domingo, 10 de outubro de 2010

Brasil pode ajudar no sucesso da candidatura do país à Copa

[Dirigentes locais pretendem 'cobrar' retribuição do apoio dado ao Rio na eleição para a Olimpíada de 2016]


- O Estado de S.Paulo
Parte da cúpula da Fifa perdeu a paciência com os países emergentes e defende que, para os próximos Mundiais, a entidade escolha sedes que já estão praticamente prontas. Depois de uma Copa do Mundo tumultuada na África do Sul e de problemas com o Brasil para 2014, há quem defenda que as Copas de 2018 e 2022 sejam realizadas em países com melhores condições e lucros garantidos.
A primeira vítima dessa nova política pode ser a Rússia, que está gastando milhões para tentar provar que tem condições de realizar o torneio em 2018. Moscou concorre contra a candidatura de Espanha-Portugal, Inglaterra e Holanda-Bélgica. Nos três casos, os estádios estão prontos e infraestrutura não é problema. A decisão será anunciada pela Fifa em dezembro.
"Estamos cientes desta discussão dentro da Fifa. Sabemos que há gente cansada de problemas e que quer algo quase pronto. Mas aqui não será um problema. Podemos garantir. Além disso, abrirá um mercado enorme para a Fifa", afirmou o secretário de Esportes de São Petersburgo, Vyatcheslav Chasov.
Por 20 anos, a Fifa havia se dedicado a organizar eventos apenas em países ricos. A última economia em desenvolvimento a ter a Copa havia sido o México, em 1986. Na África do Sul, a Fifa sofreu com a venda de ingressos, estádios inadequados, ameaças de greve e protestos. Com relação ao Brasil, a constatação é a de que muito terá de ser feito em quatro anos para permitir que o País esteja pronto.
"Seria mais fácil ter a Copa em outro país. Mas não sei se seria o correto", disse o ministro dos Esportes, Vitaly Mutko. "Queremos mostrar a nova Rússia."
O Kremlin aposta em suas alianças políticas para tentar superar a resistência da Fifa. O governo do primeiro-ministro Vladimir Putin cobrará caro pelo apoio dado ao Rio na escolha da cidade como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Sob ordens de Moscou, os três votos que a Rússia tinha no Comitê Olímpico Internacional (COI) foram dados à candidatura brasileira. Agora, o Kremlin quer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quite sua dívida antes de sair do governo. A forma de pagamento seria convencer a CBF e outros países sul-americanos a votar pela Rússia.
O tema já foi alvo de debate entre Lula e o presidente russo, Dimitri Medvedev. Há duas semanas, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, recebeu uma delegação de russos, pedindo o voto. "Ouvimos que o Brasil vai apoiar a Espanha e Portugal. Mas esperamos que nosso trabalho de apoio ao Brasil em 2014 e 2016 seja compensado agora", disse o ministro dos Esportes.
A organização da Copa de 2018 ainda se transformou em um objetivo de política externa para recuperar a posição de potência que tinha a União Soviética. Serão US$ 6 bilhões (R$ 10 bilhões) gastos apenas em estádios. Mais de US$ 24 bilhões (R$ 40 bilhões) ainda serão usados para infraestrutura e novos aeroportos.

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