sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Uefa mantém cinco árbitros e rejeita tecnologia de baliza

O Comitê Executivo da Uefa decidiu, por unanimidade, manter os cinco árbitros nas suas competições de futebol, anunciou nesta sexta-feira o presidente do entidade, Michel Platini, recusando as tecnologias para dirimir dúvidas na linha de baliza.

Após 05 de julho, O International Board, que garante as leis do jogo autorizou o sistema de cinco árbitros às federações que o pretendiam adotá-la, disse o dirigente, num encontro com a imprensa na manhã de hoje, em Monte Carlo, em Mônaco.
Michel Platini afirmou ainda, que as grandes finais européias privilegiarão os árbitros habituados ao sistema de cinco, refutando que tal não representa uma ameaça, mas sim um conselho, pois as federações podem fazer o que entenderem.

Fotos: Divulgação
                                                            Uefa mantém cinco árbitros
 
Tecnologia na linha do gol
Quanto a chamada tecnologia de baliza, que a Fifa usará nas suas próximas competições (Mundial 2014, Mundial de Clubes e Copa das Confederações), Michel Platini manifestou a sua oposição. Nunca ninguém as viu funcionar, enquanto todos conhecem a arbitragem com cinco árbitros.
Sempre me opus à utilização de tecnologias, não é aos 57 anos de idade que vou mudar de opinião, sublinhou o presidente da entidade, que controla o futebol europeu.
À sua posição pessoal juntou críticas ao homólogo da confederação mundial. Não foi a Fifa que decidiu optar pela tecnologia, mas sim o seu presidente [Joseph Blatter], que decidiu, sozinho, com o International Board, sem consultar o Comitê Executivo. Ele é o patrão, é o chefe, é assim...
Platini disse ainda ser economicamente menos custoso ter equipes com cinco árbitros do que instalar tecnologias de baliza nos campeonatos dos 53 países representados na Uefa.
Fonte: Sapo Desporto

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Aristeu Tavares: "acabar com o erro é utopia"

Comentarista Paulo Vinícius Coelho entrevista o novo presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Aristeu Tavares. Confira a entrevista publicada no site da ESPN.com.br.

