
Entrevista realizada pelo Jornalista - Jan Ter Harmsel - (Blog - dutchreferee.wordpress.com, em parceria com Parana Online)
O ditado acima é um dos mais antigos que ainda estão em voga no mundo, ao menos no que se refere às profissões. E se encaixa perfeitamente no árbitro Ravshan Irmatov, 32 anos, de pulseira preta, (Fifa-Uzbequistão), o mais jovem árbitro a participar da Copa do Mundo da África do Sul, ultimada no domingo que passou. O desejo do pai do menino Ravshan, que foi árbitro de futebol nos tempos da temível União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), era vê-lo jogando futebol num grande centro da Europa. Mas, aos 19 anos, o jovem Irmatov sofreu uma gravíssima lesão no seu tornozelo direito, o que o impossibilitou de realizar o sonho do seu pai e, por extensão, interrompeu sua carreira de atleta de futebol.
Mas se o futebol perdeu um atleta promissor, a arbitragem ganhou um dos melhores árbitros de futebol do planeta. Aos 19 anos, por sugestão do seu genitor, Ravshan Irmatov, que acompanhou e viu o pai apitar muitas partidas, foi convidado para apitar um campeonato Sub-13 no Uzbequistão. Como Ravshan foi muito bem no torneio, foi enconrajado pelo pai e amigos a fazer o curso de árbitro de futebol e logo a seguir, o curso de instrutor de futebol de uma escola no Uzbequistão, sua profissão, além de árbitro de futebol profissional da Confederação Asiática. Dali em diante, a carreira do jovem uzbeque decolou de forma estratosférica. O nominado apitador foi galgando vários degraus até atingir o ápice de todo árbitro de futebol, quando foi designado em maio deste ano para atuar na Copa da África do Sul, onde apitou cinco jogos, façanha até então que pertencia a dois árbitros em se tratando de um Mundial de futebol, casos específicos dos árbitros Benito Archúndia (México) e Horacio Elizondo (Argentina).
Antes de debutar na Copa do Mundo, Ravshan Irmatov apitou seu primeiro jogo internacional designado pela Fifa em 2004, entre Vietnã x Libano. Posteriormente, a Fifa o escalou para o Sub-17 da Finlândia em 2003, a seguir, participou da Copa Asiática de Nações em 2004, depois do Sub-20 no Canadá em 2004, do Sub-17 na Coréia do Sul em 2007 e do Sub-17 da Nigéria em 2009. Além das competições nominadas, Irmatov apitou a final do interclubes no Japão em 2008 entre LDU (Equador) x Manchester Unidet (Inglaterra).
Nas dependências do Hotel Kroon Kievits, em Pretória na África do Sul, o QG da arbitragem durante a Copa, Irmatov concedeu na manhã da segunda-feira, antes de embarcar para o Uzbequistão, a seguinte entrevista aos blogs Dutchreferee.wordpress.com - Parana Online
Além da contusão, o que o levou a ser árbitro de futebol?
Ravshan Irmatov - Após sofrer séria contusão no tornozelo e ser submetido a procedimentos médicos onde ficou constatado que eu não poderia mais jogar futebol, decidi ser árbitro, já que meu pai foi árbitro nacional da extinta (URSS) e um dos principais incentivadores para eu seguir esta profissão.
Qual foi seu primeiro jogo profissional como árbitro no Uzbequistão?
Irmatov - Foi no ano de 2001, e diante dos meus conhecimentos, em 2003 foi guindado ao quadro da Fifa. No mesmo ano fui indicado para o Sub-17 na Finlândia. Após participar desse torneio, minha atitude em relação a arbitragem se tornou muito profissional e meu emprego como instrutor de futebol na escola se tornou parcial.
O sr. é o árbitro nº 1 do seu País. Que importância isso tem para o senhor?
Irmatov - Ser o árbitro número do meu país, era o meu sonho e eu consegui realizá-lo. Tenho muito orgulho dessa conquista, principalmente pelo meu pai.
Em que patamar situa a arbitragem do Uzbequistão?
Irmatov - Para o nível das competições que disputamos aqui, eu digo que é bom o suficiente. Mas, estamos nos requalificando dia a dia, objetivando atingir os níveis de excelência do futebol europeu visando termos um grupo de árbitros de primeiro mundo.
A Fifa tem lhe prestigiado nas suas competições. Um exemplo foi a final do Mundial de Clubes do Japão em 2008. Que caminhos o sr. percorreu para apitar jogos de tamanha importância, já que é um dos mais jovens árbitros da entidade?
Irmatov - Trabalho duro do raiar do sol ao anoitecer, para quando escalado corresponder a confiança em mim depositada. Leio as Regras do Jogo e me preparo fisicamente todos os dias. A experiência vivida no Japão, me proporcionou um know how maravilhoso.
Como se sentiu quando o Comitê de Arbitragem da Fifa anunciou seu nome para o jogo de abertura entre África do Sul x México?
Irmatov - Fiquei muito emocionado e senti uma responsabilidade enorme. Mas pensei: Eu me preparei para chegar até aqui, era isso que eu queria, então vamos lá. E tudo aconteceu de forma natural sem nenhum problema.
Que significado o sr. dá a uma partida de futebol quando está apitando?
Irmatov- Cada jogo é uma nova experiência para mim e creio que deva ser para cada árbitro. Cada partida me dá mais responsabilidade, mais experiência e eu aprendo muito com os jogos que eu apito. Minhas atitudes em todos os jogos que apito são extremamente profissionais.
Quais foram os seus objetivos traçados para a sua primeira Copa do Mundo?
Irmatov - Estabeleci como objetivo principal em todas as partidas que fosse escalado ser um vencedor ao final de todas elas.
Que tipos de atividades o senhor e os demais árbitros que participaram da Copa do Mundo realizaram quando não estavam escalados ou à disposição da Fifa para treinamentos?
Irmatov - Vou responder o que eu fiz: Assisti a vários filmes, ouvi muita música e estabeleci muitos contatos com a minha família e amigos no Uzbequistão.
Se fosse convidado para trabalhar como árbitro no Brasil, aceitaria o convite?
Irmatov - Sim
Que lições o sr. leva desta Copa do Mundo como árbitro?
Irmatov - Aprendi muito e ganhei enorme experiência para as próximas competições no meu País e da Fifa.
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