Site: Justiça Deportiva
O futebol evoluiu e o dia da arbitragem virtual está mais próximo do que se possa imaginar
Valdir Bicudo
Nestes dias em que a arbitragem está no “olho do furacão”, após os recentes episódios envolvendo a arbitragem na Copa do Mundo da África do Sul, onde equívocos dos homens do apito contribuíram para a mudança de rumos de alguns jogos e ganha corpo em âmbito mundial a campanha para que a Fifa adote o uso de vídeos nas partidas de futebol com a finalidade de auxiliar a arbitragem a dirimir os lances polêmicos, lembrei-me de um recente estudo da Fifa, que aponta que a implantação da tecnologia é inviável na maioria das competições em escala planetária, em função do seu alto custo econômico, da universalidade do futebol, já que a Fifa quer que o futebol seja praticado sempre com as mesmas regras e equipamentos em todos os níveis, e, por último, segundo o estudo, apenas três competições teriam estofo financeiro para bancar o custo da tecnologia: a Copa do Mundo, a Liga dos Campeões da Europa e a Eurocopa. Diante do exposto, como implementar a tecnologia no futebol?
Então pensei com meus botões: enquanto não vem a tecnologia, que tal adotarmos as orientações do ex-árbitro Rubens Maranho/PR (in memorian), uma das maiores autoridades que conheci em termos de arbitragem no Brasil, para melhorar o nível do árbitro brasileiro? Maranho afirmava nas suas preleções que o cidadão que pretende exercer a atividade de árbitro de futebol tem que ter chamamento, predestinação, talento e aptidão. Resumindo: tem que ter vocação. Ele citava como exemplo de pessoas vocacionadas Tom Jobim, Silvio Santos, Nelson Gonçalves, Adib Jatene, Nietzche, Eisntein e Pelé e Santos Dumont.
Mas o professor enfatizava que ser vocacionado era um “pedigree” importante, porém, o indivíduo para ser árbitro precisa ser submetido ao menos uma vez por mês a um questionário com perguntas que abordem o caráter do sujeito, a calma, a descontração, o dinamismo, a preocupação, a empolgação, o autoritarismo e, por derradeiro, a paciência. Maranho, nas suas avaliações, estabelecia que as respostas aos questionamentos formulados aos árbitros tinham que ter conteúdo de uma pessoa confiante, um iniciador auto-suficiente com impulso competitivo, iniciativa e senso de urgência.
Mas Maranho já nos deixou e hoje em razão da enérgica evolução do mundo a sua tese inteligente está ultrapassada, embora esteja à frente da Fifa de Blatter. O futebol evoluiu e o dia da arbitragem virtual está mais próximo do que se possa imaginar e isto é uma exigência do progresso técnico que a humanidade sente, lembrando-se que hoje seria um absurdo o árbitro dirigir uma partida de futebol de calça comprida com o faziam os árbitros nos primórdios do futebol.
Tenho a certeza absoluta que a continuar da forma como está a arbitragem no Brasil e, por extensão, em várias partes do mundo, sendo dirigida por pessoas “estranhas” ao meio, em curto espaço de tempo, a eletrônica vai assumir o comando das Regras do Jogo para tirar de cena o árbitro, os assistentes e seus equívocos.
Esta mensagem é para Joseph Blatter ler antes de dormir: “O futebol virtual vêm chegando aí”!
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