terça-feira, 6 de julho de 2010

Faltam professores com qualificação

Entrevistado pelo jornal Marca da Cal, órgão de informação do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado do Rio Grande do Sul, em novembro de 2007, o principal expoente da arbitragem brasileira, Armando Nunes Castanheira da Rosa Marques, quando perguntado se havia condições de se instalar uma Universidade de Arbitragem nos países Sul-Americanos e através dela unificar a metodologia de arbitragem, Armando respondeu: Não temos professores de arbitragem à altura para desempenhar esta função, e os que exercem esse tipo de atividade, precisam ser requalificados em caráter emergencial.

Concordo com Armando Marques em gênero, número e grau. De lá para cá, com exceção de São Paulo e Rio Grande do Sul, que sempre foram consideradas escolas paradigmas na formação de árbitros, os avanços foram tênues nos demais Estados do País. Dito isso, vejo como salutar o 2º encontro nacional das Escolas de Arbitragens, realizado de 7 a 9 de maio passado, na cidade de São Paulo, que teve como escopo principal trocar idéias, experiências, objetivando promover uma padronização na
formação dos futuros apitos de futebol no Brasil, e também a definição de Aracaju (SE), como cidade sede do novo encontro que acontecerá em 2011.
Na minha opinião, o imbróglio da geração de árbitros malformados, que temos na atualidade, passa de forma imperiosa pelas Federações Estaduais e, por conseguinte, na formação das Comissões de Árbitros destas entidades, que na sua maioria, foram entregues à seres humanos, que são "amigos" do presidente da federação ou são "amigos" de um contingente expressivo de clubes. E o que é pior: Há um número expressivo destas "personagens", que nunca apitaram sequer, pelada de menino de final de rua. Traduzindo: São leigos na matéria, mas como foram indicados por prepostos, comandam os árbitros e o que se vê é uma interminável geração de árbitros sem futuro.
É de fundamental importância, que os membros das Comissões de Arbitragens, além de terem atuado como árbitro, tenham conhecimento adequado sobre as leis que regem o futebol dentro das quatro linhas, porque são eles os responsáveis pelo aprimoramento dos seus árbitros e assistentes e, também, são eles que indicam à Comissão Nacional de Árbitros da CBF os melhores apitos. Há que se dar uma basta nesta pouca-vergonha no futebol brasileiro, e, cumprir rigorosamente a Circular da Fifa, que versa que, as Comissões de Árbitros e os Observadores de Arbitragem, devem ser ex-árbitros com notório conhecimento sobre as Regras do Jogo.
Isso significa que cada macaco deve ocupar o seu galho e pronto. Aliás, a função do Observador de Arbitragem no futebol brasileiro, está totalmente desvirtuada e foi entregue em algumas situações, para pessoas despreparadas, sem a menor identificação com o árbitro de futebol e sem as condições de preencher os requisitos básicos para avaliar o quarteto de arbitragem. Há uma legião de alienígenas exercendo a função de observador, com prancheta, com carteira da CBF nas cadeiras especiais dos estádios. É um desserviço à arbitragem e, por conseguinte, ao futebol!

A CBF, diante da magnitude que atingiu o Campeonato Brasileiro de Futebol, cujo investimento gira em torno de milhões de reais em patrocínios, por intermédio dos direitos de arenas, das vendas de camisas, placas de publicidade, cessão de atletas para o exterior, Tv e outras, deveria exigir através de (RDI-Resolução de Diretoria), dos patrocinadores e dos clubes que utilizam os árbitros, que ao fecharem os contratos milionários, estipulassem um percentual para ser destinado à formação e aprimoramento dos instrutores de arbitragem e, por extensão, da Escola Brasileira de Árbitros.
Todos reclamam, mas os investimentos são pífios diante da importância do árbitro no contexto do futebol. E as verbas de patrocínio que são estampadas nos uniformes dos árbitros, que deveriam ser investida no aperfeiçoamento dos homens de preto e em várias Federações Estaduais de Futebol, ninguém sabe para onde vai esse dinheiro? Há casos como o Paraná, que além de estamparem a logomarca no uniforme, os árbitros ainda tem que comprar meião, a R$ 10.00. É mole? Estabelecer uma linguagem única entre os instrutores de arbitragem, e aproximar os critérios de formação dos árbitros neófitos é o grande desafio do encontro de Aracaju, quando 2011 chegar.

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