Aristeu Tavares foi assistente da Federação do Estado do Rio, mas companheiro de Carlos Eugênio Símon por longe período. Até mesmo na Copa do Mundo de 2006. Uma semana depois da mudança do comando da arbitragem, Aristeu falou sobre a arbitragem. O tom não difere muito do antecessor, Sérgio Corrêa. Ele protege os árbitros, elogia Wilson Luiz Seneme e fala sobre cursos de formação e atualização dos árbitros. Leia:
PVC – Seu discurso depois da rodada de domingo, falando sobre o limite da falibilidade, foi parecido com o discurso de seu antecessor, Sérgio Corrêa. O senhor não acha que mais importante do que considerar o limite da falibilidade é preciso diminuir a sensação de interferência no campeonato?
ARISTEU – Falei sobre isso quando assumi. Fui ouvidor da arbitragem e recebia DVDs sempre com grande carga no erro da arbitragem. Muitas vezes eu observava o erro e percebia que ele não era vital. Mais importante para definir o resultado era a equipe reclamante ter perdido três gols. A arbitragem tem de melhorar? Tem! Tem de minimizar o erro. Agora, digo que é utopia imaginar que o erro vai acabar.
PVC – A ideia de uma entrevista coletiva para didaticamente mostrar lances e explicar erros e acertos, mostrar publicamente o que a comissão quer. É possível isso acontecer?
ARISTEU – Eu pergunto a você: treinador faz isso toda semana? E olha que eles dão entrevista coletiva depois de cada partida. Mas não fazem lavagem de roupa suja em público. Não é preciso querer que os árbitros sejam levados à execração pública. Digo a você: o único amador neste mundo profissional é o árbitro. É preciso mudar isso, mas não depende da comissão de arbitragem. Primeiro tem de reconhecer a profissão. Eu, como capitão da Polícia, cansei de trabalhar 16 horas, voltar para casa, tomar um banho e correr para o estádio para participar de um jogo.
PVC – Não teria uma função didática explicar o que foi erro e o que não foi?
ARISTEU – Nós fazemos isso internamente. Um problema que possuímos hoje é que o quadro está muito aberto. O árbitro precisa saber se situar. Saber que atua na Série A e um pouco na Série B… Atua na Série B e um pouco na C… Se estiver bem, ter um upgrade. Precisamos disso, dos árbitros promissores. Temos outro grande entrave: o sorteio. Você quer escalar o árbitro A e cai o B. Você quer o A, porque é mais conservador, tem mais capacidade para apitar um jogo que está de acordo com sua característica. Mas não se pode escalar um porque é do mesmo estado, outro porque é do estado do outro time, o terceiro está no sorteio e perde. Vai a quarta opção, às vezes. Disso a imprensa não sabe ou não divulga. Desde que começou o trabalho da ouvidoria, assistimos a 744 partidas. Desde maio de 2012, houve 32 reclamações. Fizemos 32 pareceres sobre arbitragem e 6 foram considerados improcedentes.
PVC – O senhor diz então que das 32 reclamações, 26 tinham razão?
ARISTEU – É esse o número. Não quer dizer que não tenha mais gente protestando, mas formalmente recebemos 32 reclamações. Seis delas improcedentes.
PVC – Como o senhor compara a arbitragem brasileira e a europeéia?
ARISTEU – É como falar de sistemas táticos. Há diferenças entre os sistemas brasileiros e os europeus?
PVC – Hoje há menos do que no passado. Como o senhor avalia haver 40 faltas apitadas no Brasileirão e 20 no Campeonato Inglês, por exemplo?
ARISTEU – Ah, o jogador aqui simula muito mais do que lá. Faz mais faltas mesmo. Se o árbitro marcou 40 faltas é porque houve 40 faltas.
PVC – Não pode acontecer de um árbitro usar a marcação de faltas para se proteger sem deixar o jogo correr?
ARISTEU – Pode acontecer. Mas isso é exceção. Procure analisar friamente as faltas, olhando para elas uma a uma. Com certeza ocorreram. Ou foram marcadas no limite da falibilidade. Agora, é preciso investir na formação melhorar a qualidade. Atualizar os árbitros, unificar critérios. Quer ver uma coisa que melhorou muito no Brasil? A interpretação de mão na bola e bola na mão. Agora mesmo no Grenal houve três jogadas muito bem interpretadas pelo Vuaden.
PVC – Qual a melhor arbitragem do mundo hoje?
ARISTEU – Não vou falar de um país especificamente. Posso falar da arbitragem sul-americana e brasileira. Em ambos os cenários, há um processo de renovação forte. Veja quem parou de apitar recentemente: Oscar Ruiz, Jorge Larrionda, Carlos Chandia, Carlos Torres, Amarillla. Venha para o Brasil: Carlos Eugênio Simon, Sálvio Spindola, Gaciba… O Alarcón tem que trocar o quadro de árbitros da Confederação Sul-Americana com o avião em pleno voo. Aí temos o Wilson Luiz Seneme, o colombiano Roldán, o chileno Osses. Outra questão: você não vê mais árbitros de aparência ruim, aqueles mais gordinhos… Quem não estiver bem e não se preparar fisicamente vai sair da escala.
PVC – O senhor é favorável à experiência de trazer estrangeiros para apitar no Brasileirão?
ARISTEU – Só se houver um convênio. Se vem alguém apitar aqui, um dos nossos tem de ir apitar lá. Mas eu não vejo essa necessidade. Precisamos fazer cursos e estamos fazendo. Atualizando os árbitros. Vamos fazer cursos de instrutores, que são muito importantes. Eles são formados nos estados e são eles os que conversam com os árbitros para padronizar a arbitragem no país inteiro. Vamos levar o trio selecionado para a Copa do Mundo para a Granja Comary para aperfeiçoamento e depois vão viajar para Zurique.
PVC – Quem é o melhor árbitro do mundo hoje?
ARISTEU – Não vou dizer do mundo. Digo do Brasil. É o árbitro pré-selecionado para a Copa do Mundo: Wilson Luiz Seneme.

Fonte: ESPN.com.br / fotos Júlio Cancellier/ANAF

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Por que os árbitros erram?

