segunda-feira, 31 de março de 2014

Webb: "Aquela final mudou minha vida"

O inglês Howard Webb é um homem comum. Tranquilo aos seus 44 anos, sorri e responde a tudo sem rodeios. Tanto, que custa acreditar que é a mesma pessoa que apitou a final da Copa do Mundo da FIFA África do Sul 2010 entre Espanha e Holanda. Pois, sim, é ele. "Aquele jogo mudou a minha vida por completo", reconhece na conversa que teve com o FIFA.com. No próximo mês de junho, ele estará de novo em um Mundial – agora, no Brasil.
Pai de três filhos adolescentes que, segundo ele, não demonstram muito, mas devem estar orgulhosos do seu trabalho, Webb passou pela sede da FIFA, em Zurique, na Suíça, para participar do seminário dirigido aos árbitros que apitarão na próxima Copa do Mundo. Aproveitando a oportunidade, o FIFA.com conversou com ele sobre vários assuntos: os seus inícios na profissão, as lembranças daquela fria noite em Johanesburgo e a difícil escolha que ele e todos os colegas terão que fazer durante a próxima competição: quem ele quer que vá mais longe, a sua seleção ou o seu trio de arbitragem?
FIFA.com: Como nasceu a paixão pela arbitragem? A maioria das crianças sonha em ser jogador de futebol, mas não muitos se animam com a ideia de apitar...
Webb:
Eu também sonhava em ser jogador! Se você falar com qualquer árbitro aqui, todos dirão que o futebol é a paixão deles. Por isso fazemos este trabalho. É verdade que os meninos sonham em ser jogadores, mas nós não somos diferentes. Tentei chegar lá, trabalhei muito, mas simplesmente não tinha o talento necessário para conseguir.
Em qual posição?
Eu era zagueiro central, por ser grande. Tinha uma boa visão de jogo, mas nunca fui muito bem no jogo aéreo... Acho que não era suficientemente bom. Pessoalmente, acreditava que os juízes eram homens velhos e carecas e por isso não me convencia de seguir essa profissão quando meu pai (um árbitro semiprofissional) me propôs isso. Pensei: "Não, não... Não é para mim". Pensando bem, talvez seja como os garotos de agora me veem! (Risos). Mas ele me incentivou, e quando eu tinha 17 anos, decidi tentar junto de um amigo da escola. Essa decisão acabou me levando à final da Copa do Mundo de 2010. Talvez de um jeito diferente do que eu tinha imaginado, mas me deu a possibilidade de chegar lá. Viajei por 44 países, cinco continentes... É incrível! Valeu a pena.
Quer dizer então que você recomenda?
Claro, qualquer pessoa que sentir paixão por este esporte deve considerar isso como uma oportunidade. Nem todos têm o talento natural para chegar ao ponto mais alto, mas se tiverem a atitude e o esforço necessários, se adorarem este esporte, poderão encontrar uma alternativa para chegar lá.
Como era a relação do Howard Webb jogador com os árbitros?
Costumava fazer o meu papel. Às vezes me pergunto como os jogadores conseguem opinar sobre a minha atuação quanto precisam estar tão concentrados no seu futebol. Sempre tive muito respeito pelos árbitros. Mas sabe de uma coisa? Até hoje, a relação que existe entre os jogadores e nós é muito boa. Eles confiam nos árbitros mais experientes porque os conhecem, já jogaram com eles várias vezes e entendem que às vezes cometemos erros. Isso também faz parte do jogo.
Se você tivesse que destacar uma coisa positiva e outra negativa do trabalho de árbitro, quais seriam?
O positivo é que estamos no melhor lugar para curtir o show, este esporte que adoramos. Não falamos muito nisso, mas é verdade: enquanto as pessoas compram um ingresso para assistir a um jogo, eu não pago... Simplesmente vou! É claro que trabalho duro para conseguir isso, mas tenho o melhor lugar para assistir. Já a pior parte é conviver com os erros, que são uma coisa inevitável. É difícil, sabe? A última coisa que eu quero é que as pessoas pensem que só apitamos o jogo, pegamos o avião de volta para casa e pensamos: "Pronto, acabou". Cada vez que cometemos um erro é doloroso, tem um impacto no destino de um time, de um jogador ou um técnico, e até mesmo na nossa reputação.
Não tem torcida pelo árbitro e ele só sai no jornal se cometeu um erro. É preciso uma personalidade especial para essa função?
Sim, é verdade. Outro dia li uma reportagem sobre um jogo que apitei. No fim, punham o meu nome e uma avaliação. Só duas palavras: "anonimamente competente". Pensei: "Perfeito". É o que todos queremos ser como árbitros: competentes de forma anônima. Mas o jogo nem sempre acontece de um jeito em que podamos nos manter anônimos. Às vezes você precisa aparecer. Por isso, é uma satisfação enorme sair do estádio sabendo que não teve complicação. Você volta para casa se sentindo o máximo. Mesmo se ninguém falar, você sabe que contribuiu.
                Da esquerda para à direita, Mike Mullarkey,  Howard Webb e Yuichi Nishimura 
E quanto à final entre Espanha e Holanda na África do Sul? Qual é maior lembrança daquela noite em Johanesburgo?
É a de caminhar em direção ao gramado, pegar aquela (bola) Jabulani dourada e passar ao lado da taça da Copa do Mundo. Já a tinha visto muitas vezes na minha vida, na TV ou as réplicas, mas estar diante da verdadeira... É a peça de metal mais brilhante que já vi na minha vida! Uma estátua de ouro com o mundo em cima, aquela base verde... É incrível.
Dava vontade de erguê-la?
Sim! (Risos). Seria o meu sonho fazer isso como capitão um dia. É uma grande honra ter podido estar lá. É só falar disso que os meus pelos – não os da cabeça, que aí não tenho, mas os da nuca – se arrepiam. Foi fantástico. Aquela final mudou a minha em todos os sentidos.
Quantas vezes você voltou a vê-la?
Quer saber? Uma. Uma única. E esperei um mês para fazer isso. Chamei um amigo em casa e vimos o jogo inteiro. Queria guardá-lo na memória, pelo que aquele momento representou. Por isso não vi mais. Foi um jogo difícil, mas acho que foi melhor do que eu senti enquanto ele estava acontecendo. Eu estava muito concentrado no trabalho naquela noite. Agora, guardo aquilo na minha cabeça e no meu coração.
Você deve ter muitas histórias daquela noite. Pode contar alguma, agora que já passou tanto tempo?
Tenho várias, claro... (Pensa). Eu me lembro de estar saindo de campo para procurar o meu pai, que estava na arquibancada. Foi ele quem me iniciou neste caminho... Ele estava com uma bandeira da Inglaterra e me disse: "Você não sabe jogar, mas sabe apitar". Foi demais! (Solta uma gargalhada).
Depois de ver o jogo em vídeo, mudaria alguma decisão?
Talvez uma ou dois, pode ser. Mas na hora você tem que apitar com base na informação que tem e o ângulo no qual se encontra. Foi um jogo duro, difícil. Você aprende com essas situações. Eu preferiria que nós não tivéssemos nos envolvido tanto no jogo. Sempre queremos que as pessoas comentem sobre como a partida foi incrível, sobre os gols... Mas aquele foi um encontro muito intenso e equilibrado. É assim, você tem que lidar com aquilo que aparece, fazer o que acha que é melhor e com a melhor das intenções. E foi o que fizemos.
Se a Inglaterra avançar na Copa do Mundo, as suas chances de apitar as fases finais diminuirão. Como lida com essas situações durante o torneio?
Somos apaixonados por futebol e é lógico que queremos que a nossa seleção vá bem. Sabemos que, se isso acontecer, se a Inglaterra ganhar a Copa do Mundo, haverá um impacto positivo enorme para o nosso futebol. A melhor maneira de encarar isso é não pensando muito, porque não podemos controlar. Tudo é lucro: se a Inglaterra for bem, vou comemorar. Se não for, então será uma boa oportunidade para nós. Iremos ao Brasil realmente esperando que a nossa seleção faça o melhor possível. Se ela chegar longe e nós tivermos que voltar para casa... Bom, desde que tenhamos feito um bom trabalho, estaremos satisfeitos.

