quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Árbitros são influenciados

Pesquisa revela que árbitros se deixam influenciar emocionalmente pela atmosfera do estádio
VALDIR BICUDO

Observando o desenvolvimento da arbitragem na última Copa do Mundo e o retorno do Campeonato Brasileiro, lembrei-me da pesquisa realizada por Thomaz Dohmen, do Instituto para o Estudo do Trabalho de Bonn (Alemanha), divulgado há pouco tempo, que aponta que os árbitros da Bundesliga, no centro das atenções após o escândalo de 2006, que gerou punições severas a várias pessoas na Alemanha, são influenciados pelo público e favorecem as equipes da casa.
A pesquisa efetivada por Dohmen foi realizada em 3.519 partidas de futebol durante as últimas 12 temporadas da Bundesliga. O resultado apontou que, em sintonia com as preferências do público, os árbitros prolongam as partidas emocionantes e favorecem a equipe local, dando mais tempo de acréscimo quando o anfitrião perde por um gol, especialmente quando as arquibancadas estão lotadas.
A pesquisa afirma também, que os árbitros prolongam um jogo empatado quando a equipe local está mais próxima de marcar e favorecem as equipes da casa na marcação de pênaltis e lances duvidosos. O objetivo principal do estudo foi examinar como a pressão social afeta as preferências ou ações. O estudo de Dohmen sugere que a atitude do árbitro depende da proximidade das arquibancadas com o campo e que ele pode ser influenciado pela presença de uma pista de atletismo que separa os torcedores do campo, como nos estádios olímpicos de Munique e Berlin. Uma conclusão destacável no estudo é que são assinalados mais pênaltis nos estádios sem pista de atletismo.
Outra constatação: quando um pênalti foi marcado, a decisão se aproximava do mais correto quando a partida era realizada em estádios com pista de atletismo, em que arquibancadas estavam separadas do terreno do jogo. 65% das penalidades máximas assinaladas em favor das equipes locais estavam justificadas em comparação com 72% marcados para os visitantes, afirma o estudo. A pesquisa destaca ainda que não se pode afirmar que os árbitros agem de forma intencionada, mas a explicação provável para o comportamento dentro de campo é que eles se deixam influenciar emocionalmente pela atmosfera do estádio. Que tal então medir a influência da torcida sobre a arbitragem no transcorrer de uma partida na Arena da Baixada, por exemplo?
Refiro-me em primeira pessoa, porque me considero um expert no assunto arbitragem. Como todo homem, de regra, tem tendência para marcar ou fixar um preço pela sua idoneidade, na forma inversa isso acontece com o árbitro em jogos de futebol, como frisei supra, em que a sua presença nas proximidades da torcida admite num minuto a invasão de campo e talvez até o próprio linchamento. Cada árbitro tem o seu temperamento, sua consciência e, principalmente, é possuidor de um dos requisitos do qual ninguém escapa: o medo! Já se vê neste comentário que comungo os mesmos entendimentos do pesquisador acima mencionado, pois já fui árbitro e passei momentos difíceis na minha consciência em jogos de futebol no qual a torcida esteve lado a lado do árbitro e atletas sem qualquer separação conveniente entre o gramado e a arquibancada. Nunca tive um sentido de ampliar o tempo de jogo ou ainda facilitar as marcações de penalidades máximas embora no Brasil se saiba (relembre a queda do Coritiba), que o torcedor seja violento. Pensei que isso não acontecia na Europa. Mas lá o fenômeno é o mesmo.
Fonte: Justiça Desportiva

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