Todos as semanas recebo em média uma dezena de e-mails, questionando as causas dos constantes equívocos de arbitragem, principalmente, no futebol brasileiro. Entendo que os erros da arbitragem são decorrentes das limitações físicas naturais de percepção visual  e tornam-se inevitáveis porque provêm de humanos.
Por outro lado, é notório que  há um contingente de árbitros e assistentes, que se deixam influenciar pelos ecos das arquibancadas no momento de trilar o apito ou de levantar a bandeira e por isso tomam decisões erradas. Lembrei-me desse fato, ao ler recente estudo publicado na Revista New Scientists, onde o cientista Alan Nevill, da Universidade de Wolverhampton, afirma que, os homens de preto são influenciados pelo trovejar as milhares de vozes que vem das arquibancadas no instante de apitar e em muitas ocasiões erram.
Para corroborar o estudo anterior, fui buscar novos mecanismos que versam sobre o tema e encontrei outro estudo realizado pelos cientistas ingleses Sandy Wolfson e Nick Neave, da Universidade Northumbria,  que apontou que, os gritos da torcida no estádio tem efeito direto sobre as ações dos atletas, mas, sobretudo, nas tomadas de decisões dos árbitros. Essa deficiência é definida pelos indigitados cientistas como falta de  auto-controle. 
Ainda segundo os mesmos cientistas, os árbitros gostam de posar como confiantes e severos, mas, quando 40 mil vozes gritam (bola não mão), eles começam a duvidar  do que decidiram.
Há outras situações que concorrem para o mal desempenho da arbitragem, sobretudo no Brasil, como  a falta de instrutores sem a devida capacitação, somada a  didática  aplicada nos cursos de maneira inadequada, o que tem proporcionado, falta de consistência nas decisões dos árbitros.
Outra deficiência que tem concorrido para o acentuado números de equívocos da arbitragem, é a incapacidade e a falta de equilíbrio no controle da emoção no instante em que a jogada muda de velocidade, e acontece um contato físico. A Fifa determina que sem hesitar, o árbitro tem que decidir se foi falta ou apenas um contato natural que ocorre inúmeras vezes numa partida.
Outro fato gerador dos constantes erros da confraria do apito no Brasil,  é a ausência de uma boa comunicação  no campo de jogo do árbitro com os assistentes, atletas, técnicos e sobretudo nas sinalizações. Praticando a arbitragem preventiva (através do olhar, da fala, dos gestos, do apito e quando necessário dos cartões), acoplada a uma explicação verbal  antes do início da partida sobre os sinais e a forma como eles serão utilizados, ajuda sobremaneira o quarteto de arbitragem a errar em menor monta. Infelizmente, são raros os árbitros que adotam estes procedimentos.

PS: foi uma noite de horror a terça-feira (28), na cidade de Paranaguá.
Jogaram Atlético/PR x Joinvile/SC, pela Série B. Quem se ater a observar na TV os equívocos primários, por isso não vou nominá-los,  perpetrados pelo árbitro Francisco Carlos Nascimento (Fifa/AL), terá a certeza de que a arbitragem brasileira caminha a passos gigantescos para o fundo do poço.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Filho da p.............................

