O
ano que começa, a rigor, tinha tudo para ser, por si só, marcante como nunca no
setor da arbitragem nacional. Para a maioria dos árbitros de futebol, a
realização de uma Copa do Mundo por aqui bastaria, em outro contexto, ou no seu
todo, para tornar 2014 um ano especial.
Não
só porque a última Copa no Brasil ocorreu em 1950, mas também, e
principalmente, porque a próxima, se houver, não deve vir antes de 2078. A
ocasião é rara, raríssima. Raríssima, porque a figura do árbitro, encarregado
de dirigir as partidas de futebol a partir de 1881, não dispunha no Mundial de
1950, dos mecanismos que dispõe na atualidade o homem de preto que labora no
País pentacampeão da bola.
Em
se tratando do futebol brasileiro, a grande conquista que poderia ser exposta
com esplendor na vitrine ao mundo da bola que virá ao Brasil, seria a aprovação
da profissionalização do árbitro nos moldes do Projeto de Lei 6405/2002, o que
não aconteceu. Profissionalização que viria proporcionar independência àquele
que num trilar ou não do apito ou no levantar ou não da bandeira, decide os
destinos de qualquer competição.
Alex Livesey/Fifa
Alex Livesey/Fifa
Sandro Meira Ricci com a bola
Infelizmente,
estruturas arcaicas e subservientes, enraizadas há várias décadas no comando da
CBF, nas federações estaduais, nas associações e sindicatos de árbitros, fizeram
muito pouco ou quase nada para a concretização da profissionalização. A Lei nº
12.867/2013, aprovada no último mês de outubro é um arremedo se comparada ao projeto 6405/02. Nunca é demais lembrar
que todos os citados acima, sabiam de antemão da realização do maior evento
esportivo do planeta em solo brasileiro, mesmo assim, omitiram-se de forma “organizada”,
e com isso acentuaram o empobrecimento qualitativo da arbitragem brasileira.
Diante
do que se leu acima, o tema arbitragem nos campeonatos estaduais e nas
competições da CBF a partir dos próximos dias, deve apresentar a mesma cara do ano
que passou. Ou seja, vivenciaremos as mesmas mazelas, os mesmos vícios, os
mesmos equívocos nas tomadas de decisões e, sobretudo, o “jeitinho” brasileiro de apitar jogos de
futebol.
PS:
Sentiu o leitor ao atinar para o que foi conceituado no artigo retro, que este
crítico do apito considerou, isso apenas na forma teórica, os jogos do campeonato
mundial e os que serão realizados antes pelos certames regionais. Visando assim
afirmar novamente que o futebol brasileiro ao inverso do que ocorre em nosso
planeta da bola, até aqui fez investimentos modestos na formação técnica da
importante profissão que adotam os chamados homens de preto. Terá o torcedor
brasileiro a oportunidade de fazer uma comparação entre os árbitros que virão
para a Copa do Mundo, com aqueles que trabalham no Brasil.
Exclua-se
Sandro Meira Ricci (foto), já confirmado entre os internacionais, quando se ficará sabendo
a real tristeza que representam os nossos apitos não por culpa deles, mas sim,
pelo “cartolismo” que vive no País, os quais nunca deram um sinal sequer em dar
ao âmbito das arbitragens, conhecimento científico das regras que regem o
futebol dentro do retângulo verde. Na verdade lidamos com uma cartolagem omissa
no setor mais importante do futebol que é a arbitragem, muito mais valiosa,
isso apenas para exemplificar do magnífico quilate técnico que deu a Neymar,
uma condição excepcional no controle da pelota. Pobres, ou pobríssimos, são e
continuarão sendo, não se sabe por quanto tempo aqueles que tem vocação de dirigir
com a “latinha”, o espetáculo futebolístico que é a segunda religião de todo o brasileiro.
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