Fonte: Fifa.com

domingo, 30 de março de 2014

Após 12 anos, Fifa autoriza a utilização do spray na Copa do Mundo

Comum em campeonatos nacionais, o spray, criado para postar a barreira a 9,15 metros da bola, nas cobranças dos tiros livres direto e indireto, obteve o reconhecimento e autorização da Fifa e da International Association Board (IFAB), para ser utilizado pela primeira vez em uma Copa do Mundo. A confirmação da utilização do spray pela arbitragem no Mundial de futebol no Brasil, aconteceu no período de 24 a 29/03/2013, durante o primeiro seminário de um total de três, que a Fifa está realizando em Zurique, ao grupo de árbitros selecionados para o acontecimento que ocorrerá em solo brasileiro. 
Os apitos da Uefa, Oceania, África e Concacaf, receberam treinamentos específicos durante o seminário no campo de jogo, de como manusear o spray durante o transcurso das partidas, independente das condições climáticas nos dias das partidas.
     Divulgação
                       O árbitro Felix Brych (Fifa/Alemanha), desenvolveu treinamento com o spray no seminário da Fifa.
O objetivo dessa ferramenta é propiciar ao árbitro, condições de fixar os atletas na posição exata de 9,15m, conforme preconizado na Regra XIII - Tiros livres – (direto e indireto).  E, quando não existir marcação na linha de fundo na cobrança do tiro de canto, o árbitro poderá utilizar o spray e demarcar os 9,15 metros de distância do quarto de círculo de canto, orientou a Fifa.
O spray,  foi criado e inspirado em espuma de barbear em 2000. O produto é feito a partir de uma composição simples: espuma volátil biodegradável e pode durar por até um minuto sobre a grama. Um ano depois da sua invenção e eficácia, passou a ser usado pelos  árbitros nas competições da CBF. Em 2008, a  Conmebol depois de uma série de experimentos implementou-o nos seus torneios .
Registrado como Spuni, o spray foi criado por um morador de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, Heine Allemagne. Ele assistia uma partida de futebol, quando o comentarista Galvão Bueno da Rede Globo de Televisão, falou sobre a dificuldade da arbitragem em posicionar os atletas da equipe infratora a ficarem a 9,15 metros da bola, na barreira. “Pensei em algo provisório e que fizesse uma linha reta. Então, lembrei da espuma de barbear, fiz o teste e deu certo”.  “Mas imaginei no momento que não me dariam muita atenção, lembra o inventor do spray".

Diante do acima mencionado, o criador do experimento, formatou um projeto e apresentou em primeiro plano, à Federação Mineira de Futebol (FMF), que aprovou o uso do mecanismo pelos árbitros. A estreia ocorreu em 2000, durante a Taça BH de Juniores, em caráter experimental. Segundo Allemagne, o spray teve 100% de êxito nos testes. Para o diretor administrativo da Comissão de Arbitragem da Federação Mineira de Futebol, Juliano Lopes Lobato, o Spuni é um complemento indispensável. Antes tínhamos mais dificuldade em demarcar a área. Hoje, fazemos isso com mais facilidade e precisão – disse o diretor.
A CBF gostou da ideia e usou o spray, também de forma experimental na Copa João Havelange (Campeonato Brasileiro) em 2001. A instituição só reconheceria o equipamento desde que os 27 árbitros fizessem uma declaração de próprio punho informando o que acharam do spray. De acordo com Heine, todos os árbitros aprovaram.

Com a aquiesciência da Fifa e da (IFAB), o  spray poderá ser usado a partir do dia 1º de junho do ano em curso em todas as partidas de futebol no mundo, inclusive no Campeonato Europeu de 2012 e na Copa de 2014, que inicia no próximo dia 12 de junho.
Passar por uma avaliação tão rigorosa é uma conquista. Não entraria nessa luta senão fosse para conseguir este resultado. Mas a premiação definitiva de verdade, irá acontecer quando eu ver o spray sendo usando no meu país durante a Copa do Mundo. Será o meu troféu por 12 anos de luta, finalizou, Heine Allemagne.

Howard Webb afirma que árbitros têm consciência da responsabilidade

O inglês Howard Webb (foto), árbitro da final da Copa do Mundo/2010 que atuará novamente no Mundial do Brasil, em junho, afirmou que os profissionais do apito sabem da responsabilidade que têm sobre os resultados das partidas.                            Divulgação
 Existe uma preparação específica para um árbitro de Copa do Mundo?
"Sempre há algo a se ter em mente, como proteger os jogadores do jogo violento e proteger também as regras do esporte. Neste ano no Brasil, teremos o spray temporário (para fazer marcações no campo) que vai permitir manter a defesa na distância correta da bola em cobranças de falta. Teremos também a ajuda da tecnologia sobre a linha do gol. É algo com o qual estou familiarizado, já que isso é usado na Premier League. A tecnologia da linha de gol também foi usada na Copa das Confederações e foi uma boa experiência. Confiamos no sistema".          
Divulgação
Você é uma das figuras mais reconhecidas da arbitragem mundial. Você acredita que os jogadores te respeitam mais por isso?
"Não acho que os jogadores tenham medo de mim, espero só que me respeitem. Grande parte do contato que tenho com os jogadores é positivo, seja com os atletas veteranos ou os jovens. É claro que as emoções dentro de campo são mais intensas porque o resultado da partida é importante. Quanto mais os jogadores te conhecem, mais eles confiam em você. Eu estou na profissão há um bom tempo e imagino que eles têm a impressão de me conhecer melhor. Eu tenho muita experiência, e isso é necessário para apitar uma final de Copa do Mundo. Isso não acontece da noite para o dia, somos atletas há muito tempo e vamos aperfeiçoando nosso trabalho, o que nos permite acompanhar o nível do futebol atual".
Você acredita que é mais difícil ser árbitro hoje e conviver com as reações instantâneas nas redes sociais?
"Esse fato aumenta ainda mais a atenção do público em um jogo, o que cresceu muito em 20 anos, quando comecei a apitar. A atenção sobre o futebol não parou de crescer. É muito importante para muita gente de maneiras muito diferentes, e isso nós sentimos. Sabemos da responsabilidade que temos e sabemos que se cometermos um erro, isso pode acarretar uma grande reação. É algo difícil para nós, que sempre tentamos ser o mais precisos possível. O lado bom da nossa profissão, quando tudo dá certo - e na maior parte do tempo tudo dá extremamente certo -, é a alegria imensa de poder fazer parte do espetáculo".
Fonte: AFP/Por Stéphanie Pertuiset

sexta-feira, 28 de março de 2014

Fifa endurece o vestibular do apito

               Da esquerda para à direita, Marcelo Van Gasse, Sandro Ricci (com a bola) e Emerson Carvalho

