atletas e não dão a mínima para a arbitragem. Na verdade, os dirigentes do futebol brasileiro, com raríssimas exceções, só sabem cobrar e criticar o árbitro de futebol. Na sua maioria esmagadora, os dirigentes de clubes são torcedores amadores. Quando se cogita tirar 0,25% das rendas em benefício da arbitragem, os tais dirigentes vociferam e conspiram de todas as formas contra.
Más há outros culpados pela indústria da simulação e o número excessivo de faltas nos jogos do nosso futebol. Os técnicos. Sim, eles mesmos. No meu tempo de árbitro de futebol, era comum ouvi-los gritar do banco para “parar” o jogador com talento a qualquer custo ou então orientavam os seus comandados a aplicar o “rodízio de faltas”. Alguns anos depois, lamentavelmente, esta prática, que a regra define como antijogo, está em voga nos gramados brasileiros com um aliado incondicional em algumas partidas, que é o árbitro de futebol. Essa discussão que já andou pelos corredores da Fifa há sete anos, agora reaparece novamente, principalmente porque a entidade detectou que a média de público nos estádios de futebol vem caindo gradativamente ano a ano, tendo como base principal não os equívocos de arbitragem, mas, sim, as simulações e o número excessivo de faltas nos jogos, com exceção do Campeonato Alemão que tem a melhor média de público nos últimos anos.
PS: Na leitura deste articulado deu-se conhecer ao torcedor que a pretensão da Fifa é “manter a bola em jogo”, deixando para outro momento a aplicação científica virtual que decorre da TV, principalmente. Mas este não é o problema maior. Os dados estatísticos retro-incorporados dizem que muitas faltas consomem os 90 minutos de jogo, e quem comete as faltas, de regra, é o atleta.
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