sábado, 14 de março de 2015

Entrevista: Carlos Alarcón

    Da esquerda para à direita, Jorge Larrionda, Jorge Romo, Carlos Alarcón, Nicolas Léoz (presidente honorário da Conmebol), Massimo Busacca e Oscar Ruiz a elite da arbitragem da Fifa.

Recentemente realizei pesquisa junto a um grupo de árbitros Sul-americanos, com o objetivo de saber quais são os motivos da longevidade do Dr. Carlos Alarcón, à frente do Comitê de Árbitros da Conmebol e, por consequência, do Comitê de Arbitragem da Fifa.

A resposta foi de que se trata de uma pessoa extremamente equilibrada, íntegro, coerente e um verdadeiro ícone da arbitragem mundial.

Por se tratar de personagem de tamanha envergadura e entender que sua fala tem conteúdo expressivo aos árbitros de todo o planeta dado o seu Know How, fomos ouvi-lo.

Até porque, o calendário de competições da Conmebol este ano será extenso. Há poucos dias terminou o Sub-20, atualmente está em disputa o Sub-17, a Taça Libertadores e no mês de junho vindouro a Copa América que será efetivada no Chile. Logo a seguir, teremos a Copa Sul-americana de Futebol e as Eliminatórias da Copa de 2018.

Contatado via Conmebol, o Dr. Alarcón de pronto respondeu os questionamentos envolvendo a arbitragem da Copa no Brasil, da América do Sul, o convênio firmado com a Uefa e diferentes temas inerentes à arbitragem.
Confira abaixo a entrevista.  

Paraná Online - Como membro do Comitê de Arbitragem da Fifa e Diretor da Comissão de árbitros da (Conmebol) Confederação Sul-americana de Futebol, qual é a sua avaliação sobre o desempenho da arbitragem na Copa do Mundo do Brasil?

Carlos Alarcón -  Gostei da metodologia e da leitura empregada que cada árbitro desenvolveu no mundial e, sobretudo, da atuação dos apitos da Conmebol, principalmente pelo alto grau de competitividade e qualidade do maior torneio de futebol do planeta.
 
Paraná Online - Dada as constantes mutações que sofre a arbitragem Sul-americana - como está o processo de renovação neste setor da Conmebol?

Alarcón - Realizamos um trabalho constante de observação em toda a América do Sul no setor do apito - o que nos permite antecipar a saída de árbitros e assistentes em função do limite da idade e gradativamente vamos lapidando e preparando novos elementos para repor os que estão de saída. Às vezes somos surpreendidos, como nos casos de Jorge Larrionda, Oscar Ruiz e Paulo Cesar de Oliveira e outros. Felizmente, como afirmei temos uma equipe que labora no descobrimento de jovens com muita qualidade para suprir a ausência daqueles que saírem.

Paraná- Online - Como está a preparação dos homens de preto da Conmebol, para a Copa América no Chile em junho?

Alarcón - Estamos trabalhando de maneira intensa com a realização de vários seminários. Inclusive, no período de 8 a 12 de maio próximo, será efetivado um curso de alto nível em Santiago (Chile). Teremos a participação de (40) postulantes, dos quais selecionaremos àqueles que irão comandar as importantes pelejas do torneio em tela.
 
Paraná Online - A Conmebol e a Uefa celebraram recentemente um convênio visando o intercâmbio (participação em cursos e seminários) entre a arbitragem da América do Sul e da Europa. Na sua visão, isto irá mudar o conceito do árbitro Sul-americano na interpretação e aplicação das Regras de Futebol?

Alarcón - Não acredito que esse fato possa mudar o conceito dos nossos árbitros. Na verdade, eles estão conscientizados sobre as características inerentes do futebol Sul-americano.

Paraná Online - O árbitro Enrique Osses (Fifa/Chile) -  foi o primeiro contemplado pelo intercâmbio. Em março, uma equipe de arbitragem da CBF irá participar de um seminário da Uefa em Nyon (Suíça). Não seria o caso de aumentar o intercâmbio com a presença de um número maior de árbitros e assistentes nesses cursos?

Alarcón - O tema não é de fácil solução. Já que dependemos do convite da Uefa e nós apenas nos adaptamos ao convite que recebemos. Portanto, não é a Conmebol que decide.

Paraná Online - Enrique Osses (Chile), Heber Roberto Lopes (Brasil), Nestor Pitana (Argentina), Sandro Ricci (Brasil) e o novato Andrés Cunha (Uruguai), comandam os jogos nos seus países de origem e na própria Conmebol, com critérios diferenciados dos demais apitos Sul-americanos. Por quê?

Alarcón - A diferença está na qualidade do estilo de arbitragem de cada um, e não nos conceitos técnicos.

Paraná Online - Wilmar Roldán (Fifa/Colômbia), até a Olimpíada de Londres em 2012 era considerado a maior revelação da Conmebol. No Mundial do Brasil, caiu assustadoramente de produção e desde então não está bem. O que houve?

Alarcón - Devemos compreender que o árbitro é igual a um atleta. É comum observarmos muitos jogadores vivenciarem uma, duas temporadas de apogeu e repentinamente caírem de produção vertiginosamente. Por isto, a Comissão de Arbitragem da Conmebol aproveita o árbitro no seu melhor momento, e, quando há queda de produção propiciamos um descanso para que ele se recupere. Daí que designar um árbitro para atuar numa partida requer ciência e arte.
  
Paraná Online - O (IFAB) na reunião do último dia 28 de fevereiro, recusou a proposta de vídeo para o árbitro consultar lances que fujam do seu campo visual, e, se a sua decisão foi correta ou não. Qual é a sua opinião sobre o tema?

Alarcón - O (IFAB) International Board é composto por personagens com vasta experiência, e por isto suas decisões são respeitadas e cumpridas sem contestações.

Paraná Online - Michel Platini presidente da Uefa e Pierluigi Collina diretor de arbitragem da entidade europeia, sugeriram à Fifa a exclusão temporária de um atleta (cartão branco ou azul) - durante uma partida. O sr. é favorável ou contrário a essa posição?

Alarcón -  Creio que no momento adequado o (IFAB) irá analisar a proposição e autorizar o seu experimento, para então tirar as conclusões sobre o efeito positivo para o futebol. 

Paraná Online - Dada a importância da Conmebol na América do Sul e região pergunto: Por que não se cria a Universidade de Arbitragem Sul-Americana, a exemplo da Uefa que fundou o (Core) Centro de Excelência de Arbitragem?

Alarcón -  Temos vários projetos agendados para aprimorar a qualidade da arbitragem. E a sua sugestão pode ser uma boa ideia. Agora, por se tratar de um projeto de excelência, precisamos estudar minuciosamente a sua viabilidade ou não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário