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Desde o último mês de março, quando a International Board (IFAB) deu mais um ano de prazo para a realização dos testes com a tecnologia, nove empresas europeias se inscreveram para participar das provas, que serão realizadas a portas fechadas em estádios escolhidos pelos próprios fornecedores, após consulta à FIFA.
A primeira fase de testes acontecerá entre os meses de novembro e dezembro e será conduzida por uma equipe de investigadores independentes do EMPA, instituto suíço de pesquisa em tecnologia e ciência de materiais. As provas compreenderão três pontos principais e têm por objetivo avaliar se os diferentes sistemas podem detectar com precisão que toda a circunferência da bola cruzou de fato a linha entre as traves e sob o travessão.
Um desses pontos são os chutes batidos contra a meta vazia de qualquer parte do gramado. "Nessa situação, é evidente a olho nu se a bola está atrás da linha ou não", comentou o líder do projeto no EMPA, Martin Camenzind. "No entanto, é fundamental que o sistema não indique gol no caso dos chutes que passarem por cima ou ao lado das traves ou acertarem a rede pelo lado de fora."
Porém, identificar chutes que acertaram a meta vazia é uma coisa. Mas o que acontece nos casos mais comuns, em que o goleiro ou os zagueiros estão no caminho da bola? Para examinar a exatidão dos diferentes sistemas quando se trata de chutes que acertam o goleiro ou desviam em jogadores parados nas proximidades da linha do gol, os investigadores prepararão uma barreira de impacto de tamanho e formato semelhante ao de um arqueiro, colocando-a em diferentes posições, tanto sobre a linha quanto a diferentes distâncias atrás da mesma. A seguir, uma máquina disparará bolas contra essa barreira.
Uniformidade necessária
"Apesar de jogadores profissionais como David Beckham terem uma técnica incrível na hora de chutar, é mais fácil para uma máquina do que para um atleta reproduzir os mesmos chutes repetidas vezes", explicou Camenzind, ressaltando o fato de que as condições de testes devem ser uniformes para os nove fornecedores de tecnologia.
O outro ponto importante da prova é conhecido como "teste do trenó". Nele, a bola é colocada sobre duas hastes paralelas, que, por sua vez, são apoiadas sobre uma base de madeira que cobre a linha do gol. Então, a esfera é lenta e manualmente rolada por sobre a linha, até que o sistema indique o gol. O uso deste método permite à equipe de investigação obter leituras mais precisas do que se a bola fosse simplesmente rolada diretamente sobre o gramado.
Porém, é evidente que o EMPA tem de ser capaz de determinar com absoluta certeza se a bola cruzou ou não a linha. "Alguns de nossos testes são elaborados de tal maneira que a bola fique atrás da linha de gol durante apenas uma fração de tempo, sendo impossível ver a olho nu se ela a cruzou ou não", contou Camenzind. Para isso, o instituto utilizará um sistema de vídeo de alta velocidade, que grava duas mil imagens por segundo.
Segunda fase
Para superar a primeira etapa de testes, os sistemas propostos devem identificar 100% dos chutes dados contra a meta vazia e alcançar uma taxa de correção de ao menos 90% nos testes da barreira de impacto e do "trenó". Os resultados desta fase inicial — durante a qual o fornecedor da tecnologia também terá de provar que seu sistema pode automaticamente indicar o gol ao cronômetro do árbitro em menos de um segundo — serão então usados para definir as empresas que passarão para a segunda fase de testes, que começa em março do ano que vem.
Nesse segundo momento, os sistemas terão de lidar com um número crescente de chutes, velocidades e elevações. Além disso, precisarão considerar outras situações que podem surgir ao longo de uma partida, como a presença de uma segunda bola fora da linha de gol ou a existência de pessoas paradas ou se movendo nas proximidades das traves. Caso a tecnologia seja capaz de detectar um gol de forma precisa sob as condições impostas na segunda fase, a confiabilidade geral do sistema será então colocada a prova.
Camenzind enfatiza que os sistemas têm de funcionar sem problemas tanto em gramados naturais quanto artificiais. Além disso, o investigador indica que, dado o número de jogos noturnos que são normalmente disputados, os testes serão realizados tanto sob a luz do sol quanto de noite, sob refletores — e todos ao longo do mesmo dia.
"Faremos longas jornadas de trabalho", admitiu Camenzind. "Mas é fascinante fazermos parte de um projeto deste tipo. Nosso trabalho exige que avaliemos uma ampla gama de materiais e sistemas. Só que normalmente ficamos no laboratório e eles é que vêm até nós."
Após a segunda fase de testes, a FIFA apresentará os resultados à IFAB, que é a única entidade com poder de alterar as Regras do Jogo do futebol e, portanto, decidir quanto à adoção da tecnologia da linha do gol.
A International Board deve realizar uma reunião especial sobre o tema em julho de 2012, após o término da Eurocopa. No mesmo encontro, a entidade também decidirá sobre o futuro das provas com os árbitros assistentes adicionais, que, em parte, também foram concebidas para reduzir as chances de erro nas avaliações sobre quando um gol foi ou não marcado.
Requisitos
A IFAB definiu quatro requisitos básicos que as diferentes tecnologias da linha de gol devem cumprir:
1. A tecnologia se aplica somente à linha de gol e só determina se um gol foi ou não marcado.
2. O sistema deve ser preciso.
3. A indicação de um gol marcado deve ser imediata e automaticamente confirmada em menos de um segundo.
4. Um gol marcado será comunicado somente aos árbitros do jogo (por meio do cronômetro do árbitro, por vibração e por um sinal visual).
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