Assim que anunciou os nomes dos árbitros e assistentes selecionados para a Copa do Mundo no Brasil, a Fifa estabeleceu que a entidade faria três seminários à arbitragem, objetivando o aprimoramento dos homens de preto, que irão atuar na maior competição futebolística do planeta. Também foi divulgado, que os seminários seriam presididos pelo vice-presidente da Fifa e presidente do Comitê de Arbitragem, Jim Boyce.
O primeiro evento, teve início na segunda-feira (24) e termina amanhã, sábado, em Zurique, na Suíça. Esse seminário está sendo destinado aos árbitros e assistentes da Uefa (Europa), AFC (Ásia) e OFC (Oceânia).  Além do "fair-play", Massimo Busacca, o chefe dos apitos da entidade internacional, está abordando a parte técnica e tática do jogo e os conhecimentos que a confraria do apito mundial devem ter da cultura das 32 seleções, que disputarão a Copa do Mundo.
Além do exposto, a Fifa  aplicou aos 17 árbitros e 31 assistentes diversos exames médicos, físicos, psicológicos e técnicos para obter um panorama das suas atuais condições. Também, elaborou e apresentou aos árbitros um manual das regras para o Mundial.
Foi ministrada ainda, uma nova abordagem ao aspecto técnico: a análise de situações de jogo em vídeo foi usada com o objetivo de oferecer uniformidade e coerência de mudar a mentalidade em relação às táticas. Os árbitros tiveram a oportunidade de se expressar e compartilhar suas opiniões a respeito da leitura do jogo, além de poder entender diferentes pontos de vista.
Os apitos e bandeirinhas também fizeram atividades práticas em uma série de situações reais de jogo, usando jogadores das equipes sub-21 e sub-18 do FC Zurique, com a intenção de chegar a uma uniformidade em seu processo de tomada de decisões e seu posicionamento.
"Tivemos um grupo de árbitros e assistentes realmente motivados aqui na sede da Fifa nesta semana. Estou muito feliz com a dedicação e o trabalho deles", disse o diretor técnico da Fifa, Massimo Busacca.
O segundo seminário, acontece de 07 a 11 de abril próximo, também em Zurique, e aí teremos os árbitros e assistentes da Conmebol (América do Sul), CAF (África) e Concaf (América do Norte, América Central e Caribe).  Na segunda fase, a trempe brasileira composta por Sandro Meira Ricci (árbitro) e os assistentes Emerson Augusto Carvalho (Fifa/SP) e Marcelo Carvalho Van Gasse (Fifa/SP), participarão do evento. A Fifa já enviou as passagens ao triunvirato do Brasil, que viaja no próximo dia 4 de abril. A última etapa da preparação do time do apito para a Copa, acontece em território brasileiro, no Rio de Janeiro, entre os dias 1º a 10 de junho.
Mas nem tudo são flores nesta reta final aos árbitros e assistentes que almejam vivenciar o Mundial. A Fifa anunciou que qualquer problema que ocorra com os selecionados durante os seminários, haverá uma avaliação minuciosa dos fatos. Porém, no temível teste físico (padrão Fifa), não haverá condescendência com ninguém, ou seja, ele é eliminatório, disse Busacca.
                                   
O árbitro Felix Brych (Fifa/Alemanha), analisa o seu desempenho após a realização do teste físico da Fifa.
PS: No seminário de aprimoramento da arbitragem para o Mundial que acontece na sede da Fifa, em Zurique, após o teste físico, é disponibilizado um computador para que cada árbitro e assistente individualmente, analise o seu desempenho e faça as correções necessárias.  

quinta-feira, 27 de março de 2014

Simon ganha de goleada de Peninha

Depois de sete anos, chegou ao fim o processo que o ex-árbitro Carlos Simon (foto) moveu contra o jornalista Eduardo Bueno, o Peninha, e a Editora Ediouro Ltda. Na ação judicial, Simon reivindicou a reparação e indenização por danos morais e à sua imagem, decorrentes de injurias publicadas em 2005 no livro Grêmio - Nada Pode Ser Maior de autoria de Eduardo Bueno. Na obra, o escritor alinhou o nome de Simon entre os árbitros que "surrupiaram" o Grêmio. Simon ajuizou a ação em 2006 e, depois de sete anos, o judiciário definiu a sentença que determina que seu nome seja excluído de futuras edições ou reimpressões do livro Grêmio - Nada Pode Ser Maior. Além disto, em outubro de 2013 iniciou-se a Execução da Sentença, cuja indenização atualizada atingiu cerca de R$ 84 mil, valor suportado integralmente pela Editora, pois, segundo consta dos autos do processo, não foram encontrados saldos bancários em nome do escritor.
                                                 Apito do Bicudo
Da esquerda para à direita, Carlos Chandía (Fifa/Conmebol), Carlos Alarcón (Fifa/Conmebol), Silvia Regina de Oliveira (CBF/Fifa), Oscar Ruiz (Fifa/Conmebol) e Carlos Simon
No texto da sentença, um dos magistrados observa que Eduardo Bueno "deveria ter agido com maior zelo e cuidado quando da escrita, sem mencionar nomes, ou, ao mencionar, ser mais ameno em seus comentários, a fim de dizer que o árbitro não fora exato em suas decisões em campo". Ademar Pedro Scheffler, advogado do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado do Rio Grande do Sul e advogado de Simon no processo, ouvido a respeito declarou: "foi uma demanda que durou mais de sete anos, com inúmeros recursos, incluindo dois Recursos Especiais apreciados pelo Superior Tribunal de Justiça. Simon venceu de goleada em todas as instâncias. A decisão da Justiça mostra, mais uma vez, que a manifestação de pensamento no Brasil é livre, desde que não haja excessos. E, exatamente por acusações infundadas e públicas é que Peninha foi condenado. Que a decisão do Judiciário produza o devido efeito pedagógico", encerrou o advogado Schefller.
Fonte: Safergs

