domingo, 3 de outubro de 2010

Quando a discrição é uma virtude



[Seria mais adequado se eventuais correções de rumo na atuação dos profissionais do apito e das bandeiras fossem feitas com discrição, suprimindo-se, assim, o alarido da imprensa especializada].


Em boa hora colunistas de arbitragem respeitados, como, por exemplo, Valdir Bicudo, vinculado aos sites do Paraná Online e Justiça Desportiva e José Roberto Wright, da Rede Globo e do portal Lancenet, se manifestaram em defesa dos oito profissionais da arbitragem afastados das escalas do Campeonato Brasileiro, por um período de 20 dias, pela Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol (CONAF). Entre outras coisas, ambos se insurgiram contra o fato da CONAF expor publicamente os árbitros e assistentes afastados chegando ao ponto de explicitar os razões da sua decisão. Neste aspecto, o SAFERGS junta sua voz de inconformidade em relação à postura adotada pela CONAF.

Não se trata aqui de questionar a avaliação técnica e física feita pelo órgão maior da arbitragem brasileira de futebol. Aliás, é louvável a firme e permanente preocupação com o aprimoramento dos árbitros e assistentes. No entanto, julgamos que igualmente seria adequado se eventuais correções de rumo na atuação dos profissionais do apito e das bandeiras fossem feitas com discrição, suprimindo-se, assim, o alarido da imprensa especializada.

Tal posição ampara-se no fato sobejamente conhecido, e reafirmado após cada rodada de campeonato (não só a competição nacional, cabe registrar), que os árbitros são os alvos preferenciais, por meios de ofensas verbais de toda ordem, por parte de técnicos, jogadores e dirigentes para justificar revezes dentro das quatro linhas. As críticas são, na maior parte das vezes, injustas, e nem por isso o árbitro tem possibilidade de exercer a sua defesa, a não ser o relato na súmula e a esperança, nem sempre concretizada, de que os tribunais de justiça desportiva punam exemplarmente os autores das aleivosias.

Diante deste quadro, seria uma demonstração de sensibilidade e consideração preservar o quadro da arbitragem nacional de futebol da exposição pública na imprensa, sem, evidentemente, abrir mão da reciclagem e possíveis advertências que a comissão nacional entenda serem necessárias.

Nem sempre a transparência sem freios é o melhor caminho. A discrição também tem suas virtudes. Especialmente quando se trata de preservar a dignidade de um quadro de profissionais dedicados, não isento de falhas, por certo - mas que, com incômoda freqüência, são apedrejados verbalmente após cada rodada do maior campeonato de futebol do mundo.

Fonte: Diretoria do SAFERGS

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