segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Uso de árbitros adicionais atrás das metas gera debate



Um erro lastimável na maior competição da modalidade, a Copa do Mundo, foi o estopim para que a Fifa abrisse os olhos para a necessidade de mudanças. Mesmo resistente ao uso de tecnologia, a entidade - após se desculpar pelo gol mal anulado de Lampard, da Inglaterra, contra a Alemanha, no Mundial – aprovou, em julho deste ano, em reunião da International Board (órgão que cuida das regras do futebol) o uso de árbitros assistentes atrás dos gols em competições oficiais. Liberação que levantou um debate no meio esportivo.


Para alguns, a decisão mostra o quanto os líderes do futebol ainda evitam a ampliação do uso de dispositivos tecnológicos, sobretudo câmeras, nos jogos. No entanto, alguns apontam que a novidade pode trazer grandes benefícios à prática do esporte, reduzindo de forma considerável alguns erros cometidos pelos árbitros. De olho na discussão, o site Justicadesportiva.com.br conversou com algumas pessoas importantes no meio, a fim de avaliar as opiniões a respeito.
Na realidade, o uso de árbitros assistentes atrás dos gols já vinha sendo feito pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) nas últimas três edições do Campeonato Carioca. A diferença, agora, é que esses auxiliares poderão participar de forma efetiva das decisões, intercedendo junto ao juiz durante um lance duvidoso.
“Com isso, certamente o toque de mão de Thierry Henry naquele jogo da França teria sido visto, bem como seria claro perceber que a bola entrou tanto no jogo da Inglaterra, na Copa do Mundo, como no Mundial Sub-20 Feminino”, comenta o presidente da Comissão de Arbitragem de Futebol do Rio de Janeiro (Coaf-RJ), Jorge Rabello, revelando como deverá ser a atuação desses auxiliares no próximo Estadual. “Os assistentes deverão usar ponto eletrônico para se comunicar com o árbitro. A implantação dessa mudança será de extrema importância, pois esses auxiliares poderão ser consultados por árbitros e os demais assistentes em uma jogada duvidosa”, explicou.
Segundo o site da Fifa, as federações Paulista, Baiana e Pernambucana também tiveram suas solicitações para a experiência aprovadas. Presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol, Coronel Marinho conta que a novidade deve ser utilizada na próxima edição do Paulista.
“Estamos estudando isso e a tendência é que seja utilizado. Acho uma experiência interessante, mas precisamos do aval do presidente da federação (Marco Polo Del Nero) para colocá-la em prática, até porque tem a questão do aumento dos custos. Isso será decidido até outubro, quando se inicia a preparação do quadro de árbitros para o Campeonato Paulista”, afirma, destacando os benefícios da novidade.
“Acho que a arbitragem ganha ângulos diferentes de visão. Tem vários lances dentro da área, de a bola entrar ou não, de agarra-agarra, de pênaltis, que podem ser vistos por esse assistente. Sem falar em jogada rápidas de contra-ataque, quando fica difíl para o árbitro ver certas situações”, completou.
A inovação mereceu elogios também do ex-árbitro Wagner Tardelli, hoje instrutor de arbitragem do Atlético/MG. No entanto, ele fala que a liberação acaba, por outro lado, evidenciando a resistência da Fifa de utilizar a tecnologia de forma mais efetiva.
“A Fifa está dando um sinal de que não encara o uso da tecnologia como algo favorável e de que, por enquanto, não vai mudar sua característica quanto a isso. Mas acho que tudo que possibilitar uma análise mais clara do árbitro é benéfico e importante para nós. É algo interessante, sobretudo em lances em que o árbitro está encoberto, mas essa prática precisa ser bem combinada, determinando até que ponto esses assistentes poderão intervir”, comenta.
Apesar de julgar a experiência válida, o árbitro Sálvio Spínola acredita que outras mudanças poderiam ser mais interessantes. Ele alerta para o aumento dos custos com arbitragem com a utilização da novidade e sugere o uso de dois árbitros dentro do campo como uma alternativa mais eficaz.
“Penso que é apenas uma experiência e sou favorável a todas elas, porque, como está, não deve ficar. Ainda precisa normatizar, mas vejo como algo que gera muito custo e de pouca utilização. Sou mais favorável ao uso de dois árbitros em campo. São muitas as críticas, mas participei desta experiência e acho mais produtivo, mais eficiente. Legitima mais o resultado e ajuda muito na parte disciplinar em situações de fora de jogo”, conta.
Mesmo assim, o juiz afirma que a ampliação do uso da tecnologia não deve ser deixado de lado pela Fifa e precisa continuar fazendo parte das discussões da International Board. “Sou favorável ao uso da tecnologia. O árbitro já chegou no limite de sua capacidade humana. Se não ocorrer nada no jogo, tudo bem, mas, se ocorrerem grandes decisões, fica difícil”, completou.
Fonte: Justiça Desportiva

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