Árbitro vítima de racismo apitará Gre-Nal decisivo pelo Campeonato Gaúcho

Gazeta Press
Márcio Chagas apitará o segundo jogo da decisão entre Internacional x Grêmio
Márcio Chagas apitará o segundo jogo da decisão entre Internacional x Grêmio
O Campeonato Gaúcho de 2014 jamais será esquecido pelo árbitro Márcio Chagas da Silva. Vítima de racismo no início deste mês, o profissional do apito foi anunciado nesta quinta-feira como o responsável por arbitrar o segundo jogo da decisão entre Internacional x Grêmio, marcada para o próximo dia 13, provavelmente no Beira-Rio.
Márcio Chagas da Silva ficou marcado por mais um péssimo exemplo de nossa sociedade. No duelo entre Esportivo x Veranópolis, em Bento Gonçalves, o árbitro foi vítima do comportamento inaceitável de racismo de alguns torcedores, que insultaram e atiraram bananas no carro do juiz após o fim da partida.
O árbitro relatou na súmula todo o ocorrido. Entretanto, o TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) do Rio Grande do Sul puniu o Esportivo somente com cinco mando de campos e multa de R$ 30 mil em virtude das injúrias racistas dos seus torcedores.
Enquanto Márcio Chagas terá a responsabilidade de apitar o segundo jogo, o experiente Leandro Vuaden será o responsável por arbitrar o duelo deste domingo, na Arena do Grêmio. Por possuir melhor campanha, o Internacional decidirá o título estadual diante dos seus torcedores.
O Campeonato Gaúcho de 2014 também será marcado pelo retorno dos clássicos Gre-Nais nas decisões. Pela primeira vez desde 2011, o grande duelo entre os gigantes do estado decidirá o estadual. O Inter busca o tetracampeonato, enquanto o Grêmio busca a primeira taça desde 2010.
Por ESPN.com.br

segunda-feira, 24 de março de 2014

Brasil, um país de contradições: plural e racista simultaneamente

"Na tristeza de tomar um chimarrão sozinho, em um domingo chuvoso, me recordei das andanças dos tempos de árbitro e a boçalidade do racismo de arquibancada".

Domingo de chuva no Rio de Janeiro - a cidade não fica tão maravilhosa para a maioria das pessoas. Para mim, que sou gaúcho, este clima proporciona o convite irrecusável a tomar um "chima". Durante a preparação do "amargo" fui lembrando da agradável palestra que proferi no sábado (22), em Barra do Piraí, no interior do Rio de Janeiro, onde estavam pessoas de todas as regiões esbanjando a riqueza de expressões que constituem este nosso país. 
Caso decidisse escrever um texto somente com as expressões usadas no Rio Grande do Sul, dificilmente as pessoas compreenderiam em sua totalidade o sentido e o sentimento que acompanham tais regionalismos. Quando falamos em tomar um "chima", por exemplo, estamos nos referindo a matar uma sede que não é só do corpo, mas também da alma que é a de estar próximo da nossa terra e dos  nossos. Daí surgem na memória versos do maior payador gaúcho de todos os tempos, Jayme Caetano Braun: "é triste matear sozinho". E assim uma coisa puxa a outra, de versos e memórias é que se fazem os homens. 
Mas voltemos à palestra em Barra de Piraí. Lá tive a oportunidade de encontrar o Brasil representado em todas as suas regiões com a pluralidade de expressões. Tudo isso me fez recordar de quando apitava e o quanto aprendi com tanta riqueza cultural. Quando ia a algum lugar novo, sempre prestava muita atenção no vocabulário e nos costumes de cada população. Para que o tempo passasse o mais rápido possível, eu e os assistentes íamos comentando as curiosidades encontradas e novas palavras iam surgindo, ampliando nossos horizontes e qualificando nossa visão de mundo. Em todos os estados brasileiros pudemos ver a contribuição incoteste da cultura afro indígena desde a cor da pele à culinária, do vocabulário às músicas e gingados. 
Por essas e outras que neste país multi e pluricultural é inadmissível discriminação racial ou de qualquer outra natureza. Ainda que o Rio Grande do Sul sinta-se honrado por ser berço de tantos imigrantes europeus, por lá também índios e negros ajudaram a construir o estado a ser o que é. Temos uma dívida histórica derivada do triste episódio dos Lanceiros Negros, onde centenas de negros foram covardemente assassinados ao final da Revolução Farroupilha. Entretanto a dívida mais antiga e tão aviltante quanto esta é com os verdadeiros donos da terra: os índios guaranis, charruas praticamentes dizimados e esquecidos em seus direitos.
Somos todos Márcio Chagas, Tinga, Arouca e tantos outros anônimos humilhados e ofendidos!  

O árbitro das Américas vem aí



                                                Conmebol
O título em epígrafe realça a importância da designação pela Conmebol, do melhor árbitro de futebol da América Latina e eleito o sexto melhor da modalidade pela Federação Internacional de História e Estatística de Futebol, em 2013, para dirigir na quarta-feira (26), Atlético/PR x Velez Sarsfield/Argentina, pela Copa Libertadores da América, na Vila Capanema. Falo de Wilmar Roldán (foto/Fifa/Colômbia).

O indigitado árbitro é fruto de um projeto desenvolvido pela Federação Colombiana de Futebol, desde os 14 anos de idade, quando na adolescência foi descoberto apitando partidas dos torneios de futebol amador na cidade de Antioquia.

Dado o seu talento e vocação para a arbitragem, foi convidado a fazer o curso de árbitros e em fevereiro de 2003, fez sua estreia no prélio Milionários x Once Caldas, no Campeonato Colombiano de futebol. Dali em diante sua carreira teve um ascensão raras vezes vista num homem de preto.

Tanto é verdade que em 2007, o presidente da Comissão de Árbitros da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), e o mais longevo membro do Comitê de Arbitragem da Fifa, Carlos Alarcón, um dos maiores incentivadores da carreira de Roldán, convocou-o para o teste da Fifa.

Aprovado em todos os quesitos com notas acima da média, Wilmar Roldán, foi elevado ao quadro da Fifa em janeiro de 2008, com a idade de 28 anos, o que o tornou o mais jovem árbitro a ostentar o escudo da entidade internacional.

Em 2012, foi convocado pela Fifa para atuar nas Olimpíadas de Londres (Inglaterra), onde teve excelente performance. Roldán é também o apito mais jovem que já dirigiu uma final da Copa Libertadores, e o único nas  últimas décadas, que apitou duas finais consecutivas da maior competição da América do Sul. Em 2012, comandou com brilhantismo Corinthians/SP x Boca Juniors/Argentina, e, em 2013, foi perfeito na finalíssima, Atlético/MG x Newell”s Old Boys/Argentina. Antes da final da Libertadores do ano que passou, a Fifa convocou-o  para o Campeonato Mundial Sub-20, realizado na Turquia. E, por derradeiro, em que a pese a entidade que controla o futebol no planeta não confirmar abertamente, Wilmar Roldán, Howard Webb (Inglaterra), Pedro Proença (Portugal), Felix Brich (Alemanha),  Ravshan Irmatov (Uzbequistão) e Cüneyt Cakir (Turquia), formam o sexteto de ouro da Fifa para comandar as principais pelejas da Copa do Mundo que começa no próximo dia 12 de junho.

