Diferentes setores do futebol
brasileiro descontentes com a sequência de erros da arbitragem, sobretudo, na
Série (A) do Campeonato Brasileiro, trabalham ininterruptamente pela saída de
Sérgio Corrêa da CA/CBF. O problema da arbitragem nacional não está localizado
na comissão e muito menos em Corrêa. Não fora a realização de inúmeros cursos, seminários e painéis nos últimos anos pela CA/CBF, sob a regência de Sérgio Corrêa, a arbitragem brasileira já teria ido para o beleléu.
O buraco é mais em baixo. A
problemática tem início nas federações de futebol - de onde a CBF empresta
apitos e bandeiras. Dentre os obstáculos que tem contribuído para a precária
qualidade de juízes e bandeirinhas, destaco a formação e o continuísmo das
comissões de árbitros das federações.
Querem alguns exemplos? Há
quanto tempo, o Cel. Marinho está à frente do comando do decadente quadro de
árbitros da Federação Paulista de Futebol? Há quanto tempo, Luiz Fernando
Moreira gere os destinos da confraria do apito da Federação Gaúcha de Futebol sem
nunca ter apitado uma partida de futebol profissional? Há quanto tempo, Jorge
Rabello dirige o decadente setor da arbitragem da Federação de Futebol do
Estado do Rio de Janeiro e ao mesmo tempo preside o sindicato dos árbitros de
futebol da ex-cidade maravilhosa? Há quanto tempo, Afonso Vitor de Oliveira é o
diretor da comissão de árbitros da Federação Paranaense de Futebol? Há quanto
tempo, Wilson Paim (ad aeternum) está dirigindo o paupérrimo quadro de
arbitragem da Federação Bahiana de Futebol? Podia ir mais à frente, mas paro
por aqui.
Pergunto: Quantos árbitros e
assistentes (Top de linha), os dirigentes acima nominados
revelaram ao futebol pentacampeão desde que assumiram a direção das comissões
das federações mencionadas até os dias atuais? Além da ultrapassada pré-temporada, quantos cursos, painéis, seminários de requalificação, quantos intercâmbios com as demais federações, com a Conmebol ou a Uefa foram efetivados pelas entidades aqui citadas em benefício dos seus quadros de arbitragem?
O segundo óbice que tem
proporcionado “inestimável” contribuição à precária qualidade dos árbitros em
todo o País, encontra-se nas escolas de formação de arbitragem. A maioria
desses organismos, sofre ingerência dos dirigentes das comissões e em alguns
casos há pessoas que nunca apitaram uma partida de futebol de pelada de menino
de conjunto habitacional, ministrando curso. Some-se ao exposto, a didática
incorreta aplicada nos cursos de formação, e a consequente desatualização dos
“professores” em relação às Regras de Futebol e as diretrizes que devem ser
repassadas à arbitragem.
A terceira problemática que tem
substanciado a derrocada do árbitro do futebol brasileiro, atende pelo nome de
dirigentes de associações e sindicatos. Tornou-se regra encontrarmos
sindicalistas ocupando cargos nas federações de futebol e na CBF como: membro
da comissão de arbitragem, membro da comissão de segurança pública, assessor
e/ou relações públicas, assessor de árbitros da federação, professor da escola
de formação de arbitragem, tutor, assessor, delegados de arbitragem da CBF,
vice-presidente disso ou daquilo. Pode?
É óbvio que há outros entraves
que impedem a arbitragem de apresentar um labor de melhor qualidade, mas diante
do quadro “doloroso” egresso das federações de futebol, os demais fatos são
filigranas. Diante do que, não há como propiciar uma arbitragem que tome
decisões próximas da uniformidade das Regras de Futebol.
PS: A proposição de inserir um
membro da Associação Nacional de Árbitros de Futebol (Anaf), como integrante da
Comissão de Arbitragem da CBF, é o caminho inexorável para subtrair o mínimo de
credibilidade que ainda tem o árbitro no Brasil. E, por conseguinte, é a medida
que vai propiciar o futuro funeral do árbitro do futebol brasileiro.
PS (2): Ouço e leio alguns nomes
de ventríloquos que podem substituir Sérgio Corrêa, caso o mesmo deixe a CA/CBF.
Mas se acontecer o que muitos desejam, por favor busquem nomes à altura para
substitui-lo. Corrêa na atualidade está para a arbitragem brasileira, assim
como Massimo Busacca está para a Fifa e Pierluigi Collina à Uefa.
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