domingo, 22 de julho de 2012

Temerária a situação do apito no Brasil


Me perguntam por que não há  renovação de árbitros no futebol brasileiro. Respondo: o principal motivo está na didática que é desenvolvida pelas federações estaduais há mais de uma década. Um exemplo específico de árbitros malformados, acontece na Federação Paranaense de Futebol, onde existem aproximadamente 320 árbitros inscritos, mas a FPF não consegue indicar há três anos um árbitro para o quadro de Asp/Fifa da CBF. O último árbitro de ponta do futebol pentacampeão, encerrou sua carreira há dois anos e de lá para cá não surgiu nenhum nome com as características de Carlos Eugênio Simon (foto). Simon, além de excelente árbitro, sabia transitar nos labirintos do futebol de maneira invejável, o que lhe proporcionou participar de três Mundiais consecutivos (2002, 2006 e 2010), e dirigiu inúmeras partidas decisivas no futebol Sul-americano.
 Divulgação
          Carlos Simon, ao lado de Oscar Ruiz

 Outro óbice para a renovação de apitos no nosso futebol é a política. Todo mundo apregoa a renovação no apito, mas a partir do momento em que a mudança é anunciada, o discurso dos dirigentes e  sobretudo da imprensa, muda radicalmente. É necessário oxigenar a arbitragem e dar um basta no paternalismo vigente, principalmente na indicação dos nomes para compor a Relação Nacional de Árbitros  de Futebol (Renaf).
É inadmissível que um árbitro de qualidades por ser desse ou daquele Estado, seja preterido pela CBF no momento de ser indicado para ostentar o escudo da  Fifa. Se as federações estaduais fossem dirigidas por pessoas comprometidas com o futebol e a arbitragem, o descobrimento de futuros árbitros ocorreria nos próprios campeonatos que elas patrocinam. Se houvesse comprometimento das Comissões de Árbitros dessas federações, as Escolas de Formação de Arbitragem, seriam compostas por ex-árbitros com notório conhecimento sobre as Regras do Jogo de Futebol, e os treinamentos aos novos talentos deveria acontecer de forma constante. Infelizmente, não é o que acontece.
Em que pese os investimentos realizados pela CBF nos últimos anos no aprimoramento da condição física, teórica, tática, psicológica e uma seqüência de cursos na Granja Comary, entre outras ações, os resultados não atingiram o esperado.
Diante do exposto, entendo que a própria CBF deveria criar uma entidade nacional de formação de árbitros, mais atraente do que a Escola Brasileira de Futebol (EBF), já que os investimentos realizados até o presente momento, na formação de futuros talentos na arbitragem nacional, não conseguiu produzir árbitros de excelência.
Na nossa opinião, o Brasil está precisando muito mais de uma escola: o Instituto dos Árbitros de Futebol, com ramificações em todas as federações estaduais. Fora disso, os tempos passarão e o nível do apito brasileiro ficará onde está, ou ainda  mais  abaixo.
PS: o Ranking que versa sobre os melhores árbitros de futebol do planeta, divulgado na semana que passou, pela  Federação Internacional de História e Estatística, não traz nenhum apito do  nosso futebol.  


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