Sou questionado por um segmento de
internautas se alterações nas Regras de Futebol e a implementação da tecnologia
nas principais competições do Brasil, proporcionariam uma melhor performance da
arbitragem. Respondo objetivamente que não. Tem
muita gente, a maioria “leiga”, sobretudo, o pessoal que forma “opinião”, que
antes de propor alterações e críticas às vezes descabidas às regras e, por
extensão aos árbitros, deveria fazer um curso de arbitragem.
O
homem de preto comete erros de interpretação e aplicação das leis do jogo em
nível mundial diariamente, porém, em menor intensidade em relação ao futebol
brasileiro.
Enquanto
a Fifa e a Uefa entenderam que o mundo e o futebol sofreram evoluções e a
arbitragem teria de acompanhar as transformações, o Brasil neste setor parou no
tempo. A Fifa e a Uefa construíram centros de formação e de treinamentos, onde
desenvolvem há mais de uma década, estudos com cientistas renomados para
entender a dinâmica de funcionamento do cérebro do ser humano (árbitro) – o objetivo
é buscar o aprimoramento das decisões do homem que maneja o apito e a bandeira. (Fifa.com)
Além
disso, as principais ligas europeias na esteira da Fifa e da Uefa, estudam a
implementação da profissionalização do árbitro. A Inglaterra há mais
de um década, implementou a profissionalização (é a única liga do mundo onde juízes e bandeirinhas se dedicam exclusivamente à arbitragem). Os
ingleses criaram a Professional Games Match Officials Limited (PGMOL). A (PGMOL) é responsável pela seleção, formação, contratação, requalificação e escalação da
arbitragem em todas as competições em
território inglês.
Além
do exposto, os ingleses foram os primeiros a utilizar o ponto eletrônico e ao
lado da Holanda são as únicas duas ligas de futebol do planeta, que utilizam a (TGL)
a tecnologia na linha do gol. Ambas, usam o sistema Hawk-Eye (olho de falcão).
Na
Bundesliga (Alemanha), a arbitragem não é profissional, mas, criou um código que inclui treinamento,
capacitação continuada, Ranking por meritocracia e estabeleceu um cronograma de
aumento das taxas aos árbitros de acordo com a produção até 2016.
Na Espanha
e na Itália, ainda não há profissionalização, porém, há projetos em estudos nas
duas ligas com os dois parlamentos. Enquanto não chega a profissionalização,
os apitos e assistentes que atuam nas competições de ponta do futebol italiano
e espanhol, recebem tratamento com se fossem profissionais.
Recentemente,
a Federação Portuguesa de Futebol, após desenvolver estudos jurídicos
selecionou um grupo de árbitros e assistentes e aderiu ao profissionalismo. Em 2016, haverá uma análise da situação e o número de árbitros profissionais devem acrescer.
No
futebol brasileiro, o caminho a ser percorrido para diminuir os equívocos da arbitragem e alcançar
níveis de excelência qualitativa é o mesmo ou algo próximo. Basta existir um mínimo de vontade da CBF, das
federações estaduais, dos clubes e dos maiores interessados os árbitros. A partir do Decreto
Lei Nº 12.867/2013, que reconheceu a atividade do árbitro como profissional, sua viabilização depende das partes acima mencionadas e demais ninguém. Decreto
que já faz um ano que foi assinado pela presidente Dilma Rousseff.
Destaco neste processo, o presidente da
Associação Nacional de Árbitros (Anaf), Marco Antonio Martins e diretoria. Sabedores do
terreno pedregoso que percorrem, Martins e seus congêneres tem demonstrado enorme habilidade
política, mas sozinhos, a caminhada será dificílima.
Profissionalizar
a arbitragem significa proteger os árbitros, dar independência as suas ações,
condições para a categoria que faz um trabalho duríssimo, obter cursos de
capacitação continuada na função. Profissionalizar o homem de preto, vai livrá-los
do jugo escravocrata da CBF, das federações estaduais e dos clubes. Traduzindo: O homem de preto do futebol pentacampeão do mundo deixará de ser utilizado como mercadoria de troca entre CBF, federações e clubes.
Profissionalizar o árbitro na sua essência, significa performances melhores e maior concentração nos
jogos no período que antecede e durante as competições que vier a apitar. Profissionalizar o apito significa dar consistência as suas ações e
propiciar condições para que ele possa tomar decisões com base em critérios
uniformes e consistentes.
PS: Quanto a tecnologia no auxilio à arbitragem a dirimir lances que fujam da percepção visual é bem-vinda. Só que engana-se quem imagina que os equívocos irão acabar. Além do exposto, dado o grande número de competições do futebol brasileiro e o alto custo financeiro de instalação e manutenção da (TGL), acredito que sua viabilização só seria possível na Série (A).
PS: Quanto a tecnologia no auxilio à arbitragem a dirimir lances que fujam da percepção visual é bem-vinda. Só que engana-se quem imagina que os equívocos irão acabar. Além do exposto, dado o grande número de competições do futebol brasileiro e o alto custo financeiro de instalação e manutenção da (TGL), acredito que sua viabilização só seria possível na Série (A).
Wilton Pereira Sampaio (Fifa/GO)na primeira fila à esquerda
(PS:2) Com a presença do diretor de arbitragem da Fifa Massimo Busacca, teve início no domingo que passou (12), no Chile, o primeiro seminário de arbitragem com vistas a Copa do Mundo de 2018 na Rússia. Participam árbitros da Conmebol e da Concacaf. Os brasileiros Ricardo Marques Ribeiro e Wilton Pereira Sampaio foram convocados para o aludido seminário.
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