"É hora de acabar com a ditadura na CBF. O cenário favorece a aprovação
de um projeto de lei no Congresso que promova mudanças reais"
As afirmações "a grande lição da Copa é reformar o futebol brasileiro" e
"é urgente modernizar a organização e as relações do futebol", feitas
pela presidenta Dilma Rousseff, deram esperança aos que desejam mudanças
no futebol brasileiro. Essa posição foi confirmada pelo ministro da
Casa Civil, Aloizio Mercadante, quando nos reunimos em Brasília no mês
passado.
O Bom Senso FC, associação dedicada a promover reformulações no esporte,
escancarou que a versão do projeto de Lei de Responsabilidade Fiscal do
Esporte elaborada pelos clubes não vai modernizar ou moralizar gestões e
relações do futebol, como deseja a presidenta.
Queremos saber por que o Ministério do Esporte contrariaria as ordens da
presidenta e da Casa Civil ao apoiar a versão do projeto da CBF
(Confederação Brasileira de Futebol) e dos clubes, afirmando se tratar
de um avanço para o futebol.
O argumento é frágil. Afirma que é melhor aprovar 50% de "eventuais"
soluções agora e deixar os outros 50% de soluções para depois, justo
aquelas que efetivamente sustentarão a funcionalidade da primeira metade
do projeto.
Na última versão da proposta, assinada pelo deputado federal Vicente
Cândido (PT-SP), ignorou-se a maioria das emendas sugeridas pelo Bom
Senso Futebol Clube.
Sócio de Marco Polo Del Nero, presidente eleito da CBF, Vicente Cândido
retira do texto a obrigação da entidade se inserir no artigo 18-A da Lei
Pelé, que fixa parâmetros de gestão democrática e transparente. Permite
a antecipação de receitas para "passivos onerosos", seja lá o que isso
quer dizer, e limita a definição de gestão temerária apenas para
antecipação de outras receitas (que não "as onerosas").
O texto proposto pelo deputado retira a obrigação do pagamento do
direito de imagem aos atletas, sob pena de punição desportiva aos
clubes, e define que apenas as agremiações que participarem do
parcelamento fiscal serão passíveis de punições de um comitê de
acompanhamento, que na nova versão da proposta só valerá a partir de
2019.
Outra aberração que tentam emplacar na surdina é a diminuição da
cláusula compensatória, que determina o quanto os clubes deverão pagar
aos atletas em caso de rescisão. É mais um golpe da bancada da bola que
não se pode permitir.
Nunca houve um momento em que os clubes ficaram tão desesperados pedindo
socorro ao governo: os dirigentes, muitos ainda em mandato vigente,
poderão ser julgados por crime de apropriação indébita, e a CBF precisa
mostrar serviço depois da exposição pública de sua incapacidade
administrativa, que nos conduziu à maior vergonha da história do futebol
mundial.
Haverá momento mais propício do que este para modernizar e moralizar a gestão do nosso futebol?
É inaceitável que a CBF só pense em tentar salvar a pele dos dirigentes
de clubes para garantir os votos necessários e a manutenção de seu
poder. Por isso, não nos surpreendeu o anúncio da contratação do
ex-deputado federal Walter Feldman como secretário-geral da Federação
Paulista de Futebol, que acompanhará Marco Polo Del Nero na CBF.
O cenário é favorável para a aprovação de um projeto rigoroso, como
propõe o Bom Senso FC. Vamos defender nossa posição nesta terça (9) em
Brasília. É hora de acabar com a ditadura na CBF. Governo e importantes
congressistas sabem disso.
Perder essa oportunidade significa deixar que as más gestões do futebol
se perpetuem por mais uma década, o que seria um retrocesso, além de
significar o não cumprimento da promessa da presidenta Dilma e do
ministro Mercadante.
PAULO ANDRÉ BENINI, 31, jogador de futebol, é fundador e um dos
líderes do Bom Senso Futebol Clube, associação dedicada a promover
reformulações no esporte. É atleta do Shanghai Shenhua, da China
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/199266-o-futuro-do-futebol-nas-maos-do-congresso.shtml
PS: ESTE COLUNISTA É ASSINANTE DA FOLHA DE SÃO PAULO HÁ 25 ANOS.
PS: ESTE COLUNISTA É ASSINANTE DA FOLHA DE SÃO PAULO HÁ 25 ANOS.
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