segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Marquinhos falou e falou feio

Pesquisando notícias sobre a arbitragem em âmbito nacional e internacional no final de semana, deparei-me com uma entrevista do presidente da (Anaf) Associação Nacional de Árbitros de futebol, Marco Antonio Martins, ao conceituado Site Apito Nacional. A entrevista nominada me chamou a atenção em dois questionamentos, os quais transcrevo abaixo com as respectivas respostas do presidente da entidade que representa a arbitragem nacional.


17 - Não é incompatível ser presidente de uma entidade de arbitragem sendo árbitro em atividade?


R: O ideal seria que o presidente não estivesse na ativa, contudo, falando de mim, meus ideais para a classe estão estabelecidos, disto não abro mão, mesma estando momentaneamente na ativa. Cabe lembrar que um dos melhores presidentes que a entidade já teve até hoje, segundo a própria classe, foi Márcio Rezende, que em sua época foi árbitro da ativa durante todo o seu mandato.

18 - Espalhados pelo país, existem vários dirigentes de Sindicatos e Associações de árbitros que também são dirigentes de Comissões de arbitragens. Você é a favor ou contra?


R: Cada estado tem suas características. É difícil entrar nas particularidades de cada estado sem ter um real conhecimento da situação.

Ao primeiro questionamento, o presidente da Anaf, mesmo que desejasse responder com isenção, não está em condições de fazê-lo, pois é arbitro assistente do quadro nacional da CBF em plena atividade e se o fizesse estaria indo contra si próprio. Além do mais, é óbvio que dependendo da CBF para ser escalado nas suas competições o senhor Marco Antonio Martins, dificilmente entrará em choque com a entidade matter do futebol brasileiro e seus similares. Até porque é notório que em todas as oportunidades que alguém ousou enfrentar a "poderosa" cartolagem do futebol brasileiro foi "escanteado" e alguns atirados ao limbo.

Já na segunda pergunta, ao responder, Marco Antonio Martins (Marquinhos), proferiu talvez a mais infeliz declaração desde o momento que foi eleito presidente da Anaf. Digo isso, porque na condição de representante principal da confraria do apito nacional, o indigitado presidente, deveria por questão ética, legal e moral, se insurgir de forma veemente contra esta prática nefasta que está impregnada em várias federações estaduais, que está provocando um retrocesso qualitativo na formação do árbitro de futebol em todo o país. Basta observar o baixíssimo nível da arbitragem do Brasileirão/2010, onde observamos a cada rodada um desfile de árbitros malformados.

Apenas para citar um exemplo: Na Federação Paranaense de Futebol, o presidente da Comissão de Arbitragem, Afonso Vitor de Oliveira, ocupa também a presidência da Associação Profissional dos Árbitros de Futebol do Paraná. E, desde a sua ascensão aos dois cargos, a classe dos homens de preto paranaense vem acumulando uma série de perdas, as quais relato a seguir: 1) Apesar de ter sede própria, a sede dos árbitros paranaenses foi transferida para as dependências do Estádio do Pinheirão, que está interditado pela Justiça há mais de quatro anos. Consequência: Os árbitros da FPF não tem um local para reunir-se e discutir os assuntos de seus interesses.


2) Perderam o direito de viajar de ônibus leito e o percentual de 1% sobre as rendas dos jogos durante o Campeonato Paranaense. Além do exposto, em 2009, os árbitros da Federação Paranaense de Futebol, foram surpreendidos com a destinação de 2/3 da taxa de inscrição anual, que desde 1988 pertencia à Associação dos Árbitros à FPF. E, por último, em 2010, a FPF solicitou que a taxa de inscrição de R$ 175.00 per capita, fosse destinada integralmente à federação num caso "sui gêneris" no futebol brasileiro.

E o mais grave: nenhuma ação efetiva foi desencadeada pelo senhor Afonso Vitor de Oliveira para reverter o processo de perdas a que foram submetidos os árbitros do futebol do Paraná antes da sua ascensão e posterior a sua eleição. Acrescente-se ainda que, a FPF há vários anos repassa à Comissão de Arbitragem 2% da renda de cada partida do Campeonato Paranaense, o que representou nos últimos seis anos algo próximo de R$ 600.000.00 - (seicentos mil reais). Alguém aí acredita que o sr. Vitor de Oliveira vai enfrentar o seu chefe Helio Cury em benefício dos árbitros do Paraná? Pergunto: Há ou não incompatibilidade no exercício de ambas as funções? É notório que se o presidente da Associação dos Árbitros do Paraná, fosse apenas presidente da entidade que representa os apitos paranaenses, o mesmo poderia reivindicar as perdas nominadas junto a federação e lutar pelas reais pretensões dos seus associados.
É impossível conciliar ambas as posições, quando vive-se num país da cultura do "jeitinho", da famosa "Lei de Gerson", de levar vantagem em tudo.

Portanto, na nossa opinião, o fato de estar em plena atividade como árbitro da CBF, impossibilita Marco Antonio Martins de emitir qualquer opinião isonômica sobre os dois questionamentos e expõe a fragilidade da entidade que dirige.

Lamento pela classe dos árbitros, pois enquanto existirem pessoas com o perfil e a mentalidade retrógada de Marco Antonio Martins, independente da cultura que grassa no Brasil contra o árbitro de futebol, a arbitragem brasileira, continuará a ser tratada pelos “poderosos” cartolas do nosso futebol, de forma desprezível, como um objeto descartável e, por conseguinte, o árbitro seguirá a triste sina de ocupar o último vagão da última classe da locomotiva denominada futebol. Nos últimos anos, os fatos acima narrados, estão sendo desempenhados com “ brilho” na Federação Paranaense de Futebol.
PS: A leitura do livro sobre ética e filosofia do professor emérito da (Unicamp), Roberto Romano fará um bem extraordinário ao presidente da Anaf Marco Antonio Martins.

Valdir Bicudo-bicudoapito@hotmail.com

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