Rodrigo Bueno
Folha Esporte Quase todos lembram que o juiz é humano, poucos cogitam que ele possa torcer em campo
O CHORO por erros de arbitragem dominou o futebol nos últimos dias. E antigas teorias de favorecimento sistemático a gigantes como Juventus e Real Madrid voltaram à tona. É universal o pensamento de que os grandes são mais beneficiados. E também é comum a ideia de que os times mais populares contam com proteção maior dos homens do apito devido a um tal sistema para dar mais lucro e audiência às competições. Mas, creio, há muito mais que isso.
Assim como jornalistas em certos momentos deixam se levar pela paixão clubística, entendo que árbitros possam ter seus segundos de fraqueza por causa do coração. Os equívocos deles são tradicionalmente associados a esquemas, manipulações de resultados com dinheiro por trás. Porém cansamos de ouvir que o juiz é "humano", obviedade que me permite acreditar que em algum momento ele possa tender mais para o time da infância, para o clube ou jogador preferido de seus filhos, pais etc.
No dérbi londrino, o árbitro Mike Dean deu pulinhos estranhos quando Saha anotou o gol inaugural do Tottenham (http://migre.me/86PWF).
A discussão sobre a "alegria" dele no lance foi tão ou mais legal do que os 5 a 2 do Arsenal sobre o rival.
Uma demonstração mais clara de satisfação de um juiz com um gol aconteceu num Ajax x PSV (http://migre.me/86SxF), quando Braamhaar festejou com o braço um dos tentos do gigante de Amsterdã. O mediador do jogo alegou que celebrou sim o gol, mas só porque deu a lei da vantagem. Dean pode dizer que os pulinhos foram para enxergar melhor o lance, uma "desculpa" aceitável. Mas a galera aproveita para engatar na discussão sobre se o pênalti duvidoso que ele apontou para os Spurs não teria motivação sentimental.
No final de semana, um gol muito legal do Milan foi anulado contra a Juve na "final" do Italiano. A fama histórica da Juve de ser ajudada está de volta. Nada a ver, a princípio, com esquema para ressuscitar a Velha Senhora. Nem com o coração juventino do árbitro, a princípio também.
Na Espanha, tanto Barcelona quanto Real foram ajudados na rodada passada. A turma da Catalunha, como faz desde os primórdios, atira suspeitas de ajuda ao time da coroa, que, nesses anos últimos de humilhações ante o rival, aponta até Zapatero como responsável pelo sucesso do Barça. Tudo dor de cotovelo, mas é muito verdade que, assim como os políticos influentes, os árbitros, tão decisivos por vezes, também têm coração e times preferidos.
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