Uma promessa
fraudulenta de anos (1)
Quando explodiu o maior esquema de
delinqüência já implementado na arbitragem brasileira em 1998, sob o comando de
Ivens Mendes, o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, anunciou no dia seguinte
que iria constituir uma comissão de alto nível, com a finalidade de viabilizar
estudos no sentido de profissionalizar o árbitro de futebol no Brasil. Muito
barulho, muita promessa e nada
aconteceu.
Uma
promessa fraudulenta de anos (2)
Três anos depois, nova encrenca coloca
de um lado o árbitro paulistano Alfredo dos Santos Loebeling e do outro Armando
Marques, um dos maiores especialistas em arbitragem do planeta. Loebeling,
indicado para a Fifa por Marques, apitou a partida final da segunda divisão do
Brasileiro de 2001 Figueirense (SC) x Caxias (RS), em Florianópolis. O time da
casa vencia por 1 a 0 e a torcida invadiu o gramado quando faltava 1m50s para o
final. Loebeling interrompeu o jogo, mas disse ao capitão do Caxias e às rádios
locais que o jogo iria continuar. No entanto, como os torcedores levaram
uniformes, redes e bolas, a partida não pôde ser reiniciada. Loebeling afirma
que, de início, contou a história verdadeira na súmula. “Mas fui coagido pelo
Armando a adulterar o relatório. Ele me obrigou a dizer que eu encerrei o jogo
e dei dois minutos de acréscimo em vez de três. Depois, na CBF, negou tudo e
ameaçou acabar com a minha carreira”, denunciou o árbitro, que admitiu também
ter pisado na bola ao sucumbir à pressão. Os dois levaram suspensão preventiva
de 30 dias e o nominado árbitro sumiu do cenário do apito. Profissionalizar o
árbitro é a única maneira de acabarmos com isso, disse Teixeira à imprensa dias
após o ocorrido. Ficou na promessa.
Uma
promessa fraudulenta de anos (3)
Em 2005, nova problemática envolvendo
o ex-árbitro da Federação Paulista de
Futebol, Edilson Pereira de Carvalho. Flagrado em escutas telefônicas, o
indigitado apito confessou sua participação num esquema de apostas do
Brasileirão daquele ano. Resultado: viu o sol nascer quadrado por algumas horas,
e, logo a seguir fez uma composição com a Justiça. “Pego de surpresa”, Ricardo
Teixeira, após consultar o presidente do (STJD) à época, Luiz Zveiter, decidiu
anular as partidas que o árbitro em tela tinha apitado. Acoplada a anulação dos
jogos, Teixeira, voltou a afirmar, que a
situação da arbitragem no País pentacampeão, diante do episódio negativo sofreria
profundas modificações em poucos meses,
citando mais uma vez a profissionalização como solução para equacionar o
imbróglio.
Uma
promessa fraudulenta de anos (4)
Corria o mês de setembro de 2007, quando
uma verdadeira catástrofe se abateu na arbitragem em âmbito nacional, com uma
série de erros grotescos de árbitros e assistentes no Campeonato Brasileiro,
conjugado com um teste teórico sobre as Regras do Jogo de Futebol, onde apenas
45.1%, dos 416 árbitros obtiveram nota 7. Inconformado com a repercussão do fato, o
presidente da CBF determinou ao então presidente da CA/CBF Sérgio Corrêa, a
elaboração de um grupo de estudos com o objetivo de preparar a
profissionalização da arbitragem brasileira num futuro não muito distante.
Ricardo Teixeira renunciou a presidência da CBF e nada aconteceu.
Uma
promessa fraudulenta de anos (5)
No último final de semana, no prélio
Internacional/RS x Palmeiras/SP, o árbitro Francisco Carlos Nascimento
(Fifa/AL), validou um gol em que o atacante Barcos da equipe do Palmeiras,
utilizou a mão para conseguir seu intento. Detalhe: além do árbitro central,
não observaram a atitude antidesportiva do
atleta esmeraldino, o assistente adicional que fica postado atrás da meta e o
assistente que corria do lado onde aconteceu a infração. Qual foi a expressão
que mais se ouviu após o incidente? Temos que profissionalizar o árbitro de
futebol. Mentira! Hipocrisia! Não vai
acontecer nada.
Como
melhorar a qualidade (1)
Como a temporada já terminou, resta a
CBF se deseja mudar o quadro de pauperidade vigente, iniciar um processo de
renovação e requalificação na Renaf para o ano que vem, a partir das federações
estaduais. Renovação que deve ser efetivada a partir dos membros das Comissões
de Arbitragens, que em alguns casos são leigos nas regras do futebol e semianalfabetos
na língua portuguesa. Além disso, iniciar um processo de motivação no sentido
de que os árbitros e assistentes leiam e muito o livro Regras do Jogo de
Futebol. É o caminho para uma melhora sensível na qualidade do apito brasileiro,
que está às portas de dois eventos importantíssimos. A Copa das Confederações
em 2013 e o Mundial de 2014.
Como
melhorar a qualidade (2)
Uma outra situação que precisa ser
definida pela CBF, é a participação dos dirigentes de entidades classistas, que
estão exercendo a função de observadores de arbitragem, delegado especial nas
competições da CBF e membros das comissões de árbitros em algumas federações.
Isso é incompatível, antiético, imoral. Como pode um dirigente da Anaf ser
observador de árbitros (terá que relatar as deficiências do quarteto de arbitragem
CA/CBF), e posteriormente vir a defende-los? Não se pode servir a dois
senhores.
Foto: Julio Cancelier/Anaf
Projeto
de Lei 6405/2002
Quanto a Associação Nacional de
Árbitros de Futebol, não resta outra alternativa. Ou se envolve de corpo e alma
no projeto aqui nominado, que versa sobre a regulamentação da profissão do
árbitro de futebol, ou então, o discurso da sua diretoria em curto espaço de
tempo cairá na vala comum. Projeto que
se encontra dormindo numa das gavetas do Congresso Nacional. Nunca é demais
lembrar, que ele foi aprovado por unanimidade no Senado Federal em março/02, e
aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Congresso Nacional. O
projeto precisa ser remetido a Câmara dos Deputados, que definirá os mecanismos
da profissionalização e quem é que vai pagar o árbitro e os tributos (INSS, FGTS, PIS).
PS: Diante do que se leu, pergunto: se há interesse da confraria dos homens de preto em obter a aprovação do Projeto de Lei 6405/2002, por que a maioria dos árbitros não se mobilizam em conjunto com a Anaf, sindicatos de árbitros com (Carta Sindical), Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, realizam um périplo até Brasília, acionam seus representantes no Distrito Federal com o intuíto de aprovar a profissionalização do árbitro de futebol?
PS: Diante do que se leu, pergunto: se há interesse da confraria dos homens de preto em obter a aprovação do Projeto de Lei 6405/2002, por que a maioria dos árbitros não se mobilizam em conjunto com a Anaf, sindicatos de árbitros com (Carta Sindical), Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, realizam um périplo até Brasília, acionam seus representantes no Distrito Federal com o intuíto de aprovar a profissionalização do árbitro de futebol?