domingo, 4 de março de 2018

CARTOLAS TRATAM OS ÁRBITROS COMO "BUCÉFALOS"

    Propaganda alocada  nas costas  da camisa é proibida pela FIFA - Crédito: Agencia Estado/TRIBUNA/PR

Ao longo de trinta e oito anos vivencio “in loco” o tema arbitragem. Neste período, dezenove como árbitro de futebol. Não lembro ter ouvido ou lido, independente da cultura contrária que há no planeta contra a arbitragem e, por extensão, no futebol brasileiro, forma de tratamento tão desrespeitosa, similar ao dispendido pela cartolagem que gere o nosso futebol, aos homens que manejam os apitos e as bandeiras, apesar de estarmos no século 21.

Feito o introito acima vamos aos fatos que comprovam nossa assertiva. 1) Árbitros da (FPF) Federação de Futebol do Pará, se prepararam durante vários meses para o campeonato regional da atual temporada. No entanto, no primeiro clássico, Remo x Paysandu, há pouco mais de quinze dias, dirigentes locais, vetaram a presença de árbitros da (FPF) para a partida em tela – exigiram arbitragem de outra plaga. Lá tem um árbitro da FIFA, Dewnson de Freitas – mas  ele foi “rejeitado”. Apitou o clássico Rei da Amazônia, Marcelo de Lima Henrique da (FERJ).

2) Situação idêntica atingiu os árbitros do futebol potiguar. No sábado que passou (3), o principal prélio do campeonato do Rio Grande do Norte, entre ABC x América, a arbitragem foi do carioca Pericles Bassols. Parte do establishment que gerencia o futebol de lá, vetou todos os apitos locais para dirigir o aludido confronto.

3) O fato se repetiu neste domingo (4), no clássico - Rei, Fortaleza x Ceará, pela Federação Cearense de Futebol. Embora tenha no seu quadro ótimos árbitros, a rejeição à arbitragem cearense foi total. O quarteto dos homens de preto para dirigir o indigitado jogo, foi composto por Jailson de Freitas (BA) e os assistentes e quarto árbitro também de outras federações. Atitude que dá a dimensão do desprestígio e descrédito do contingente de apitos e bandeiras da (FCF), que fizeram a pré-temporada, se dedicaram de corpo e alma e no momento de atuarem no principal evento futebolístico do estado, foram observar o prélio em questão na TV e/ou nas arquibancadas da Arena Castelão. Lembro que essa prática tornou-se recorrente. Principalmente, nas regiões Norte e Nordeste do futebol brasileiro.

4) O quarto item escancara  sem retoque, o desrespeito dos cartolas para com a arbitragem, a partir da CBF. Proibida pelo estatuto da FIFA, a publicidade estampada nas costas da camisa dos árbitros, vem sendo explorada em todas as competições da CBF há vários anos. Propaganda, que rende milhões de reais a CBF, sem que a arbitragem receba um único centavo desse patrocínio. O mesmo “modus operandi” da CBF no que tange as propagandas nas costas da camisas, foi encampado pelas federações de futebol nos seus regionais e na Copa do Nordeste. A impressão que se tem é que a arbitragem do futebol detentor de cinco Copas do Mundo, entrou na era do trabalho análogo a escravidão.

PS: Desde março de 2016, quando o (The IFAB) estabeleceu o protocolo e autorizou o experimento do ÁRBITRO DE VÍDEO (AV), as grandes potencias do futebol mundial, ao invés de contestá-lo como fez a CBF em algumas ocasiões, optaram pela implementação de vários testes da indigitada tecnologia nas suas competições. Bundesliga (Alemanha), MLS (EUA), Federação Francesa de Futebol, Federação Italiana de Futebol, KNVB (Holanda), Federação Portuguesa de Futebol, a The FA na Copa da Inglaterra, Austrália, a Conmebol nas finais da Libertadores, da Copa Sul-americana e na Recopa e a FIFA em todas as suas competições.

PS (2): Após (oitocentos testes em vinte competições em todo o planeta), no último sábado (3), em decisão histórica o (The IFAB), em votação unânime decidiu pela utilização do (AV) no Mundial da Rússia em junho. No próximo dia (16) em Bogotá na Colômbia, em seminário da FIFA, sob a regência do presidente Gianni Infantino, será definida as diretrizes finais em relação a utilização do (AV).  
     
ad argumentandaum tantum – O substantivo masculino bucéfalo significa: pessoa sem cultura, de mente curta, que não tem noção das coisas.  

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