PS: Pela primeira vez no atual Campeonato Paranaense, ontem, no Paraná Clube 0 x 2 Atlético/PR, observei um árbitro bem posicionado, saindo da clássica diagonal quando necessário, interpretando e aplicando corretamente as Regras de Futebol, agindo com equilíbrio, com inteligência, frieza, às vezes educado e polido, dependendo das circunstâncias, porém, quando necessário, utilizou de energia para manter a disciplina e o Fayr -Play, na condução da partida. Refiro-me a excelente arbitragem de Fabio Filipus.     

domingo, 23 de março de 2014

Após entrevista, árbitro pede para não apitar clássico Náutico x Santa Cruz

Uma entrevista fez com que o árbitro Cláudio Mercante (foto) pedisse para não comandar Náutico x Santa Cruz, neste domingo, na Arena Pernambuco, pela oitava rodada do hexagonal decisivo do estadual. O juiz foi sorteado na última quinta como responsável pelo Clássico das Emoções, mas enviou hoje uma carta para a Comissão Estadual de Arbitragem (Ceaf-PE) na qual quis que seu nome fosse retirado.
O pedido aconteceu depois de uma entrevista dada por Cláudio Mercante ao Diário de Pernambuco no mesmo dia em que foi escolhido como árbitro do clássico. Nela, ele voltou a jogar luz sobre um dos jogos mais polêmicos dos últimos anos em Pernambuco: a ida da final de 2011 entre Sport e Santa Cruz.
Na Ilha do Retiro, em 8 de maio, Mercante não expulsou o zagueiro coral Thiago Matias logo no ínicio do duelo após falta feita quando era o último homem - ele recebeu amarelo no lance. Depois, o defensor cometeu outra infração quase na linha da área e poderia ter sido expulso. Não foi. No final, o Santa Cruz derrotou o Sport por 2 a 0 e confirmou o título no Estádio do Arruda sete dias depois.
Gazeta Press

Árbitro Cláudio Mercante durante jogo Sport x Náutico do Pernambucano de 2011
À época, o árbitro disse ter recebido ameaças de morte de torcedores do Sport. Ele acabou recebendo uma "geladeira" e não apitou clássicos pernambucanos por quase três anos (pela CBF, comandou jogos do Campeonato Brasileiro). O jejum ia acabar exatamente domingo.
Na entrevista concedida nesta semana, Cláudio Mercante culpou a pressão do então presidente da federação pernambucana (FPF), Carlos Alberto Oliveira, sobre os árbitros para que não houvesse expulsão no começo das partidas do estadual. "Errei e reconheço isso. Mas na época trabalhavamos com muita pressão e não poderíamos expulsar ninguém no começo do jogo. E infelizmente aconteceu aquele lance. Deveria ter aplicado a regra e expulsado o jogador do Santa Cruz. Mas existia essa determinação da diretoria de não expulsar nenhum jogador no início das partidas. Se fosse o contrário, se fosse com um zagueiro do Sport, também não expulsaria".
"Essa partida me marcou porque não pude aplicar a regra do jogo. Mesmo assim levei o restante da partida bem emocionalmente. Do contrário poderia fazer mais besteira durante o jogo", defendeu-se Cláudio Mercante. A repercussão foi gigante em Pernambuco por todos os lados.
Em novo sorteio, Gilberto Castro Júnior foi escolhido árbitro do clássico. O Náutico lidera o hexagonal final com 14 pontos, um à frente do Sport e com três de vantagem para o Santa Cruz.
Fonte: ESPN.COM.BR

sexta-feira, 21 de março de 2014

Observadores de árbitros desempenham função importantíssima

por Mark Chaplin
de Nyon
Observadores dos árbitros com papel vital
Os observadores de árbitros Zdravko Jokić (Sérvia), Gerard Perry (República da Irlanda), Konrad Plautz (Áustria) e Peter Jones (Inglaterra) num recente curso de observadores de árbitros da UEFA, em Dublin. ©Sportsfile


 

Em qualquer jogo de uma competição da Uefa, um homem ou mulher estará sentado na bancada a prestar especial atenção à equipe de arbitragem. Trata-se dos observadores de árbitros da Uefa – e o seu papel é crucial para ajudar o organismo gestor do futebol a identificar os árbitros de topo para o futuro, ao mesmo tempo que auxiliam no treino dos árbitros a cada jogo que efetuam.
A Uefa utiliza 214 observadores de árbitros propostos pelas federações, incluindo 30 observadoras. Em princípio, são eles próprios ex-árbitros internacionais com notório saber sobre as Regras de Futebol, que observam e avaliam os desempenhos dos árbitros, para além de acompanhá-los e interrogá-los em todos os jogos. "Utilizamos a sua experiência", diz o delegado de arbitragem da entidade europeia, Hugh Dallas. "Os antigos árbitros internacionais possuem tanta experiência que é imperativo que ela seja transmitida a outros".
Desde torneios jovens até à fase final de uma Eurocopa, os observadores de árbitros fornecem informação nos seus relatórios sobre o desempenho do quarteto de arbitragem que é essencial para o Comitê de Arbitragem da Uefa desenvolver as suas tarefas, especialmente em termos de promoção e qualificação dos árbitros.
O sistema de classificação é baseado na avaliação de um árbitro como "excelente", "muito bom", "bom", e assim sucessivamente, sendo que o observador de árbitros também anota comentários relacionados com o desempenho. O Comitê de Arbitragem da Uefa decidiu sobre as promoções e o Ranking de 2014, e cada árbitro na lista da entidade nas diversas categorias – masculina e feminina – foi discutido ao pormenor, diz Dallas. Precisamos ter conhecimento suficiente sobre esse árbitro em jogos anteriores - os seus jogos, o nível do jogo que dirigiu, o nível da competição, os desempenhos, os seus índices físicos, etc..
Precisão e consistência são vitais num relatório. Temos de nos assegurar que a classificação é precisa e que reflete os comentários, refere Dallas.
À medida que os árbitros vão subindo de nível, são nomeados para competições diferentes - e será enviado um observador específico para observá-lo. À medida que vão progredindo na hierarquia, são monitorizados para aferir a forma como lidaram com diversas situações.
Quando um árbitro está a caminho do nível máximo, um observador de árbitros assume um papel de "treinador" especial. O observador de árbitro chega ao local no dia antes do jogo, diz Dallas. Começa a avaliar o árbitro ao participar na reunião organizacional, na manhã do jogo. Está com a equipe de arbitragem em todos os momentos, e pode inclusive assistir à reunião pré jogo do árbitro, antes da partida para o estádio. Depois, já no estádio, o seu trabalho é avaliar o desempenho dos árbitros. No final do desafio, recebe um DVD do jogo. Ele terá tomado algumas notas sobre diversos incidentes, e essas notas e incidentes serão preparadas para a equipe de arbitragem. Posteriormente, realizar-se-à um interrogatório completo pós jogo com todos os elementos da equipe de arbitragem.
Mais tarde, no espaço de 48 horas, o observador de árbitros submete um relatório detalhado à Uefa, e a nota vai incluir todos os diversos aspectos do jogo, incluindo pontos a melhorar e áreas positivas. Esse relatório é aprovado, pelo Comitê de Arbitragem da Uefa, e depois é disponibilizado ao árbitro e à sua federação.
Aplica-se uma nota a cada parâmetro – dentro do sistema classificativo, são dadas várias diretrizes, onde os observadores de árbitros descontam um ponto por um aspecto negativo no jogo - um cartão que não foi atribuído ou dado desnecessariamente, ou um erro grave. Mas no global, diz Dallas, "os árbitros não deixam de ser candidatos a promoção de categoria com base num desempenho que esteve abaixo do padrão da Uefa".
Os observadores de árbitros têm de saber se um árbitro consegue aceitar as críticas, e saber quando abordar um árbitro com sensibilidade. É preciso começar a preparar um árbitro para o seu próximo jogo a partir do momento em que ele deixa o gramado, explica Dallas. "Se ele teve um jogo difícil, os observadores sabem o que o árbitro está a passar, porque já estiveram na sua situação. Alguns árbitros podem adotar uma postura defensiva no interrogatório, enquanto outros aceitam as críticas, querem aprender e seguir em frente. Apenas um ex-árbitro pode realmente conseguir lidar com um árbitro nesta situação.
Para fazer o seu trabalho de forma eficaz, a Uefa realiza cursos de observadores de árbitros regularmente, onde os observadores, entre outras coisas, assistem as competições da entidade europeia Champions League e Liga da Europa, e elaboram um relatório completo sobre ele, e são submetidos a uma simulação de um interrogatório pós jogo, com os membros do Comitê de Arbitragem a "agirem" como árbitros. É um programa educativo contínuo, diz Dallas, onde atualizamos os observadores sobre mudanças e alterações nas Regras de Futebol, bem como sobre qualquer nova diretriz que o Comitê de Arbitragem da Uefa transmitiu aos árbitros e árbitros assistentes nos seus recentes cursos.
"Temos de garantir que mantemos os observadores atualizados, por isso realizamos seis cursos de observadores de árbitros durante um período de dois anos, e cada observador de árbitros, masculino e feminino, é convidado para participar  dos seis cursos".
Os cursos também fornecem uma partilha de conhecimento valiosa. Ao reuni-los, diz Dallas, ficamos a conhecer o que se passa em cada federação, por isso os observadores ouvem boas ideias e implementam-nas no seu próprio país, o que torna o aspecto da interligação muito positivo. É importante continuar a ter estas reuniões, pois é a arbitragem quem sai beneficiada.
Fonte: Uefa 


