A evolução dos atletas de
futebol no quesito físico e a sua consequente profissionalização, acoplado ao avanço
estratosférico da tecnologia da TV, empurrou o arbitro de futebol e os
assistentes para um “beco sem saída” em amplitude mundial. Os jogadores treinam,
são acompanhados por nutricionistas, fisiologistas, psicólogos, PhDs em
educação física, treinadores, tem atendimento médico 24 hrs, concentram-se antes
dos confrontos, teem direito ao direito de arena e de imagem, são contratados
por multinacionais fabricante de materiais esportivos (uniformes e chuteiras),
vivem e se dedicam exclusivamente ao futebol.
A televisão disponibiliza em cada
partida de futebol um arsenal composto entre vinte e oito a trinta e duas câmeras
e micro câmeras de última geração, que são alocadas em locais estratégicos nas
circunvizinhanças do campo de jogo, com o objetivo precípuo de acompanhar e
detectar todo e qualquer movimento ou tomada de decisão do árbitro e dos
assistentes.
Além do exposto, a TV nas
transmissões de futebol, assim que acontece qualquer lance envolvendo atletas
ou decisões da arbitragem que provoquem dúvida, incontinenti, exibe o replay.
Replay que é exibido reiteradamente e propicia aos comentaristas, uma visão que
o árbitro lá no campo nem sempre tem - após observarem quatro, cinco vezes o dito
replay, os comentaristas instalados confortavelmente nas belíssimas arenas, emitem
seus pareceres a respeito do que viram e
a “bel- prazer” com raras exceções, arrebentam com o homem do apito e da
bandeira. Aliás, analistas de arbitragem deveriam julgar as decisões de juízes
e bandeiras no momento do lance, sem a ajuda do replay. Seria o correto, mas
como dá “ibope”......
Já o árbitro e os assistentes
não teem nenhuma das condições que contemplam os atletas e não ganham um
centavo sequer dos patrocínios que estão estampados nas suas indumentárias.
Pelo contrário: trabalham numa atividade profissional diferente da arbitragem para
ganhar o pão de cada dia e sustento dos seus familiares, já que a atividade do
homem de preto no Brasil é profissional apenas de “fachada”.
Na segunda e na terça-feira, o árbitro labora
o dia inteiro e viaja na mesma terça à noite para o local do jogo da
quarta-feira, ou da quinta. Ou então como todos os brasileiros deste País, dá
um duro danado de segunda à sexta-feira e viaja na mesma noite de sexta se a
partida for sábado ou viaja na madrugada de sábado para o prélio que vai
comandar ou bandeirar no domingo.
Além disso, o árbitro que
labora no futebol pentacampeão é malformado, mal pago e não recebe a devida preparação
das federações de futebol como (cursos, painéis, seminários). Diante do quadro aqui
mencionado, o árbitro que é membro da Relação Nacional de Árbitros de Futebol
(Renaf) - se “agarra” aos cursos e seminários efetivados pela CA/CBF, tal qual
um náufrago em alto mar para sobreviver, porque senão já teria ido para o “beleléu”.
Portanto, com o cenário aqui
descrito não há como fazer milagre e quem prometer o contrário é de uma
hipocrisia e de um caradurismo inominável.
PS: A respeito da solicitação
da pauta entregue pela Associação
Nacional de Árbitros de Futebol (Anaf) na CBF, que pede melhorias à confraria
do apito brasileiro escreverei na próxima coluna.
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