Lúcio Ribeiro/FOLHA DE SÃOPAULO/ESPORTES
Filho da p...
Com a fama 'inabalável', juiz de futebol no Brasil é vilão nos gramados e popstar na TV
Jornalista no México, policial em Bagdá e pescador de caranguejo no mar de Bering estão entre as profissões mais perigosas do mundo.
Eu acrescentaria mais uma na lista: juiz de futebol no Brasil.
Com um agravante: ser árbitro aqui é perigoso para a saúde do juiz em si e para os que sofrem ou acham que sofrem os efeitos dos seus assopros. Ou, em alguns casos, a falta de. Felipão, Tite e atletas, técnicos e 18 mil pessoas do superclássico mineiro de domingo que o digam.
Com um atenuante: juiz no Brasil, por um lado bizarro, virou popstar. Está na moda. Mais do que sua mãe sempre esteve. Se a máxima boleira diz que "Juiz bom é juiz que não aparece", está tudo errado no futebol brasileiro.
Arrisco a dizer que, hoje, tirando Neymar e, vá lá, Ronaldinho Gaúcho, o juiz (auxiliado por seus... auxiliares) tem sido a figura mais famosa do futebol brasileiro.
Sábado, no Pacaembu, Felipão reclamou muito do árbitro que apitou o clássico contra o Santos. O técnico quase escalou o muro que separa a descida aos vestiários para falar "poucas e boas" ao juiz, dizendo depois na coletiva, estou concluindo, que seu Palmeiras está na situação que está no Brasileiro muito pelas arbitragens danosas.
No Santos 3x2 Corinthians, teve o histórico erro dos três impedimentos não dados em uma só jogada, o que levou a CBF a trocar o comando da Comissão de Arbitragem.
Não que o antigo presidente tenha sido demitido do cargo. Ele ganhou um outro: o de chefe do departamento de arbitragem, sem o mesmo poder, talvez o mesmo salário.
Ninguém sofreu tanto no tumultuado Cruzeiro x Atlético quanto o árbitro. Expulsou três jogadores, administrou chuva de copos d'água, celular e um possível pedaço de bolo (!) com ameaça de interromper o jogo. Foi fortemente pressionado por cruzeirenses no fim do primeiro tempo. Foi igualmente encurralado por atleticanos no final do segundo.
Mas sobreviveu. Como tem sobrevivido os ex-juízes comentaristas de arbitragem na TV, mesmo com alguns brigando contra a imagem no admirável mundo das câmeras por todos os ângulos, HD, tira-teima.
O ex-árbitro famoso Carlos Eugênio Simon estreou recentemente no novo canal pago Fox Sports como comentarista geral, não só de arbitragem. Dá seus palpites técnico-táticos, por que não? Não somos 190 milhões de entendidos em futebol? Juiz também é filho de Deus.
Esse termo é exatamente o mote de um seriado de TV em que um árbitro de futebol é a estrela. A série "(fdp)" teve seu episódio inicial exibido anteontem na HBO, com jeitão de superprodução brasileira.
E, como vida de juiz definitivamente não é fácil, cada um dos episódios acaba com alguém se referindo ao nosso anti-herói herói usando a clássica "Filho da P...". O que, no caso de juiz, parece não ser uma mera "questão de interpretação".

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Armando Marques: somos pobres em arbitragem

Em entrevista ao Jornal Marca da Cal na edição de Nov/dez/2007, órgão de informação do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Rio Grande do Sul, o ex-árbitro Armando Marques, que também presidiu a CA/CBF, ao ser questionado se era viável a implementação de uma universidade ou uma escola de formação de árbitros de excelência no Brasil, objetivando mudar o perfil qualitativo do árbitro de futebol, respondeu: não, porque não temos professores à altura. E os instrutores de arbitragem que temos na América do Sul, precisam ser requalificados.
De lá para cá as mudanças no setor da arbitragem sul-americana foram pequenas e  as evoluções foram tênues. As exceções na América do Sul, são Amelio Andino, Carlos Alarcón, Ernesto Filippi, Cristhian Rosen e Oscar Ruiz. No Brasil, ficamos circunscritos a Sérgio Corrêa da Silva e mais recentemente ao novo comandante da arbitragem nacional, Aristeu Leonardo Tavares.  
Feito o intróito acima, o leitor que me acompanha aqui neste espaço diariamente, é testemunha das incontáveis colunas que produzimos e nelas temos enfatizado, que o estado de pauperidade técnica, física, tática e psicológica,que vivenciamos no árbitro de futebol brasileiro,está intimamente ligado a precariedade das Comissões de Arbitragem das federações estaduais,na sua composição e na avalanche de cursos de formação de árbitros, que se tornou um “negócio da china”, no futebol brasileiro.  Ninguém está preocupado com a vocação, o talento e a qualidade dos futuros apitos. “O grande negócio é encher o bolso de alguns presidentes de federações e seus  apaniguados”.   
As Comissões de Árbitros de algumas federações, trazem na sua composição pessoas leigas, que nunca tiveram nenhuma identidade com o árbitro de futebol. Idem as Escolas de Formação de Árbitros. A cada ano, uma fornada de novos árbitros são formados, porém, como não recebem orientação, acompanhamento, treinamento e uma formação particularizada e adequada para o mister que irão desenvolver, o que se vê é uma legião de árbitros mal formados.  E o pior: não há a curto e médio prazo um projeto que estanque as deficiências aqui nominadas, o que terá reflexos negativos para a arbitragem nacional, já na Copa das Confederações em 2013, e quiçá no Mundial de 2014.  
Divulgação
                                                    Dr. Edson Resende de Oliveira
E, por último,  para o leitor não imaginar que se trata de implicância de nossa parte,no que tange ao mal desempenho dos homens de preto nas competições da CBF, sugiro que acesse o link abaixo e leia com atenção a entrevista destemida, equilibrada, ética e profissional do Corregedor de Arbitragem da CBF, Dr. Edson Resende de Oliveira. Lá, o Dr Edson Resende, desnuda e traça de forma inexorável o estágio lastimável do apito no Brasil, e, com muita humildade digo que nos dá razão as nossas reiteradas críticas.  