Marcos notáveis do CORE

por Mark Chaplin
de Nyon
Marcos notáveis do CORE
Da esquerda para a direita: Iñaki Vicandi Garrido, David Elleray e Rune Pedersen ©Getty Images

 
Desde que foi lançado em Setembro de 2010, o Centro de Excelência de Arbitragem da Uefa (CORE), em Nyon, provou o seu imenso valor no treino e preparação de árbitros de ambos os sexos para o futuro. Na sua última sessão, o programa CORE atingiu dois marcos notáveis – a participação do 500º árbitro/assistente e do 100º treinador.

O jovem árbitro espanhol Iñaki Vicandi Garrido é o orgulhoso detentor da etiqueta "Mr 500", enquanto o treinador Rune Pedersen – antigo árbitro na Noruega e que participou em jogos no Campeonato do Mundo 1998 bem como na Uefa Champions League – foi distinguido com o "centenário".
A cada ciclo de dois anos, as federações são convidadas a enviar para o CORE um árbitro e dois assistentes que demonstram o seu potencial para se tornarem árbitros da Fifa. Sob a direção do antigo árbitro de topo David Elleray, membro do Comitê de Arbitragem da Uefa, todos os cursos do CORE incluem dez dias de sessões introdutórias, seguidos, alguns meses mais tarde, de mais oito de um curso de consolidação. Em particular, é concedida aos árbitros a oportunidade de apitar jogos na Suíça e França, amealhando uma experiência crucial.
Cada curso do CORE envolve oito trios de arbitragem que trabalham de perto com quatro treinadores de árbitros, dois treinadores de árbitros assistentes e quatro de treino de aptidão. O segmento Introdutório foca-se na aprendizagem, enquanto o subsequente curso de consolidação visa o progresso conseguido e os objetivos atingidos pelos árbitros na sua arbitragem, aptidão e inglês. Os árbitros mantêm contato regular com os seus treinadores entre os cursos Introdutório e de Consolidação.
"Estamos particularmente contentes por termos atingidos estes marcos", disse Elleray ao Uefa.com. "Significa que chegamos a todos os países dentro da Uefa, uma parte deles três ou quatro vezes, bem como a alguns países fora da entidade. Chegam-nos diferentes treinadores a cada curso, mas temos um grupo que comparece regularmente; uma parte crucial do programa CORE é o desenvolvimento dos treinadores."
Quase 200 árbitros que participaram no programa CORE tornaram-se árbitros da Fifa. "Através do CORE eles ficam muito melhor preparados", disse Elleray. "A sua evolução é muito mais rápida e os seus primeiros jogos mais bem-sucedidos porque entendem o que é necessário possuir para terem sucesso. Têm um melhor conhecimento dos requisitos para o futebol internacional."
Pedersen é um experiente conselheiro da Uefa para os jovens árbitros. "Temos debates detalhados com os árbitros, vemo-los a treinar e observamos os seus jogos, e ajudamo-los a definir os seus objetivos – depois voltamos em outubro e avaliamos o progresso que tiveram", explicou. "Os cursos do CORE dão-nos tempo para trabalhar com os árbitros e partilhar com eles todos os desafios que vão ter. Esperamos poder dar-lhes o que aprendemos enquanto árbitros."
"Desenvolver um árbitro, hoje em dia, é muito diferente do passado", acrescentou Pedersen. "Os jovens árbitros estão muito preparados e com vontade de aprender. A filosofia e estrutura do CORE foram adotadas por muitas federações. Vemos que esses árbitros estão agora mais bem preparados para o cenário internacional."
Iñaki Vicandi Garrido, de 28 anos, veio de Bilbau. Tendo começado a apitar com 13 anos disse: "Enquanto os outros rapazes na escola queriam jogar eu preferia apitar os jogos deles." Foi promovido às categorias nacionais com 18 anos e está agora habilitado para jogos da segunda divisão espanhola.
"É um grande desafio e também nos confere responsabilidade", disse da sua participação no curso do CORE. "Represento, aqui, o meu país, bem como a Uefa. Vou dar o meu melhor – sei que sou um felizardo por estar aqui e, por isso, quero aprender o máximo com o curso."
"Tenho aprendido muito com os treinadores e com o David [Elleray]," acrescentou Vicandi Garrido. "Estou ansioso por apitar na Suíça e tentar aplicar o que aprendi aqui na Espanha e começar a aplicar os ensinamentos do curso CORE, que vão, certamente, ajudar-me a ser um árbitro melhor."
Elleray falou da ligação especial entre os árbitros CORE. "O que temos vindo a descobrir nos mini torneios ou em outros campeonatos é que quando os árbitros CORE se reúnem, mesmo não sendo do mesmo curso, sentem-se parte de uma família especial", disse. "Os observadores de árbitros dizem que sabem distinguir quem foi um árbitro principal ou assistente do CORE através da sua preparação profissional." Genuína prova de qualidade - outros marcos vão acontecer no futuro num programa de árbitros da Uefa cada vez mais forte.

quarta-feira, 19 de março de 2014

25 anos, bonita e árbitra: gostava que ela o expulsasse?

