Quando cursei o curso de
árbitros promovido pela Federação Paranaense de Futebol (FPF) em 1982, em
parceria com o Sistema Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) - nos foi
disponibilizado algumas xerocópias do Guia Universal para árbitros, e logo a seguir
fomos convidados a participar junto com os demais árbitros da (FPF), dos
treinos de educação física que eram efetivados na Praça Osvaldo Cruz duas vezes
por semana.
Lembro-me da didática
simples, objetiva e de alguns mestres que ministravam as aulas de segunda a
sexta-feira no referido curso. Rubens Maranho (in memoriam), Victor Marcassa
(in memoriam), Jaime Nuldemann, Paulo José Guntowski, Newton Martins (in
memoriam) e outros. Os recursos colocados a disposição dos professores eram
limitados, mas, a qualidade individual dos que lecionavam era de primeira
linha. E os árbitros formados eram de boa qualidade.
Fiz o preâmbulo acima
porque, a cada temporada leio ou vejo as federações de futebol anunciarem uma
avalanche de formação de árbitros em diferentes regiões do País. Se a formação
vem acontecendo de forma reiterada, por outro lado, tenho observado a
baixíssima qualidade dos professores e, por conseguinte, a incapacidade da
maioria dos formandos quando escalados nas competições das suas federações ou
da CBF, em dar provimento adequado às Regras de Futebol.
Atualmente, a CA/CBF coloca
à disposição das federações, dos árbitros, das comissões de arbitragens, das
escolas de formação de árbitros os seguintes benefícios: manual das Regras de
Futebol, instrutores, tutores, delegados especiais de arbitragem, a Escola
Nacional de Árbitros de Futebol, cursos às federações e na Granja Comary,
palestras com membros do (STJD), palestras com especialistas, visando orientar
a arbitragem a evitar possíveis contusões, cursos de inglês via online e psicólogos.
Porém, não há sinais de melhora na formação dos homens de preto.
A certeza que se tem é de
que esse farto material não está sendo digerido ou/e compreendido pelos que ensinam
e formam o árbitro. O fato de ter sido árbitro de futebol é condição “sine qua
non” para ser mestre de arbitragem - porém, só isto não basta. Tem que ler,
estudar, compreender, buscar conhecimentos em diferentes setores da arbitragem
(interagir com pessoas que tenham notório conhecimento sobre o tema).
As deficiências letais que
tenho observado nos cursos de formação de árbitros em todo o Brasil está alicerçada
em sete tópicos 1) Há um contingente expressivo de “mestres” atuando nos cursos
que nunca apitaram uma partida de pelada e há ex-árbitros que estão desatualizados.
2) O enfraquecimento gigantesco do conteúdo. 3) A didática empregada. 4) A
ausência de visão dos instrutores em vislumbrar quem dos candidatos a árbitro
possui talento, timing, feeling e, o principal requisito, a vocação. 5) O
continuísmo abjeto nas comissões de arbitragem das federações, que está
espalhado como metástase. 6) A ausência de investimentos das federações na
formação e requalificação dos seus apitos. 7) A cooptação dos “líderes” das entidades
de classe que representam os árbitros pelas federações - com o “designação” dos
mesmos para atuarem como membros ou/e observadores de arbitragem, ou outros
cargos nas referidas federações.
Diante do exposto, a CA/CBF, visando melhorar a
formação e consequente qualidade do árbitro brasileiro, poderia iniciar um
processo de profilaxia na escolha e formação dos seus instrutores, tutores, assessores
e delegados especiais de arbitragem. Já que são eles indicados pelas federações
de futebol que formam, escalam os juízes e bandeiras nos campeonatos regionais
e, por consequência, indicam para atuarem nas competições da CBF.
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