ENTREVISTA
SALMO VALENTIM
Se tudo acontecer como o previsto, nas primeiras semanas de abril do ano em curso, o advogado, economista, administrador de empresas, sindicalista, ex-árbitro de futebol da Federação de Pernambuco e atual tesoureiro da Associação Nacional de Árbitros de Futebol (ANAF), assumirá o comandado da principal instituição da confraria do apito brasileiro, a Anaf.
Considerado
a principal liderança da arbitragem do futebol nordestino, e
respeitadíssimo em diferentes esferas do sindicalismo em outras
regiões do país, Valentim entende que chegou a sua vez de assumir
o cargo de presidente da ANAF. A seguir, sua entrevista.
O
sr. foi árbitro e presidiu
a comissão de arbitragem da Federação Pernambucana de Futebol, e
atualmente é tesoureiro da Anaf. Por que quer ser o presidente da
Anaf?
Por
reunir todas as condições possíveis e
por haver sido, presidente do sindicato dos árbitros de
Pernambuco, Presidente da CEAF/PE, vice - presidente da ANAF por quatro
anos, e tesoureiro nos últimos oito anos. Além de esperar o momento
certo, ao
longo de dezessete anos.
Por
que Pernambuco não conseguiu a Certidão de Registro Sindical (Carta
Sindical) à arbitragem, mesmo com o sr. militando há tempo nas
lides sindicais?
Sai
do sindicato em 2008 - já se passaram
dez anos,
e por ter
renovado o estatuto da entidade, onde só dá
direito a um mandato de dois anos, com uma única reeleição. No
meu mandato, foquei em adquirir uma
sede própria e cumpri esta meta, apesar de todas as dificuldades
encontradas.
Já
definiu quais serão os nomes e qual é o perfil exigido na sua
ótica, para ser diretor da Anaf na sua gestão?
O
único nome que está definido é o meu vice- presidente. Arilson
Bispo da Anunciação. Os
demais nomes, serão discutidos com a futura diretoria.
Caso
seja eleito, sua diretoria terá árbitros em atividade nas
federações de futebol e na CBF?
Sim,
pretendemos ter alguns árbitros em atividade na nossa gestão.
Como
ter uma entidade independente para pleitear os direitos à confraria
do apito, se a Anaf atualmente tem vários de seus dirigentes
vinculados as federações de futebol e a CBF, onde exercem
diferentes funções?
Na
nossa gestão, não teremos nenhum dirigente vinculado a qualquer
cargo nas federações ou
na CBF.
O
sr. vai permitir que este tipo de situação no mínimo antiética,
continue?
Os
árbitros estão ansiosos por mudanças, e não entraremos para
continuar sendo o
mais do mesmo.
As
categorias trabalhistas que possuem uma FEDERAÇÃO, além de serem
reconhecidas pela (CLT) e a Constituição brasileira, têm
representatividade política. O caso mais recente é a conquista do
percentual de 1,5%, de direito de arena obtido pela Federação dos
Técnicos de Futebol do Brasil aos treinadores do nosso futebol. A
Anaf vai continuar no atraso, sendo Anaf?
Faremos
o possível para dar
continuidade com uma melhor qualidade de
gestão. E
esses assuntos, serão amplamente debatidos com todos os segmentos do
futebol brasileiro. Não há mais espaço para a arbitragem ficar
fora das grandes discussões e melhoria do nosso futebol.
As
associações de árbitros de acordo com a (CLT) e a própria
Constituição, são entidades com fins recreativos. Ou seja,
associações não possuem representação jurídica e política. O
sr. dará enfase na criação de novos sindicatos, visando a criação
da FEDERAÇÃO BRASILEIRA DOS ÁRBITROS DE FUTEBOL?
Faremos
debates de todas as possibilidades - precisamos ter credibilidade e
força coletiva, para então,
construirmos
as pontes necessárias para alcançarmos
os objetivos da classe.
Qual
é a sua posição em relação ao direito de arena à arbitragem?
Estarei
visitando todos os estados brasileiros e
discutiremos a questão. Tenho meu
posicionamento definido - porém, vou ouvir toda a categoria para
montarmos uma estratégia que viabilize
os meios necessários para alcançarmos esta conquista legítima à
arbitragem.
E
sobre o direito de imagem para a categoria do apito?
É
outra situação que não pode mais ser protelada.
Vamos discuti-la abertamente,
inclusive com a imprensa esportiva do
nosso futebol.
Há
mais de duas décadas, a CBF estampa no uniforme da arbitragem que
atua nas suas competições, diferentes
logomarcas de multinacionais e obtém lucros que ultrapassam a casa
dos milhões de reais.
O árbitro é focalizado em média numa partida pela TV, entre
(sessenta e sessenta e cinco vezes). É justo na sua opinião a
arbitragem não ter participação no lucro neste
tipo de publicidade?
Hoje
há um
repasse muito pequeno para a entidade, quando estivermos amadurecidos
no assunto e totalmente unidos como um todo, aumentaremos este
percentual sem sombra de dúvida.
Como
sindicalista nato que é, o sr. não vê algo análogo a escravidão
na situação acima nominada?
Não
vejo desta maneira, vejo hoje a categoria dispersa e sem união, o
que propicia a imposição de
qualquer medida.
Atualmente,
um universo de trezentos árbitros
da Seleção Nacional de Árbitros de Futebol (Senaf), deixaram de
pagar suas contribuições à
Anaf. Segundo informações, há
muita insatisfação com o modus
operandi da diretoria da
entidade. Qual será a
metodologia a ser empregada pelo sr. e congêneres, para convenceres esse
expressivo contingente a contribuir novamente com a Anaf?
Discutiremos
o problema com a categoria. Nenhuma
entidade de classe se mantém sem contribuições dos seus
associados. E os
árbitros precisam entender isto. Alguns
atacam quem lhes defende - mas
silenciam, com
quem tira os seus
direitos.
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