A arbitragem na Itália tem uma nova protagonista. Chama-se Elena Tambini (foto), tem 25 anos e é extremamente bonita. As fotos são as principais testemunhas abonatórias do que dizemos.
Além de ser a única mulher a estar nos escalões profissionais do futebol italiano, Elena trabalha em part-time como modelo. Pode não ter a competência do compatriota Pierluigi Collina, mas merece muito mais tolerância e compreensão de nossa parte.
Gostava que ela lhe mostrasse um cartão vermelho? 

Fonte: Mais Futebol

segunda-feira, 17 de março de 2014

Acabar ou impedir uma oportunidade clara de gol

                                                                                          Divulgação
A Fifa diz que há duas infrações puníveis com expulsão (cartão vermelho) que se relacionam ao ato de acabar ou impedir uma oportunidade clara de gol do adversário. Também determina o manual das Regras de Futebol da entidade que controla o futebol no planeta, que para o árbitro sancionar o infrator independe se a infração aconteceu dentro ou fora da área penal.
Outros sim, se o árbitro aplicar a lei da vantagem durante o transcorrer de uma jogada clarividente de gol e ele for consignado diretamente, apesar de o adversário tocar a bola com a mão ou cometer uma falta, o atleta infrator não será expulso, mas poderá ser advertido com cartão amarelo. Portanto, o lance em que o meia Elton do Paraná Clube, finta o arqueiro rubro-negro Rodolfo, não se enquadra neste parágrafo.  
Aqui cabe uma explicação: Se a infração praticada for passível de cartão vermelho, não há outra alternativa ao árbitro a não ser cumprir a regra. Ou ainda, se o atleta infrator já tiver recebido o cartão amarelo, é óbvio que o segundo cartão será o vermelho. No manual das Regras de Futebol 2013/2014 da Fifa, que me foi enviado  pelo insigne diretor da Escola  Nacional de Arbitragem da CBF, o instrutor de arbitragem da Conmebol/Fifa, Sérgio Corrêa da Silva, diz que: O árbitro considerará as seguintes circunstâncias no momento de decidir pela expulsão de um jogador, que acaba/impede uma oportunidade clara de gol.
1)  A distância entre o local da infração e a meta.
2)  A probabilidade de o atleta manter ou controlar a bola.
3)  A direção da jogada.
4)  A posição e o número de jogadores defensores.
5)  A infração que impede um adversário de marcar um gol ou acaba como uma oportunidade clara de gol pode ser punida com tiro livre direto ou tiro livre indireto. 
Diante do que se leu acima, não há dúvida de que o árbitro do clássico Paraná Clube x Atlético/PR, Selmo Pedro dos Anjos (foto ao centro), não observou e não aplicou adequadamente ao guapo da esquadra da Arena da Baixada,  a Regra (XII) – Faltas e incorreções. O árbitro em tela estava bem posicionado no momento da penalidade, tanto é que incontinenti à infração apitou o penal. Para corroborar 100% da sua marcação, o indigitado árbitro deveria exibir o cartão vermelho ao goleiro atleticano e nunca o amarelo.
PS: Como apreciador das Regras de Futebol e, por extensão, da arbitragem, tenho observado duas deficiências crônica nos árbitros e assistentes no exato momento de decidir pela infração às Regras de Futebol. A  ausência do  desenvolvimento correto da coordenação psicomotora que implica na agilidade, destreza e flexibilidade de raciocínio. E um hiato enorme na   acuidade visual dos homens de preto. A certeza que tenho ao ver determinados lances em âmbito local ou nacional,  é, de que os guardiões das leis do jogo, devem ser submetidos a uma exame oftalmológico urgente. 

PS (2): A Conmebol e a Fifa, convocaram os árbitros assistentes que compõe as duas entidades, para o teste físico padrão Copa do Mundo, que será efetivado em Assunção (Paraguai), no próximo dia 7 de maio. Pelo Brasil estão intimados os assistentes Bruno Boschilia (Fifa/PR), Fabricio Vilarinho (Fifa/DF), Kleber Lucio Gil (Fifa/SC) e Rodrigo Pereira Jóia (Fifa/RJ).     

domingo, 16 de março de 2014

Notícias do apito

Estreia internacional de Boschilia


Num futebol estereotipado e com fraquíssima representatividade na CBF, falo do futebol do Estado do Paraná, o início deste ano traz uma notícia alvissareira no setor da arbitragem. O árbitro assistente Bruno Boschilia foto/(Fifa/PR), promovido ao quadro da entidade internacional no final do ano que passou, fará sua estreia em competições internacionais na próxima quarta-feira (19), na Copa Libertadores da América, no lendário estádio Nacional de Montevidéu, no Uruguai.
                             Futebolparanaense Net
Boschilia recebe o escudo da Fifa, das mãos do diretor da CA/FPF, Afonso Vitor de Oliveira

Estreia internacional de Boschilia (2)

Boschilia e seus compatriotas, Wilton Sampaio (árbitro) e Alessandro Rocha Matos (assistente), irão laborar no prélio Penharol (Uruguai) x Arsenal (Argentina). A partida além de ser transmitida para 88 países, terá a atenção de toda a direção de árbitros da Conmebol, em específico do mais longevo membro do Comitê de Árbitros da Fifa, Dr. Carlos Alarcón, o mestre da arbitragem Sul- Americana. 

Brilhou lá fora

A ascensão do assistente em tela ao quadro da Fifa, após as saídas de Evandro Rogério Romam e Heber Roberto Lopes, do quadro de árbitros da Federação Paranaense de Futebol (FPF), ganhou contornos dramáticos, pelo fato de que os membros da Relação Nacional de Árbitros (Renaf) da FPF, ficaram órfãos e sem referência no apito em âmbito nacional. Sem um árbitro central do seu conhecimento,  Boschilia foi escalado nas competições de elite da CBF País afora em 2013, e com muita determinação galgou a posição que hoje ostenta.

CBF “esqueceu” dos árbitros do Paraná (1)

Quanto aos demais árbitros e assistentes da FPF, que fazem parte da Renaf, o que se observa desde então, é de que na Série A do Campeonato Brasileiro o congelamento no “freezer” é total.  Às vezes, vemos um árbitro ou um assistente escalado ali, outra lá, e mais uma acolá. Ou então, como árbitros adicionais ou como quarto árbitro. 