http://www.vozdoapito.com.br/noticias/img/notacorregedoria.pdf

domingo, 26 de agosto de 2012

Saiba quanto ganha um árbitro nas competições da Uefa

A UEFA informou os árbitros sobre as mudanças significativas para os salários em toda a competição em jogos da UEFA a partir de 2012/13 da UEFA Champions League e da UEFA Europa League nas rodadas de qualificação.
O novo regime de pagamento compreende:
1. Diárias
2. Quantia para cobrir as despesas domésticas/perdas salariais
3. Prémios de jogo
Os valores de subsídio diário para € 200, é calculado a partir do dia da partida até e incluindo o dia da viagem de volta. Custos domésticos (transporte local, estacionamento, vistos, hotel perto do aeroporto antes da partida ou depois da chegada, etc) são cobertos por uma quantia de € 200 por árbitro.
Os salários dos árbitros (adicionais) assistente 'são ligados ao salário do árbitro pela razão 0,3 (funcionários quarto 0,15).
Fonte: NAF/GUARDA/REFEREETIP

sábado, 25 de agosto de 2012

Armadilhas do cérebro ajudam a explicar erros de arbitragem

No lance mais polêmico da última rodada do Campeonato Brasileiro, o atacante André marcou para o Santos em um lance com três impedimentos que não foram marcados. O assistente que deixou de levantar sua bandeira, Emerson Augusto de Carvalho, foi afastado e os erros deram início a uma mudança no comando da arbitragem. O problema é que a culpa no lance pode não ser exclusiva do assistente, mas do próprio cérebro humano.
O UOL Esporte ouviu um neurologista e um psicólogo especializado no trabalho com o futebol. E os dois concordaram que, em lances como o do segundo gol do Santos na vitória por 3 a 2 sobre o Corinthians, no último domingo, é possível que profissionais experientes, como o assistente Fifa Emerson Augusto, tenha caído em algumas “armadilhas” do processo cerebral ao interpretar situações complexas.
“O cérebro tem muita capacidade de processamento, mas uma capacidade limitada de observar lances simultâneos. O cérebro não enxerga um filme. Ele enxerga fotos e vai remontando a sequência. Só que, ao observar uma situação que muda muito rapidamente, o cérebro, automaticamente, faz uma interpretação do que aconteceu anteriormente. E essa interpretação pode não ser a correta, mas a pessoa vai acreditar nesses dados”, explica David Schlesinger, neurologista do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
Na prática, funciona assim: o árbitro-assistente até consegue ver o passe e a linha de impedimento, mas quando acontece uma mudança brusca de velocidade do jogador que vai receber a bola, a percepção de onde esse jogador estava, no início do lance, é alterada pelo cérebro de quem está olhando.
“Imagine se o jogador estava impedido, correndo mais lentamente, mas acelerou. Você pode interpretar como se ele tivesse partido de um ponto mais atrás do que realmente partiu. E o contrário também é verdade. Se você enxerga o jogador em um ponto à frente [da linha de impedimento], mas ele estava mais lento, pode interpretar que ele estava à frente quando o lance começou, mas na verdade não estava. Isso já é um problema. Agora, se o passe e a linha [de impedimento] não estão no mesmo campo de visão, você ainda precisa colocar o tempo de virar a cabeça e focar o jogador. Isso aumenta o período de análise e a possibilidade de os atletas terem mudado suas posições. São muitas informações ao mesmo tempo. Uma boa parte dos erros que acontecem no futebol podem ser decorrentes de processos como esse”, analisa o neurologista.
Lances assim são muito comuns. Na última quarta-feira, por exemplo, o Botafogo foi beneficiado por um deles, em duelo da Sul-Americana: contra o Palmeiras, aos 20 minutos do primeiro tempo, Lucas voltava de posição de impedimento quando Andrezinho fez o passe. O lateral, então, mudou rapidamente de trajetória e recebeu o passe. O vídeo mostra que ele estava impedido, mas pela velocidade, a interpretação imediata do lance poderia ser de posição normal.
