segunda-feira, 2 de abril de 2012

Batalhões de estúpidos


As vésperas da Copa das Confederações e logo a seguir da Copa do Mundo, o país do futebol ainda não conseguiu estancar a selvageria posta em prática por um grupo de criminosos que cresce de forma assustadora a cada dia, e coloca em risco a cada partida a ida dos verdadeiros torcedores  aos estádios.
No último dia 25, aproximadamente 300 baderneiros combinaram via internet, uma briga generalizada e deixaram a polícia paulista, que acompanhava essa turba com duas viaturas, acuada na Av. Inajar de Souza, zona norte de São Paulo.
Portando paus, canos de ferro, rojões, soco inglês e até armas de fogo, eles estavam preparados para a batalha campal, menos para o espetáculo Corinthians x Palmeiras, que iniciou às 16h.  A estupidez custou a vida de dois jovens: um de 21  de anos, vítima de um tiro na cabeça, enterrado na segunda-feira (26), e outro de 19, com traumatismo craniano, morto na terça (27).
A luta contra esse tipo de violência  teve início em maio de 2003, logo no início do primeiro mandato do presidente Lula, quando foi sancionado o Estatuto do Torcedor, objetivando restabelecer a paz no esporte mais popular no país, mas as tentativas tem sido infrutíferas. O presidente, observando a escalada da violência desses pseudos-torcedores, voltou a carga em 2010, aumentando as sanções à esses infratores.
Em 2012, o Supremo Tribuna Federal, questionado pelo Partido Progressista sobre a constitucionalidade da mudança, que passou a responsabilizar organizadores  das competições por falhas na segurança, garantiu a legitimidade  das medidas.
Mas no Brasil é muito difícil fazer cumprir a lei. As polícias aumentaram seus efetivos nos dias dos jogos, torcidas rivais passaram a ser separadas, ônibus fretados pelas organizadas são escoltados pela PM e a vigilância nos terminais e no transporte público sofreu reforço.
Nada disso, porém, tem impedido que esses vândalos travestidos de torcedores, a exemplo do último dia 25, a oito  quilômetros do estádio do Pacaembu, às 10h da manhã, se enfrentassem numa briga generalizada, que ceifou duas vidas. O horário do fato, explicita a má intenção de todos os envolvidos.  Acrescente-se  a onda de violência das organizadas, dois guardas municipais  baleados no clássico Fortaleza x Ceará no dia (25), e dois torcedores baleados no jogo Vila Nova x Goiás, num confronto no final de semana, sendo que um deles morreu.
Na nossa opinião, o problema das organizadas é cultural e tem a dimensão do país. É ingenuidade imaginar que esboço legais, por si, equacionarão os problemas nacionais. Intolerância, racismo, ódio, preconceito, xenofobia, todo tipo de violência e desvio de conduta, enfim, precisa  ser penalizado com todo o rigor da lei. Se essa fosse a regra, não a exceção, a paz com certeza prevaleceria, não só nos estádios de futebol e arredores, mas em todo o país.
PS: pesquisa realizada com os membros das organizadas em São Paulo, apontou que a maioria é de homens, na faixa etária de 17 a 25 anos.  São pessoas com dificuldades familiares, financeiras, sem lazer, sem acesso a saúde, a saneamento básico, sem perspectiva de estudo e há um contingente expressivo de desempregados. A mesma pesquisa afirma que esses jovens diante da ausência da família, vê na torcida organizada uma amparo, negado pela família, e sobretudo pelo estado na fomentação de políticas sociais.

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