quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Notícias do apito



Uma promessa fraudulenta de anos (1)
Quando explodiu o maior esquema de delinqüência já implementado na arbitragem brasileira em 1998, sob o comando de Ivens Mendes, o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, anunciou no dia seguinte que iria constituir uma comissão de alto nível, com a finalidade de viabilizar estudos no sentido de profissionalizar o árbitro de futebol no Brasil. Muito barulho,  muita promessa e nada aconteceu.
Uma promessa fraudulenta de anos (2)
Três anos depois, nova encrenca coloca de um lado o árbitro paulistano Alfredo dos Santos Loebeling e do outro Armando Marques, um dos maiores especialistas em arbitragem do planeta. Loebeling, indicado para a Fifa por Marques, apitou a partida final da segunda divisão do Brasileiro de 2001 Figueirense (SC) x Caxias (RS), em Florianópolis. O time da casa vencia por 1 a 0 e a torcida invadiu o gramado quando faltava 1m50s para o final. Loebeling interrompeu o jogo, mas disse ao capitão do Caxias e às rádios locais que o jogo iria continuar. No entanto, como os torcedores levaram uniformes, redes e bolas, a partida não pôde ser reiniciada. Loebeling afirma que, de início, contou a história verdadeira na súmula. “Mas fui coagido pelo Armando a adulterar o relatório. Ele me obrigou a dizer que eu encerrei o jogo e dei dois minutos de acréscimo em vez de três. Depois, na CBF, negou tudo e ameaçou acabar com a minha carreira”, denunciou o árbitro, que admitiu também ter pisado na bola ao sucumbir à pressão. Os dois levaram suspensão preventiva de 30 dias e o nominado árbitro sumiu do cenário do apito. Profissionalizar o árbitro é a única maneira de acabarmos com isso, disse Teixeira à imprensa dias após o ocorrido. Ficou na promessa.
Uma promessa fraudulenta de anos (3)
Em 2005, nova problemática envolvendo o  ex-árbitro da Federação Paulista de Futebol, Edilson Pereira de Carvalho. Flagrado em escutas telefônicas, o indigitado apito confessou sua participação num esquema de apostas do Brasileirão daquele ano.  Resultado:  viu o sol nascer quadrado por algumas horas, e, logo a seguir fez uma composição com a Justiça. “Pego de surpresa”, Ricardo Teixeira, após consultar o presidente do (STJD) à época, Luiz Zveiter, decidiu anular as partidas que o árbitro em tela tinha apitado. Acoplada a anulação dos jogos, Teixeira, voltou a  afirmar, que a situação da arbitragem no País pentacampeão, diante do episódio negativo sofreria profundas modificações em poucos  meses, citando mais uma vez a profissionalização como solução para equacionar o imbróglio.
Uma promessa fraudulenta de anos (4)
Corria o mês de setembro de 2007, quando uma verdadeira catástrofe se abateu na arbitragem em âmbito nacional, com uma série de erros grotescos de árbitros e assistentes no Campeonato Brasileiro, conjugado com um teste teórico sobre as Regras do Jogo de Futebol, onde apenas 45.1%, dos 416 árbitros obtiveram nota 7.  Inconformado com a repercussão do fato, o presidente da CBF determinou ao então presidente da CA/CBF Sérgio Corrêa, a elaboração de um grupo de estudos com o objetivo de preparar a profissionalização da arbitragem brasileira num futuro não muito distante. Ricardo Teixeira renunciou a presidência da CBF e nada aconteceu.
Uma promessa fraudulenta de anos (5)
No último final de semana, no prélio Internacional/RS x Palmeiras/SP, o árbitro Francisco Carlos Nascimento (Fifa/AL), validou um gol em que o atacante Barcos da equipe do Palmeiras, utilizou a mão para conseguir seu intento. Detalhe: além do árbitro central, não observaram a atitude  antidesportiva do atleta esmeraldino, o assistente adicional que fica postado atrás da meta e o assistente que corria do lado onde aconteceu a infração. Qual foi a expressão que mais se ouviu após o incidente? Temos que profissionalizar o árbitro de futebol. Mentira! Hipocrisia! Não  vai acontecer nada.
Como melhorar a qualidade (1)
Como a temporada já terminou, resta a CBF se deseja mudar o quadro de  pauperidade vigente, iniciar um processo de renovação e requalificação na Renaf para o ano que vem, a partir das federações estaduais. Renovação que deve ser efetivada a partir dos membros das Comissões de Arbitragens, que em alguns casos são leigos nas regras do futebol e semianalfabetos na língua portuguesa. Além disso, iniciar um processo de motivação no sentido de que os árbitros e assistentes leiam e muito o livro Regras do Jogo de Futebol. É o caminho para uma melhora sensível na qualidade do apito brasileiro, que está às portas de dois eventos importantíssimos. A Copa das Confederações em 2013 e o Mundial de 2014.
Como melhorar a qualidade (2)
Uma outra situação que precisa ser definida pela CBF, é a participação dos dirigentes de entidades classistas, que estão exercendo a função de observadores de arbitragem, delegado especial nas competições da CBF e membros das comissões de árbitros em algumas federações. Isso é incompatível, antiético, imoral. Como pode um dirigente da Anaf ser observador de árbitros (terá que relatar as deficiências do quarteto de arbitragem CA/CBF), e posteriormente vir a defende-los? Não se pode servir a dois senhores.
                                                       Foto: Julio Cancelier/Anaf
 Projeto de Lei 6405/2002
Quanto a Associação Nacional de Árbitros de Futebol, não resta outra alternativa. Ou se envolve de corpo e alma no projeto aqui nominado, que versa sobre a regulamentação da profissão do árbitro de futebol, ou então, o discurso da sua diretoria em curto espaço de tempo cairá na vala comum. Projeto que se encontra dormindo numa das gavetas do Congresso Nacional. Nunca é demais lembrar, que ele foi aprovado por unanimidade no Senado Federal em março/02, e aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Congresso Nacional. O projeto precisa ser remetido a Câmara dos Deputados, que definirá os mecanismos da profissionalização e quem é que vai pagar o árbitro e  os tributos (INSS, FGTS, PIS).
PS: Diante do que se leu, pergunto: se há interesse da confraria dos homens de preto em obter a aprovação do Projeto de Lei 6405/2002,  por que a maioria dos árbitros não se mobilizam em conjunto com a Anaf, sindicatos de árbitros com (Carta Sindical), Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, realizam um périplo até Brasília, acionam seus representantes no Distrito Federal com o intuíto de aprovar a profissionalização do árbitro de futebol?

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