Uma semana antes, o próprio Palmeiras foi beneficiado: Barcos marcou o gol da vitória contra o Flamengo, em um rebote. No início do lance, o chute de Artur, o atacante palmeirense já estava à frente dos rivais. Quando o goleiro Felipe espalmou, o argentino já estava sozinho, dentro da pequena área.
Na vitória do Grêmio sobre o Bahia, por 3 a 1, pela 14ª rodada, aconteceu o inverso: em uma jogada de pela esquerda, Lulinha entrou na área e chutou. O goleiro Grohe espalmou para frente e Fahel completou para o gol. O meio-campista do Bahia estava em posição legal, mas seu companheiro, Zé Roberto, que não participou do lance, estava impedido.
Segundo Gustavo Korte, que trabalha a preparação psicológica dos árbitros da Federação Paulista de Futebol, explica que o volume de informação em lances como esses são muito grandes e qualquer dúvida pode gerar um erro de interpretação das informações. “Imagine um lance com quatro atacantes, dois impedidos. Você tem um a 10 metros de você, outro a 50. A jogada chega em velocidade e a concentração está na linha do defensor, mas você também tem de estar atento à hora em que a bola vai ser tocada e para quem vai esse passe. Os quatro atacantes podem correr ao mesmo tempo e você tem que saber qual deles vai tocar na bola e se esse estava impedido quando o toque foi feito. Para complicar ainda mais, imagine se a bola vem voando e você também tem de correr para se manter no lance. É tudo muito rápido”, justifica Korte.
Essa armadilha cerebral, porém, não é única dificuldade que os assistentes enfrentam em uma partida. Outra grande preocupação acontece na reprogramação cerebral necessária na mudança do primeiro para o segundo tempo. “Normalmente, os assistentes focam a concentração na linha de defesa, na maior parte na cor dos uniformes. Mas quando ele vai para o vestiário, na volta para o segundo tempo o raciocínio se inverte. E demora um pouco para se fazer essa mudança mentalmente, principalmente se, durante o intervalo, ele não teve o tempo ideal para se preparar para o segundo tempo”, fala Korte.
“Não existem estudos extensos sobre essa área, mas essa explicação é bem possível. Para simplificar situações complexas, nós adotamos alguns marcadores. E as cores são exatamente isso. Você fala em preto e branco para simplificar. E, com a virada de campo, pode demorar um pouco para se acostumar com essa mudança. No basquete você vê isso com muito mais clareza. Jogadores até fazem cestas contra porque estão focados em uma direção de bola, o lado virou, a concentração caiu e ele se viu perdido”, concorda Schlesinger.
O lance de Corinthians e Santos, que abre a matéria, é um exemplo disso: aconteceu justamente aos quatro minutos do segundo tempo. E ainda tem outros atenuantes: no primeiro impedimento, Léo cruza para a área e três santistas estão impedidos. No segundo lance, Bruno Rodrigo passa de cabeça para Durval, também à frente. Durval, então, passa para André, que segue impedido. O assistente teve de julgar três lances diferentes, de interpretação complicada em cada um, em pouco mais de três segundos.
“Especificamente sobre o Emerson, era praticamente impossível para ele cometer três erros em um mesmo lance. Ele é um craque. Mas o que pode ter acontecido é, após o primeiro lance, ele percebeu que errou. Mas passou a pensar nisso e acabou perdendo a concentração para o segundo e para o terceiro lances também”, justifica Korte.
Essa perda de concentração também foi abordada pelo neurologista David Schlesinger: “O nível de atenção de uma pessoa varia muito. Alunos, em sala de aula, sem nenhum esforço físico, ficam sentados por 45 minutos, 1h15 e passam a perder concentração. Imagina durante um jogo de futebol?”
Fonte: UOL

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Notícias do apito

Série FDP
Estréia neste domingo (26), às 19h30, na HBO, o documentário  (FDP), que reproduz o relato via ficção do dia a dia do árbitro de futebol Sul-americano, dentro e fora do campo de jogo. Vi o treiler do seriado e julguei interessante assisti-lo.
É proibido terminar o jogo (1)
Há quinze dias atrás no Couto Pereira, no jogo  Coritiba x Palmeiras, aos 47’50 da etapa final, o atacante Roberto do Alviverde curitibano,  recebeu a bola em velocidade num contra ataque, livrou-se do marcador e ficou na cara do gol do goleiro esmeraldino do Parque Antarctica. Incontinenti, o árbitro Ricardo Marques Ribeiro (Fifa/MG), trilou o seu apito e encerrou a partida. 
E proibido terminar o jogo (2)
Saí do estádio com aquele lance em mente, e na seqüência fui buscar informações a respeito do ocorrido, embora entendesse que por se tratar de uma oportunidade manifesta de gol, o árbitro deveria ter permitido  a conclusão do lance. Pois bem, a informação da Comissão de Árbitros da Fifa veio de forma conscisa em inglês: quando expirar o tempo de jogo, inclusive com os acréscimos e existir um tiro de canto, um tiro livre, ou um lance clarividente de gol, o árbitro deverá permitir a sua conclusão. Interromper qualquer um dos lances aqui mencionados, significa que faltou algo naquela partida. Esse tipo de equívoco de arbitragem, está acontecendo em várias partidas do Brasileirão/2012, inclusive, no final de semana que passou, numa partida da Série B. 
Fim do sorteio?
Aristeu Leonardo Tavares, o novo presidente da CA/CBF, afirmou ser contrário ao sorteio para a designação de árbitros. O sorteio foi instituído mediante a Lei Nº 10671/03, que normatiza o Estatuto do Torcedor. Para Tavares, o sorteio impede  que a CA/CBF, escale em muitas oportunidades o árbitro certo no jogo adequado. 
 Escudo da Fifa a perigo (1)
O comandante dos homens de preto da CBF , esclareceu que o seu principal  objetivo é minimizar os equívocos de arbitragem. Vou fazer isso com minha equipe e procurar novos nomes para observarem as partidas do Campeonato Brasileiro. Os  árbitros não podem ficar na zona de conforto. Quero conversar muito com eles, para que não tentem fazer um jogo sem condições físicas, psicológicas, porque não vai acabar bem. O teste (físico) é muito puxado, mas, sabemos que o ser humano acaba ficando acomodado quando não é cobrado, vociferou.
Escudo da Fifa a perigo (2)
O recado de Aristeu  Tavares, significa que nem mesmo alguns árbitros da Fifa que se julgam “intocáveis”, estão imunes as novas diretrizes da CA/CBF. Principalmente aqueles que são useiros e vezeiros em fazer “forfait” no dia do teste físico, alegando compromissos “profissionais” e apresentam protuberância abdominal (índice de massa corpórea) acima do permitido. 
Lucro fácil ou qualidade?
Vivenciamos em todo o país uma geração de árbitros de futebol malformados. Basta observar os inúmeros equívocos grotescos, que são cometidos a cada rodada. A cada temporada uma fornada de novos apitos são jogados na arena e salve-se quem puder. A maioria das federações estaduais de futebol, sequer tem calendário para abrigar tamanha gama de apitadores. O fracasso da didática, acoplada a carência de professores com qualificação, está levando o árbitro de futebol no Brasil para o abismo. Os cursos de formação de árbitros no nosso país, atendem a pequenos grupos, cujo interesse não é descobrir pessoas vocacionadas e talentosas para a arbitragem, mas sim, encher o “bolso de uma minoria”.