segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Campeonatos Estaduais inovam nas regras em busca de público



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capa_03_17012011Em Minas Gerais, Cruzeiro e Atlético gastarão R$ 7.043 por um trio de arbitragem mais barato e R$ 9.815 pelo trio mais caro.
Por Marcel Rizzo, iG São Paulo.



Os principais campeonatos estaduais começaram com regulamentos mais sóbrios, apesar do inchaço de algumas competições como a paulista, e com detalhes para tentar motivar os torcedores a deixarem suas casas para acompanhar torneios que perderam o charme de dez anos atrás. A febre, por exemplo, é premiar o "melhor time do interior", uma forma de evitar que as equipes menores percam a motivação quando percebem que estão sem chance de levantar a taça principal. Criado em São Paulo, o título do interior já foi exportado para Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pernambuco, entre outros. Mas em cada estado há peculiaridades nos regulamentos que tentam deixar mais atraentes os torneios, inclusive para os patrocinadores. O iG analisou detalhes de seis estaduais e relatou as curiosidades. De musas, lançamentos de bolas com efeitos pirotécnicos, até televisionamento limitado e grandes sem estádio para jogar, as competições se mantém para que as federações locais também sobrevivam.

Rio Grande do Sul


capa_05_17012011Não deu certo colocar o nome dos troféus referentes aos turnos de dirigentes dos clubes. No ano passado, o time que vencesse o primeiro turno receberia a taça "Fernando Carvalho", homenagem ao então vice de futebol do Inter. O segundo turno levava o nome de "Fábio Koff", atualmente presidente do Clube dos 13, mas que fez carreira política no Grêmio.
A intenção da Federação Gaúcha de Futebol era de "forçar" os dois principais times a não esnobarem as fases iniciais do estadual, para evitar que o rival levasse a taça com nome de seu dirigente. Logo no primeiro turno o Grêmio venceu a taça "Fernando Carvalho", e o colorado foi até o Olímpico entregar o troféu. Constrangimento que não irá se repetir. Em 2011, o primeiro turno será a taça "Piratini" (capital do estado durante a revolução farroupilha) e o segundo o troféu "Farroupilha" (referente à batalha que "separou" o estado do Brasil imperial em 1835).
A FGF faz também uma exigência diferente para a competição 2011: todos os clubes mandantes terão que gravar suas partidas, na íntegra, e enviar à Federação 48 horas depois do término do confronto. As imagens, segundo a entidade, serão usadas para que reclamações contra erros de arbitragem possam ser solucionadas mais rapidamente.


São Paulo


A mudança do regulamento, classificando agora oito times para a fase final e não mais quatro, foi feita para evitar desmotivação a partir da metade da primeira fase, explicou o presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Marco Polo Del Nero. Estadual com mais clubes, 20, o Paulistão até 2010 classificava só os quatro primeiros, rebaixava outros quatro, deixando 12 equipes em um "limbo".

Mas a FPF é especialista mesmo em conseguir espaço na mídia com promoções. Há quatro anos promove, por exemplo, o concurso Musa do Paulistão. Vinte modelos são selecionadas, desfilam por estádios, e ao final da competição os internautas elegem a mais bonita. No fim de 2010 a entidade promoveu o Musa do Interior, pegando como gancho a Copa FPF, torneio do segundo semestre feito para dar atividade aos clubes que não disputam uma das quatro divisões do Brasileiro.

Tentando transformar o Paulistão em um show, a FPF faz evento até para o lançamento da bola, da marca Topper (o que difere o estadual de outros, já que a maioria é patrocinada pela Pênalty). Em novembro, na sede da Barra Funda, bairro da Zona Oeste, a imprensa foi convidada para o lançamento da bola, com direito a modelos e efeitos especiais às 11h da manhã.



capa_04_17012011Rio de Janeiro


Mais dois troféus serão dados no Campeonato Carioca de 2011. Além da Taça Guanabara, ao campeão do primeiro turno, e Taça Rio, ao do segundo, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro decidiu premiar os melhores coadjuvantes. As equipes que não se classificarem para as finais dos turnos disputarão taças com nomes de personalidades: no primeiro turno o jornalista Washington Rodrigues, o "Apolinho" (que treinou o Flamengo em 1995), e no segundo o capitão do Tri em 1970, Carlos Alberto Torres. Se um dos quatro grandes não estiver nas semifinais terá que jogar o torneio de consolação.

