Foto: FPF
No dia 30 de julho de 1966, Inglaterra
x Alemanha se enfrentaram pela final da Copa do Mundo, que foi disputada no
país britânico. O jogo ficou marcado como um dos mais polêmicos da história dos
Mundiais, por conta do lance que originou o gol do inglês Hurst, o terceiro da
vitória inglesa por 4 a 2.
Após empate por 2 x 2 no tempo
normal, com gols dos alemães Haller e Weber e de Geoff Hurst e Peters para a
seleção local, o campeão do torneio foi decidido na prorrogação. Foi quando aos
11 minutos da primeira etapa do tempo extra, que Hurst marcou um dos mais
discutidos “gols” de todos os tempos e abriu caminho para o primeiro título
mundial da Inglaterra.
Artilheiro de sua equipe no torneio, Hurst
recebeu uma bola no campo de ataque, avançou e virou chutando quase na entrada
da pequena área. O arremate estourou no travessão e se chocou com o chão da
meta d alemão Hans Tilkowski, próximo à linha do gol. A jogada foi validada
pelo árbitro Gottfried Vienst (Suíça), e pelo bandeira do azerbaijão Tofiq
Bahramov.
Questionado à época pela imprensa sobre
o fato, e da possibilidade da tecnologia agir como ferramenta auxiliar à
arbitragem, nos lances que não fossem captados pelo seu campo visual, Stanley Rous,
o presidente da FIFA de 1961 a 1974, disse: “O futebol é paixão. O que enche
estádio é controvérsia. Foi pênalti, não foi, foi impedimento, não foi... Se acabar
com isto acaba o futebol”.
Só que a mentalidade, os usos e costumes e as
circunstâncias do futebol eram totalmente diferentes - e ninguém imaginava que,
o esporte das multidões atingisse o estágio que atingiu no século 21.
Sobretudo, econômico.
Alguns anos se passaram e em 2007, o
ex-árbitro e ex-dirigente da CA/CBF, Armando Marques, perguntado pelo informativo
MARCA DA CAL (SAFERGS/RS), a respeito da tecnologia no auxílio aos árbitros, vociferou:
“Vejo com bons olhos. No entanto, é preciso evitar exageros, pois o futebol vive
de paixão. Tudo que envolve a paixão tem controvérsia. Se você acabar com a
controvérsia acaba com a paixão. Acabou com a paixão acaba com o futebol”.
Na Copa do Mundo da África do Sul em
2010, quarenta e quatro anos depois, contra a mesma Alemanha, a Inglaterra teve
um gol em lance parecido àquele de Londres, quando o meia inglês Lampard chutou
de fora da área, a bola bateu no travessão e se chocou com a parte interna do
chão da meta do goleiro Neuer (Alemanha).
O árbitro do prélio em tela, Jorge
Larrionda e seu compatriota, o assistente Mauricio Espinoza, ambos uruguaios,
não validaram o tento legítimo em que a bola ultrapassou a linha de meta em mais
de trinta centímetros.
Com o tsunami que varreu a cartolagem retrógada em
2015 do comando da FIFA, assumiu o comando da entidade, Gianni Infantino. Um dirigente
moderno que, entendeu que não era justo que apenas os espectadores nos estádios
ou em casa observassem, em questão de segundos, que o árbitro cometeu um erro –
e o árbitro continuasse a ser o único que não pudesse ver seu próprio erro, e
consertá-lo na direção de um prelio.
Após vários estudos e reuniões o (The IFAB), em
decisão que é considerada inédita pelo mundo do futebol, no dia 5 de março de
2016, autorizou o experimento do Árbitro Assistente de Vídeo (AV) – (VAR, na
sigla em inglês) para auxiliar a arbitragem e esclarecer lances fundamentais
para o desenvolvimento do futebol, como um gol fantasma, um pênalti ou uma
falha na identificação do jogador que tenha cometido uma falta punível com
cartão.
O (AV) foi testado no último Mundial de Clubes,
disputado nos Emirados Árabes Unidos em 2017, e em exatas (oitocentas partidas
em vinte competições diferentes do planeta nos últimos três anos), no qual a
tecnologia teve um papel decisivo em jogadas importantes, propiciando que as
decisões dos homens de preto fossem mais justas.
Em artigo na Revista The Spectator [https://www.spectator.co.uk/2018/02/stop-trying-to-make-football-perfect-its-the-errors-that-make-it-fun/] - o jornalista
Rod Liddle, opina que, a implementação do (AV) como ferramenta auxiliar à
arbitragem, pode tirar a essência do futebol. O nó da questão é que os grandes
grupos econômicos que investem cada vez mais no futebol, alegam que estão
cansados de ver os erros da confraria do apito aniquilar suas logomarcas das
diferentes competições e, por extensão, dado os constantes prejuízos ameaçam
diminuir as verbas ou “sair à francesa” do futebol.
ad argumentandum tantum – Na reunião
preliminar que aconteceu no dia 22 de janeiro que passou, o (The IFAB) referendou todos os experimentos realizados em relação ao (AV). E o incluiu na
pauta da Reunião Geral Anual do órgão, que irá acontecer no próximo dia 3 de
março em Zurique (Suíça). Reunião que irá decidir se a aludida tecnologia será
utilizada no Mundial da Rússia, e em quais competições a partir de então poderá
ser usada pelos (204) filiados a FIFA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário