quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Por que os árbitros erram?

Todos as semanas recebo em média uma dezena de e-mails, questionando as causas dos constantes equívocos de arbitragem, principalmente, no futebol brasileiro. Entendo que os erros da arbitragem são decorrentes das limitações físicas naturais de percepção visual  e tornam-se inevitáveis porque provêm de humanos.
Por outro lado, é notório que  há um contingente de árbitros e assistentes, que se deixam influenciar pelos ecos das arquibancadas no momento de trilar o apito ou de levantar a bandeira e por isso tomam decisões erradas. Lembrei-me desse fato, ao ler recente estudo publicado na Revista New Scientists, onde o cientista Alan Nevill, da Universidade de Wolverhampton, afirma que, os homens de preto são influenciados pelo trovejar as milhares de vozes que vem das arquibancadas no instante de apitar e em muitas ocasiões erram.
Para corroborar o estudo anterior, fui buscar novos mecanismos que versam sobre o tema e encontrei outro estudo realizado pelos cientistas ingleses Sandy Wolfson e Nick Neave, da Universidade Northumbria,  que apontou que, os gritos da torcida no estádio tem efeito direto sobre as ações dos atletas, mas, sobretudo, nas tomadas de decisões dos árbitros. Essa deficiência é definida pelos indigitados cientistas como falta de  auto-controle. 
Ainda segundo os mesmos cientistas, os árbitros gostam de posar como confiantes e severos, mas, quando 40 mil vozes gritam (bola não mão), eles começam a duvidar  do que decidiram.
Há outras situações que concorrem para o mal desempenho da arbitragem, sobretudo no Brasil, como  a falta de instrutores sem a devida capacitação, somada a  didática  aplicada nos cursos de maneira inadequada, o que tem proporcionado, falta de consistência nas decisões dos árbitros.
Outra deficiência que tem concorrido para o acentuado números de equívocos da arbitragem, é a incapacidade e a falta de equilíbrio no controle da emoção no instante em que a jogada muda de velocidade, e acontece um contato físico. A Fifa determina que sem hesitar, o árbitro tem que decidir se foi falta ou apenas um contato natural que ocorre inúmeras vezes numa partida.
Outro fato gerador dos constantes erros da confraria do apito no Brasil,  é a ausência de uma boa comunicação  no campo de jogo do árbitro com os assistentes, atletas, técnicos e sobretudo nas sinalizações. Praticando a arbitragem preventiva (através do olhar, da fala, dos gestos, do apito e quando necessário dos cartões), acoplada a uma explicação verbal  antes do início da partida sobre os sinais e a forma como eles serão utilizados, ajuda sobremaneira o quarteto de arbitragem a errar em menor monta. Infelizmente, são raros os árbitros que adotam estes procedimentos.

PS: foi uma noite de horror a terça-feira (28), na cidade de Paranaguá.
Jogaram Atlético/PR x Joinvile/SC, pela Série B. Quem se ater a observar na TV os equívocos primários, por isso não vou nominá-los,  perpetrados pelo árbitro Francisco Carlos Nascimento (Fifa/AL), terá a certeza de que a arbitragem brasileira caminha a passos gigantescos para o fundo do poço.

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