terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Arbitragem profissional: Planejamento, gestão e ética



Os ingleses inventaram o futebol, depois algumas regras que normatizaram o esporte. Logo a seguir, as quatro associações britânicas que praticavam o futebol, decidiram se unir e uniformizar as regras. Mas para isto, criaram o (IFAB) International Board em 1882, o único organismo com poderes para autorizar experimentos ou modificações nas Regras de Futebol em todo o planeta.

Para se ter uma ideia da importância do (IFAB), que é formado pela Escócia, Inglaterra, Irlanda e País de Gales, nem a Fifa que integra o Board, com direito a quatro votos nas reuniões desse órgão, pode autorizar experiências ou alterar as leis que regem o futebol dentro das quatro linhas sem a sua anuência.

Posteriormente, os britânicos vieram com outra novidade. O famoso “high balls into the área” ou “chuveirinho” como é comumente chamado pelos brasileiros. O que significa levantar a bola alta na área, o que tornou os atletas ingleses exímios marcadores de gols de cabeça.
A seguir os inventores do esporte das multidões demoliram, construíram e reformularam com arquitetura de ponta, os estádios onde desfilam os atletas e acomodam o torcedor. Quem vê as partidas da Premier League sabe do que estamos falando. Cadeiras almofadadas e gramados impecáveis.

Pelo que li por ocasião da Copa do Mundo no Brasil de alguns arquitetos, a Inglaterra possui os estádios com as mais belas arquiteturas. Só há dois casos similares aos ingleses no futebol: A Arena da Baixada em Curitiba (PR) e a Arena das Dunas em Natal (RN).
A última etapa do planejamento e transformação que tornou a Premier League a mais disputada, a segunda melhor média de público (a primeira é a Bundesliga (Alemanha), a que tem os maiores patrocinadores, suas competições são transmitidas para 202 países através de 80 emissoras de TV, os melhores atletas e os melhores técnicos de futebol, atingiu a arbitragem.

Em 2001, a (The FA), a Premier League e a Football League (segunda divisão) – se uniram e fundaram via uma legislação específica - a PGMOB - Professional Game Match Officials Bord, empresa que captou recursos e implantou a profissionalização do árbitro. Essa entidade é responsável pela seleção dos futuros apitos que são convocados aos 16 anos, formação, capacitação, treinamento, atendimento médico, remuneração e designação da arbitragem em todas as competições do futebol inglês. 

O primeiro gerente da PGMOB foi o ex-árbitro Keith Hacket e na atualidade é dirigida pelo ex-árbitro Mike Riley. O processo da profissionalização da arbitragem lá, começou com a contratação de vinte e um árbitros denominados de elite e outros quarenta e nove, que atuavam nas divisões intermediárias.

De 2001 para cá a PGMOB agigantou-se, evoluiu e hoje dada a organização, planejamento e, sobretudo, seriedade da sua diretoria, maneja centenas de árbitros e assistentes profissionais, que dedicam-se exclusivamente à arbitragem. Inclusive exporta Know-how para as federações Asiática e da Concacaf.

E, por derradeiro, enquanto a CBF ignora a (TGL) tecnologia na linha do gol, que tem como objetivo auxiliar a arbitragem a dirimir lances que fujam do seu campo visual, a Premier League tornou-se a partir de 2013, a primeira liga de futebol do mundo a introduzi-la nos vinte estádios da primeira divisão.  Enquanto a Fifa utiliza o sistema GoalControl, os ingleses optaram pelo sistema Hawk Eye (Olho de falcão). 

PS (1): Diferentemente da Inglaterra, o “status quo” inepto que desmanda no futebol brasileiro, além de nunca darem um único passo na direção da melhora qualitativa do homem de preto, ainda fazem “vistas grossas” e fogem da profissionalização do árbitro, como o diabo foge da cruz.
 
PS(2): Mas o que me surpreende é que os maiores interessados no reconhecimento e na implementação da profissionalização, a confraria do apito brasileiro, não demonstra o menor interesse em viabilizar mecanismos para uma conquista que irá beneficiar a todos.  

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