Há poucos meses do final do ano que passou, a diretoria da Associação Nacional de Árbitros de Futebol (Anaf), na companhia de um grupo de árbitros, ex-árbitros e membros da CA/CBF estiveram em Brasília na Câmara dos Deputados. O escopo da visita tinha como objetivo, ressuscitar o Projeto de Lei 6405/2002, e outros dois projetos apensados ao nominado projeto, que versa sobre a profissionalização da categoria dos homens de preto no Brasil.
Na ocasião, foram feitas fotos com políticos de diferentes partidos e promessas, que foram exibidas na grande mídia de que o projeto que está "dormindo" há muitos anos numa das gavetas do legislativo federal, seria encaminhado a quem de direito no sentido de equacionar o problema do árbitro de futebol. Lembro-me de que ao justificar a ida a Brasília da Anaf, o presidente da entidade Marco Antonio Martins, justificou dizendo que como teremos a Copa do Mundo em território brasileiro era imperativo uma mexida com os legisladores federais naquele momento ou então nunca mais.
Fui saber como está a situação do nominado projeto e a última informação que tive é de que se encontra estacionado na Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados. Perguntei a uma fonte que motivos impedem que o projeto siga em frente e a resposta foi: o principal obstáculo está na própria classe que não demonstra o menor interesse em regulamentar a atividade da categoria.
Concordei em gênero, número e grau com a minha fonte, porque como ex-árbitro senti na pele ao longo de 19 anos o quanto os árbitros se deixam iludir por uma simples escala ou uma ascensão ao quadro de árbitros de CBF. E o mais grave é que uma minoria que se sobressai, impõe a falsa impressão a maioria de que a manutenção do status quo vigente é bom para todos e, por extensão, esta minoria realiza o jogo da CBF, das federações e dos clubes que não querem, em hipótese alguma, a moralização e conseqüente modernização da arbitragem.
Profissionalizar o árbitro de futebol vai propiciar independência nas suas decisões e vai livrá-lo, em parte, da pressão do submundo do futebol. Significa maior tempo para se dedicar, estudar, interpretar e aplicar de forma mais equânime as regras do Jogo de Futebol.
Além disso, com a profissionalização, o árbitro vai poder estabelecer uma plataforma de treinamentos físicos, objetivando adaptar-se a velocidade do futebol praticado nos dias de hoje. E, por derradeiro, vai acabar com a "malandragem" de algumas federações, associações e sindicatos de árbitros, que celebram contratos de publicidade em nome dos apitadores e em muitos casos não repassam o montante arrecadado à categoria. E, o pior: além de se "agarrarem" na grana dos árbitros, transformam seus uniformes num pinheirinho de Natal, descaracterizando por completo a figura do árbitro.
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