quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Podemos errar sem querer

As inúmeras falhas cometidas pelos árbitros e assistentes durante uma partida de futebol podem ser explicadas através de estudos científicos. Os homens de preto ganharam um forte aliado, que poderá atenuar as agressões que são lançadas pelos espectadores contra as tomadas de decisões da arbitragem, quando equívocos são cometidos em descompasso com as Regras do Jogo de Futebol.

De acordo com estudo divulgado recentemente pela Revista Science, assinado pelos pesquisadores Liqiang Huang, da Universidade de Hong Kong, Anne Treisman, da Universidade de Princeton, e Harold Pashler, da Universidade da Califórnia, todos os seres humanos possuem uma fraqueza e têm dificuldades para captar o movimento de dois ou mais objetos ao mesmo tempo, assim como mais de uma cor ou orientação espacial simultaneamente.

Em síntese, a impressão que temos de visualizar uma cena complexa por inteiro é só coisa da nossa cabeça. Segundo os pesquisadores, a visão humana funciona percebendo só uma característica por vez em cada ponto do espaço. Para cada local, só daria para perceber conscientemente uma cor (verde, por exemplo) e movimento (para a direita) por vez.

No momento de processar a informação de uma cena complexa, o cérebro teria de realizar uma escolha: poderia captar, ao mesmo tempo, dois objetos e suas posições, porém não conseguiria captar com a mesma clareza as cores deles, ou a direção e velocidade de seu deslocamento.

Analisar as limitações da percepção humana não é uma novidade. Há outros estudos que mostram que, mesmo em situações bem mais simples que uma partida de futebol, a capacidade de perceber uma imagem depende muito da quantidade de imagens nas quais as pessoas estão focadas conscientemente.

O estudo dos cientistas termina afirmando que é como se o árbitro ou assistente conseguissem ver com certa facilidade as posições tanto do lançador quanto do atacante, mas sofresse mais para ver que a camisa deles é a mesma, e não a do time que está na defesa. O mesmo parece valer para o movimento: se dois atletas estão se mexendo, a visão fica borrada.

Os pesquisadores sugerem que, na verdade, a mente faria uma imagem composta da cena, juntando dados de instantes diferentes num quadro artificial único. Resta saber qual será a posição da Fifa com relação à pesquisa e quais serão os mecanismos que a entidade adotará para melhorar o campo visual dos árbitros e assistentes.

Os humanos tem seu tempo
Questiona-se e muito, o porquê de a Fifa limitar a idade do árbitro de futebol aos 45 anos. A resposta pode estar na última edição do British Medical Journal, que relata estudos desenvolvidos pelos pesquisadores do Centro de Pesquisa em Epidemiologia e Saúde da População, da França, e da University College London, da Grã Bretanha. Os cientistas das duas entidades, estudaram a mente de sete mil funcionários públicos do Reino Unido - (homens e mulheres) durante uma década, e detectaram um pequeno declínio de raciocínio em ambos os sexos com idade entre 45 e 49 anos.

As pessoas que foram pesquisadas, foram submetidas a testes de memória e de compreensão auditiva, visual e de vocabulário. No período em que o estudo foi desenvolvido, mulheres e homens de 45 a 49 anos apresentaram declínio mental médio de 3,6%. O pesquisador francês, Archana Sing-Manoux, que analisou minuciosamente o estudo, termina sua conclusão com uma afirmação contundente: os resultados podem ser piores ao se testar a população em geral, já que os voluntários que participaram da pesquisa tinham hábitos saudáveis e classe social razoavelmente elevada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário