Da esquerda para à direita, Jorge Larrionda, Jorge Romo, Carlos Alarcón, Nicolas Léoz (presidente honorário da Conmebol), Massimo Busacca e Oscar Ruiz a elite da arbitragem da Fifa.
Recentemente
realizei pesquisa junto a um grupo de árbitros Sul-americanos, com o objetivo
de saber quais são os motivos da longevidade do Dr. Carlos Alarcón, à frente do Comitê
de Árbitros da Conmebol e, por consequência, do Comitê de Arbitragem da Fifa.
A
resposta foi de que se trata de uma pessoa extremamente equilibrada, íntegro,
coerente e um verdadeiro ícone da arbitragem mundial.
Por se
tratar de personagem de tamanha envergadura e entender que sua fala tem conteúdo
expressivo aos árbitros de todo o planeta dado o seu Know How, fomos ouvi-lo.
Até
porque, o calendário de competições da Conmebol este ano será extenso. Há
poucos dias terminou o Sub-20, atualmente está em disputa o Sub-17, a Taça
Libertadores e no mês de junho vindouro a Copa América que será efetivada no
Chile. Logo a seguir, teremos a Copa Sul-americana de Futebol e as Eliminatórias da Copa de 2018.
Contatado
via Conmebol, o Dr. Alarcón de pronto respondeu os questionamentos envolvendo a
arbitragem da Copa no Brasil, da América do Sul, o convênio firmado com a Uefa
e diferentes temas inerentes à arbitragem.
Confira
abaixo a entrevista.
Paraná
Online - Como membro do Comitê de Arbitragem da Fifa e Diretor da Comissão de
árbitros da (Conmebol) Confederação Sul-americana de Futebol, qual é a sua
avaliação sobre o desempenho da arbitragem na Copa do Mundo do Brasil?
Carlos
Alarcón - Gostei da metodologia e da leitura empregada que cada árbitro
desenvolveu no mundial e, sobretudo, da atuação dos apitos da Conmebol,
principalmente pelo alto grau de competitividade e qualidade do maior torneio
de futebol do planeta.
Paraná Online - Dada as
constantes mutações que sofre a arbitragem Sul-americana - como está o processo
de renovação neste setor da Conmebol?
Alarcón - Realizamos um
trabalho constante de observação em toda a América do Sul no setor do apito - o
que nos permite antecipar a saída de árbitros e assistentes em função do limite
da idade e gradativamente vamos lapidando e preparando novos elementos para
repor os que estão de saída. Às vezes somos surpreendidos, como nos casos de
Jorge Larrionda, Oscar Ruiz e Paulo Cesar de Oliveira e outros. Felizmente,
como afirmei temos uma equipe que labora no descobrimento de jovens com muita
qualidade para suprir a ausência daqueles que saírem.
Paraná- Online - Como está a preparação dos
homens de preto da Conmebol, para a Copa América no Chile em junho?
Alarcón - Estamos trabalhando de maneira
intensa com a realização de vários seminários. Inclusive, no período de 8 a 12
de maio próximo, será efetivado um curso de alto nível em Santiago (Chile).
Teremos a participação de (40) postulantes, dos quais selecionaremos àqueles
que irão comandar as importantes pelejas do torneio em tela.
Paraná Online - A Conmebol e a Uefa
celebraram recentemente um convênio visando o intercâmbio (participação em
cursos e seminários) entre a arbitragem da América do Sul e da Europa. Na sua
visão, isto irá mudar o conceito do árbitro Sul-americano na interpretação e
aplicação das Regras de Futebol?
Alarcón -
Não acredito que esse fato possa mudar o conceito dos nossos árbitros. Na
verdade, eles estão conscientizados sobre as características inerentes do
futebol Sul-americano.
Paraná Online - O árbitro Enrique Osses
(Fifa/Chile) - foi o primeiro contemplado pelo intercâmbio. Em
março, uma equipe de arbitragem da CBF irá participar de um seminário da Uefa em
Nyon (Suíça). Não seria o caso de aumentar o intercâmbio com a presença de um
número maior de árbitros e assistentes nesses cursos?
Alarcón -
O tema não é de fácil solução. Já que dependemos do convite da Uefa e nós
apenas nos adaptamos ao convite que recebemos. Portanto, não é a Conmebol que
decide.
Paraná Online - Enrique Osses (Chile), Heber
Roberto Lopes (Brasil), Nestor Pitana (Argentina), Sandro Ricci (Brasil) e o
novato Andrés Cunha (Uruguai), comandam os jogos nos seus países de origem e na
própria Conmebol, com critérios diferenciados dos demais apitos Sul-americanos.
Por quê?
Alarcón -
A diferença está na qualidade do estilo de arbitragem de cada um, e não nos
conceitos técnicos.
Paraná Online - Wilmar Roldán
(Fifa/Colômbia), até a Olimpíada de Londres em 2012 era considerado a maior
revelação da Conmebol. No Mundial do Brasil, caiu assustadoramente de produção
e desde então não está bem. O que houve?
Alarcón - Devemos compreender que o árbitro é
igual a um atleta. É comum observarmos muitos jogadores vivenciarem uma, duas
temporadas de apogeu e repentinamente caírem de produção
vertiginosamente. Por isto, a Comissão de Arbitragem da Conmebol aproveita o
árbitro no seu melhor momento, e, quando há queda de produção propiciamos um
descanso para que ele se recupere. Daí que designar um árbitro para atuar numa
partida requer ciência e arte.
Paraná Online - O (IFAB) na
reunião do último dia 28 de fevereiro, recusou a proposta de vídeo para o
árbitro consultar lances que fujam do seu campo visual, e, se a sua decisão foi
correta ou não. Qual é a sua opinião sobre o tema?
Alarcón -
O (IFAB) International Board é composto por personagens com vasta
experiência, e por isto suas decisões são respeitadas e cumpridas sem
contestações.
Paraná Online - Michel Platini presidente da
Uefa e Pierluigi Collina diretor de arbitragem da entidade europeia, sugeriram
à Fifa a exclusão temporária de um atleta (cartão branco ou azul) - durante uma
partida. O sr. é favorável ou contrário a essa posição?
Alarcón - Creio que no momento adequado
o (IFAB) irá analisar a proposição e autorizar o seu experimento, para então
tirar as conclusões sobre o efeito positivo para o futebol.
Paraná Online - Dada a importância da
Conmebol na América do Sul e região pergunto: Por que não se cria a
Universidade de Arbitragem Sul-Americana, a exemplo da Uefa que fundou o (Core)
Centro de Excelência de Arbitragem?
Alarcón - Temos vários projetos
agendados para aprimorar a qualidade da arbitragem. E a sua sugestão pode ser
uma boa ideia. Agora, por se tratar de um projeto de excelência, precisamos
estudar minuciosamente a sua viabilidade ou não.
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