sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Árbitros "desconheciam" as recomendações da Fifa

Na palestra que o instrutor Fifa/Conmebol Jorge Larrionda, realizou na sede da CBF na quinta-feira (2), aos seus dirigentes, membros da comissão de arbitragem, instrutores e delegados especiais, dirigentes dos clubes, árbitros, imprensa e atletas de futebol, sobre o lance de bola na mão ou mão na bola no interior da área de pênalti, expôs um conjunto de deficiências inexorável do árbitro de futebol da Renaf. E, por consequência, revelou a anatomia do fracasso retumbante do modelo de gestão aplicado pela CBF ao setor do apito.
 
Larrionda reafirmou a seleta plateia presente ao evento na CBF, o que havia ministrado aos setenta e dois árbitros e trinta e cinco instrutores de arbitragem do Brasil, no curso na Granja Comary (Rio de Janeiro) - de 26 a 29 de agosto passado. Ou seja:  A regra que normatiza tocar a bola com a mão ou os braços  dentro da área penal não sofreu nenhuma mudança.  

Mas o que me chamou a atenção foram as declarações de árbitros presentes na palestra, e também de jogadores que afirmaram que não sabiam desta nova recomendação da Fifa que o instrutor afirmou ter sido iniciada em 2011. O lateral Fábio Santos, do Corinthians/SP, aprovou as explicações e admitiu que os atletas estavam confusos com as marcações de pênaltis em diversas jogadas de bola na mão.

Tinga, do Cruzeiro/MG, disse que seus companheiros também desconheciam o conceito antes de os pênaltis polêmicos começarem a ser marcados no Campeonato Brasileiro. As afirmações de árbitros e atletas, foram captadas pelo jornalista Tiago Leme da ESPN do Rio de Janeiro.

No que diz respeito aos jogadores desconhecerem as decisões do lance em questão não me surpreende. E aqui cabe uma defesa da CBF. Logo após a Copa do Mundo, a entidade ofereceu gratuitamente às equipes da Série (A), instrutores de árbitros para proferirem palestras aos atletas sobre o assunto, e esclarecer possíveis dúvidas em relação as leis do jogo. Não houve resposta dos dirigentes dos clubes.

Contatei vários dirigentes para saber as razões porque não aceitaram a proposta da CBF, mas, só quatro admitiram falar em “off” sobre o problema. A resposta que vingou foi: “A CBF envia instrutores que falam....falam......., só que no campo de jogo os juízes e bandeirinhas mudam tudo. Não há padronização, é um rolo danado.”

Agora, o que me deixou perplexo foi a confraria do apito “in loco” na palestra, afirmar que para eles a situação era polêmica e acima de tudo uma novidade, e que a Copa de 2014 acabou sendo a grande "culpada" por difundir no país as recomendações do que deve ser considerado pênalti ou falta e do que não deve ser apitado.

Pergunto (1): A CBF tem uma comissão de arbitragem formada por quatro membros. Sérgio Corrêa da Silva, Alício Pena Júnior, Nilson Monção e Antonio Pereira da Silva. Em 7 de janeiro de 2013, foi criada a Escola Nacional de Arbitragem (Enaf), atualmente sob a direção da ex-assistente/Fifa Ana Paula de Oliveira.

Acrescente-se ainda que a CBF implementou e designa em todas as partidas do Campeonato Brasileiro, um contingente “expressivo” de delegados especiais e observadores de arbitragem. Pessoas as quais é delegada a missão precípua de acompanhar, orientar e avaliar o desempenho do árbitro, dos assistentes, do quarto árbitro e dos árbitros assistentes adicionais. Gente que tem o dever de possuir notório conhecimento sobre as Regras de Futebol.
Pergunto (2): Quais são os motivos que impediram a Comissão de Árbitros/CBF, a Enaf, os delegados especiais e os observadores de equacionarem uma questão que depende da capacidade cognitiva? Narro o conteúdo de um e-mail que recebi que tem a chancela de Massimo Busacca (foto), o chefe de arbitragem da Fifa. “Os árbitros precisam "ler a situação" e não dar falta a cada bola que toque na mão”. "A mão faz parte do jogador. Não há como pensar em um jogador sem as mãos".

PS: O retorno de Jorge Larrionda ao Brasil em pouco mais de quarenta dias para dirimir um lance interpretativo me dá uma certeza: A CA/CBF, delegados especiais e observadores de arbitragem e a esquadra que compõe a (RENAF) Relação Nacional de Árbitros de Futebol, foram seriamente “afetados” pela “síndrome” do fiasco de Brasil 1 x 7 Alemanha.

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