CBF “esqueceu” dos árbitros do Paraná (2)

Mas a não designação dos homens de preto da casa Gêneris Calvo, pela CA/CBF nos seus torneios encontra ressonância. Com um modelo de gestão que remete ao século passado, sem visão e sem requalificação ao quadro de arbitragem no seu todo, a comissão de árbitros da FPF estacionou no tempo. Explico: Em que pese os inúmeros cursos de arbitragem realizados pela Federação Paranaense de Futebol nos últimos anos, há oito anos não se revela um árbitro no futebol do Paraná. Faz seis anos que o setor de arbitragem da FPF não indica um candidato a árbitro (apito), para ser submetido ao teste seletivo de Asp/Fifa/CBF. Aliás, em abril ou maio deste ano, a CA/CBF deverá realizar novo teste seletivo a aspirante Fifa. Será que desta vez teremos um candidato que preencha os requisitos exigidos pela Comissão de Árbitros da entidade que comanda o futebol brasileiro?

Falta qualidade

E de nada adianta espalhar por aí o “papo furado” de que os campeonatos promovidos pela FPF são todos dirigidos pelos apitos paranaenses, enquanto outras federações importam apitos para seus torneios. A qualidade de todas as competições efetivadas pela Federação Paranaense de Futebol, vêm caindo vertiginosamente ano após ano. Quando inicia a fase decisiva da Copa do Brasil e durante os principais jogos do Brasileirão, nossos árbitros e assistentes desaparecem do cenário nacional. As exceções, são Bruno Boschilia e Ivan Carlos Bohn, os demais, raríssimas vezes são vistos nas escalas das Séries A e B.

Ausência de diálogo: Quem perde é a categoria

Aliás, em se tratando da arbitragem paranaense, com o Decreto Lei nº 12.867/2013, que reconhece o árbitro de futebol como o profissional,  Roberto Braatz, presidente da associação dos árbitros do Paraná e Airton Nardelli, presidente do sindicato dos árbitros de futebol/PR, este último possui o Certificado de Registro Sindical do ministério do Trabalho e Emprego, devem sentar à mesa  e dialogar. A ausência de uma conversa de alto nível, alijará o quadro de apitadores do Paraná das principais discussões, reivindicações e conquistas em âmbito local,Tribunal Regional do Trabalho e nacional, ministério do Trabalho e Emprego.

Sem representatividade nas eleições

A equação é simples: Com a profissionalização do árbitro, somente o sindicato tem representatividade jurídica perante os órgãos trabalhistas. E, na eleição da futura Federação Brasileira de Árbitros de Futebol, que deverá ocorrer no segundo semestre do ano em curso, só terá direito a voto e poderá representar a categoria, o sindicato. Qualquer dúvida, sugiro consultar a legislação trabalhista vigente. 

Fifa faz seminários (1)

A antepenúltima etapa da preparação dos árbitros e assistentes selecionados pela Fifa, para a Copa do Mundo no Brasil, acontecerá  no período de 24 a 28 de março em Zurique (Suíça), somente com os árbitros. Na penúltima, a Fifa promoverá outro congresso entre os dias 7 e 11 de abril, desta vez com a presença dos árbitros e de seus respectivos assistentes. A primeira destas reuniões será para árbitros que representam a Uefa, a Confederação Asiática de Futebol e a Confederação de Futebol da Oceania. Já a segunda, contará com os integrantes de Conmebol, Concacaf e da Confederação Africana de Futebol. 

Fifa faz seminários (2)

O seminário final, este com a presença de todos os trios de arbitragem da Copa, ocorrerá no Rio de Janeiro, terá dez dias de duração (entre 1º e 10 de junho) e assim acabará pouco antes do jogo de abertura da competição, marcada para começar em 12 de junho, com o duelo entre Brasil x Croácia, no Itaquerão, em São Paulo. Ao anunciar o calendário de seminários, a Fifa também destacou que os mesmos irão se concentrar principalmente em quatro aspectos: proteção dos jogadores e da imagem do esporte (fair play), garantia de consistência e uniformidade nas decisões, leitura do jogo (abordagem técnica e tática) e compreensão das diferentes mentalidades futebolísticas (conhecimento das equipes).

Estratégia para os árbitros

Além dos quesitos acima mencionados nos seminários, Massimo Busacca, o chefe do apito da Fifa, vai dar ênfase ao posicionamento do árbitro nas denominadas áreas negras do campo de jogo. Ou seja, regiões onde estatisticamente ocorrem as maiores infrações que geralmente não são observadas pelo campo visual da arbitragem.

Comunicação secreta

Outro tópico que está na agenda de Busacca, o trabalho em equipe, que discutirá, a atuação do assistente, a comunicação corporal e a visualização entre os membros da arbitragem no transcorrer da partida. Além disso, será dado vazão ao manejo adequado da bandeira pelo assistente e o posicionamento do árbitro central, abandonando a clássica diagonal e posicionando-se mais próximo dos lances de maior relevância. Como também, psicólogos farão palestras e exercícios práticos com árbitros e assistentes e será distribuído material voltado a concentração e motivação.

Trabalho em equipe é importantíssimo

Na parte final do seminário, a entidade que controla o futebol no planeta, vai dar praticidade ao posicionamento da jogada parada, de acordo com o que consta nos manuais da Fifa. Aos exercícios com interpretação de jogadas e lances faltosos nas imediações da área de pênalti e da importância do trabalho em equipe - aqui entra em cena o assistente para apontar se a infração foi dentro ou fora da área.

Sem chance

Questionado se algum árbitro ou assistente dos selecionados for reprovado nesta reta final, a Fifa deixou claro que o substituto será um dos seis trios já previamente selecionados quando do anúncio oficial dos nomes dos homens do apito. Portanto, quem foi selecionado está dentro e quem não foi, lamentavelmente está fora.

Dupla reprovação: Vergonha

Wilson Seneme, o árbitro brasileiro indicado pela CBF para o processo seletivo do Mundial de 2014, após o “fiasco” que protagonizou ao ser reprovado por duas vezes consecutivas, nos testes físicos da Fifa e, por consequência, ser desligado da continuidade dos testes, anunciou sua saída da arbitragem. Não cabia nenhuma atitude do indigitado árbitro que não fosse a sua retirada, até porque, a sua permanência no quadro de árbitros da Fifa, após as constantes reprovações, além de manchar sua trajetória, iria despersonalizar o escudo dos demais apitos brasileiros. 
Arbitragem regular 
Selmo Pedro dos Anjos, o árbitro de Atlético/PR 1 x 2 Paraná Clube, poderia ter deixado o Eco Estádio Janguito Malucelli, com a nota máxima. Porém, errou quando não expulsou o goleiro rubro-negro Rodolfo, que ao ser driblado pelo volante paranista Elton, impediu uma oportunidade manifesta de gol. Acertou na marcação do penal, mas errou escabrasomente quando aplicou o cartão amarelo ao atleta atleticano.

PS: O Paraná tem 10 árbitros e 16 assistentes na Relação Nacional de Árbitros de Futebol (Renaf/CBF).