O campeonato ainda é motivado pela tradição: somente no Rio há festa, volta olímpica, taça levantando com entusiasmo por vencer um turno (seja a Guanabara, seja a Rio). O torneio fica mais empolgante do que o Paulista, por exemplo, pela maior quantidade de clássicos, já que há confrontos na semifinal e final dos turnos, enquanto o Paulista há clássicos na primeira fase e se houver cruzamento na semi e final.


Minas Gerais

Nada de musas, lançamento pirotécnico de bola. Com regulamento sóbrio, Minas Gerais sofre com a falta de estádio para os grandes times, o que fez com que pela primeira vez na história do torneio a Federação Mineira de Futebol colocasse no regulamento da competição detalhadamente os valores de custo de arbitragem, já que Atlético-MG e Cruzeiro, sem o Mineirão (em reforma para a Copa do Mundo de 2014), jogarão no interior.

O Cruzeiro citou como campo escolhido o Parque do Sabiá, em Uberlândia (distante 556 km de Belo Horizonte) e o Atlético optou pelo Ipatingão, em Ipatinga (217 km da capital). Cada clube paga valor diferente, referentes à distância que os árbitros percorrerão para chegar às cidades. O regulamento detalha cada valor, seja o trio apenas filiado à FMF, seja ele todo Fifa, o que aumenta os custos. Exemplo: Cruzeiro e Atlético gastarão R$ 7.043 por um trio mais barato e R$ 9.815 pelo trio mais caro. A tabela no regulamento ocupa quase um quarto do documento.


capa_06_17012011Bahia

É praxe: sem jogos no Carnaval. E está no regulamento, para ninguém ter dúvida e poder comprar abadas à vontade. Depois de o regulamento já ter sido publicado, a Federação Baiana divulgou um adendo com algumas sugestões de torcedores, entre eles não ter partidas na semana do Carnaval, e de Micaretas (Carnaval fora de época), nas cidades que recebam partidas.

O formato do Campeonato Baiano talvez seja o menos coerente dos analisados, já que os grupos divididos jogam entre si, e não dentro da chave. Tudo isso para que tenha o clássico Ba-Vi duas vezes já na primeira fase, e com datas definidas no regulamento (6 e 20 de fevereiro), antes portanto do Carnaval. Em uma situação absurda, mas prevista na regra, os times de um grupo vencem todos os jogos sobre os rivais do outro grupo e estes se classificam para as semifinais nos critérios de desempate, mas com zero ponto cada.


Pernambuco


Chuvas e mais chuvas alagam os campos em Pernambuco entre janeiro e março, o que nos anos anteriores transformavam o campeonato em caos, com adiamento de jogos sem ter noção do que aconteceria. Por isso a Federação de Pernambuco resolveu inovar para 2011: 35 itens do regulamento tratam do cancelamento, adiamento ou atraso de partidas por qualquer motivo, mas que tem a chuva como principal "alvo". O detalhe é que a decisão, quase sempre, recai sobre o presidente da FPF. Na pior das hipóteses o confronto ocorre no dia seguinte.

Sem televisionamento, a FPF decidiu adotar regras também para que as imagens do campeonato não sejam usadas logo (e, talvez, force que alguém pague por isso). Portanto, para jogos com início 17h, o VT só pode ser transmitido depois das 21h. Nos jogos noturnos, só depois das 9h do dia seguinte. E tudo isso com autorização da entidade. Quem desrespeitar e mostrar um golzinho que for antes disso pode ser proibido de entrar nos estádios durante o Estadual.



Fonte: iG, via Fatos & Fotos/Safergs

Fotos: MCC. Pré-temporada 2011 da arbitragem gaúcha

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