Mutschke: "Seguir com consciência"

A partir do dia 1º de junho de 2012, Ralf Mutschke passará a ocupar o cargo de diretor do novo Departamente de Segurança da FIFA. O dirigente de 52 anos colocará a serviço da FIFA a sua experiência de mais de 30 anos na polícia. Nesse período, Mutschke atuou no seu próprio país e internacionalmente, trabalhando como diretor da Agência Alemã de Criminalística e da INTERPOL.
FIFA:com: O que o levou a assumir o posto de diretor de segurança da FIFA?
Ralf Mutschke: Sobre este assunto, preciso citar o presidente Blatter, que disse que a manipulação de resultados é uma grande ameaça ao esporte em geral e precisa ser combatida. Para mim, a integridade do esporte, e especialmente do futebol, está sujeita a um grande risco. Com isso, valores como fair play, respeito, disciplina e honestidade estão ameaçados. A proteção da integridade do futebol é uma tarefa da FIFA e a polícia também protege fundamentalmente esses valores. Os autores dessas infrações são indiscutivelmente criminosos. É possível falar até mesmo sobre crime organizado. É então que entram em ação os meus 33 anos de experiência na Agência Alemã de Criminalística. Acredito que posso dar uma boa contribuição. Trabalhei durante dez anos nas ruas como agente de polícia na área de entorpecentes e crime organizado e segui atuando por mais de 20 anos como diretor de polícia, desenvolvendo estratégias de combate ao crime e organizando as atividades diárias da polícia.
O senhor trabalhou não apenas na Agência Alemã de Criminalística, mas também na INTERPOL. Como poderá utilizar as suas conexões internacionais para se desincumbir das novas atividades?
A FIFA fechou uma cooperação de muitos anos com a INTERPOL. Trabalhei por mais de quatro anos como diretor e diretor interino da INTERPOL e fui responsável na Organização das Nações Unidas pela convenção contra o crime organizado internacional. Este novo trabalho vem ao encontro das minhas aspirações. Trago muita experiência para o meu cargo de diretor de segurança da FIFA. Acredito que essa experiência é importante, porque para combater a criminalidade é necessária uma cooperação com a polícia. Ter trabalhado por mais de 30 anos em nível nacional e internacional é sem dúvidas uma boa condição para as minhas novas atividades.
Na sua visão, quais são os principais desafios da sua nova função?
O meu cargo é muito amplo. Ele cuida, entre outras questões, da segurança material dentro das dependências da FIFA, da segurança pessoal do presidente da FIFA e outros colaboradores, além da segurança em torneios da FIFA. Talvez o maior desafio seja o combate à manipulação no esporte. Este assunto é muito importante para mim. O importante em relação a isso é procurar manter um diálogo com as organizações de segurança nacionais e internacionais. Para isso, a minha experiência também será útil.
Como o senhor avalia o fato de a FIFA ter criado o seu próprio departamento de segurança?
Isso é um sinal claro de que o caminho iniciado pela FIFA será trilhado com consciência. A criação do novo departamento mostra que a FIFA leva a sério o combate à corrupção, manipulação de resultados e fraudes em apostas. Quero seguir nesse caminho de forma cada vez mais intensa.
O que exatamente deve ser feito para combater este mal?
A cooperação entre INTERPOL e FIFA, na minha opinião, será muito bem sucedida. Com isso, será mais fácil cruzar a ponte entre os órgãos de segurança. Juntamente com isso, precisamos reconhecer os desafios e seguir lutando. Mantenho contato com o pessoal da INTERPOL, inclusive com o seu secretário-geral. Também já trabalhei com sucesso com os colaboradores responsáveis pela FIFA. Saberei aproveitar de maneira ideal essas cooperações e experiências no meu trabalho para a FIFA.
Você próprio também atuou como futebolista. Como é a sua relação com o esporte mais popular do planeta?
Na minha época, joguei campeonatos amadores do mais alto nível e continuei ligado ao futebol por muito tempo mesmo depois que parei de jogar. Até há alguns anos, trabalhei como treinador de equipes juvenis e sempre me esforcei muito para promover as categorias de base. O futebol está no meu coração. Quando o futebol e a sua importância estão ameaçados, isso se torna uma questão pessoal para mim. Por isso, estou feliz em poder contribuir para o combate a esses perigos.