quarta-feira, 14 de julho de 2010

Irmatov foi o árbitro da Copa


(Foto: Federação do Uzbequistão) - Árbitro Ravshan Irmatov (Fifa-Uzbequistão) à esquerda foi homenageado pela federação local e pelas autoridades do seu país.



Apesar dos inúmeros erros de arbitragem, juiz do Uzbequistão passou ileso no Mundial 2010

No dia 11 de junho deste ano, quando o árbitro mais jovem da Copa do Mundo da África do Sul, Ravshan Irmatov (Fifa/Uzbequistão) – 32 anos – trilou o apito no Soccer Citty, em Joanesburgo, na partida de abertura entre África do Sul e México, a Fifa colocou em prática o mais audacioso e completo programa de treinamento já realizado com o árbitro de futebol desde a primeira Copa do Mundo, em 1930, no Uruguai.
A pré-seleção dos homens do apito teve início em 2007, no Centro de Excelência Médica da Fifa, onde os 29 árbitros e 58 assistentes, selecionados para o Mundial, foram submetidos a rigorosas e diversificadas baterias de exames, com o objetivo de estarem aptos a percorrer o campo de jogo em toda a sua dimensão e mentalmente preparados para dirimir qualquer situação que encontrassem no retângulo verde onde a Jabulani rolou.
Lamentavelmente, em que pese a ótima infraestrutura proporcionada pela Fifa, inclusive, escalando trios de arbitragem do mesmo país, os homens do apito, a partir da segunda fase da Copa, com as partidas ganhando maior robustez técnica, não conseguiram dar resposta adequada aos lances de maior envergadura quando exigidos, interpretando e aplicando as Regras do Jogo em total descompasso com o seu texto. O posicionamento com a bola em jogo foi o grande obstáculo enfrentado pelos árbitros e seus assistentes, o que propiciou tomadas de decisões sem o devido autocontrole, nos lances de impedimento, na marcação de penalidades máximas, nas sinalizações de tiros de canto (em vários jogos, os assistentes não conseguiram detectar o toque do adversário e ao invés de assinalarem escanteio, marcavam equivocadamente tiro de meta, ou então, se abstinham da marcação e transferiam a responsabilidade para o árbitro). Será que houve alguma deficiência oftalmológica?
Porém, o mais grave dos equívocos, foi o lance em que a bola ultrapassou (33 centímetros a linha do gol), no jogo entre Inglaterra e Alemanha. Aqui há um detalhe a acrescentar: o campo visual do árbitro Jorge Larrionda (Fifa/Uruguai). Ele não tinha condições de visualizar a jogada na sua plenitude, mas o seu compatriota Maurício Espinosa, se estivesse posicionado corretamente na linha do penúltimo defensor ou da bola quando essa está mais próxima da linha de meta do que o penúltimo defensor, acredito teria visto a bola entrar. Foi um erro crasso de posicionamento do assistente uruguaio.
Algumas decisões da arbitragem em alguns jogos foram em total desacordo com a verdade dos fatos. Foram absurdas! Uma delas, o impedimento de Tevez da Argentina contra o México.
Mas nem tudo que diz respeito ao apito foi ruim nesta Copa. Na minha opinião, a arbitragem descobriu um dos melhores árbitros de futebol do planeta, Ravshan Irmatov. Ele, que ao 19 anos, após sofrer uma grave contusão no tornozelo direito, ficou impossibilitado de jogar futebol. E, por sugestão do seu genitor, que foi árbitro de futebol nos temíveis dias da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, foi convidado para apitar um campeonato Sub-13 no Uzbequistão. Ravshan foi muito bem no torneio e foi encorajado pelo pai e amigos a fazer o curso de árbitro de futebol e logo a seguir tornou-se árbitro profissional da Confederação Asiática, em 2001. Em 2003 foi guindado ao quadro da Fifa. Dali em diante, a carreira do jovem uzbeque decolou de forma estratosférica, com o nominado apitador galgando vários degraus até atingir o ápice de todo árbitro de futebol, quando foi designado em maio deste ano para atuar na Copa do Mundo, onde apitou cinco jogos – façanha que pertencia a dois árbitros em se tratando de um Mundial, casos de Benito Archúndia (México) e Horacio Elizondo (Argentina).
Diante da escassez de autocontrole nas tomadas de decisões explicitadas pela arbitragem neste Mundial, Ravshan Irmatov foi o único que passou ileso nas cinco partidas que apitou e, em assim procedendo, salvou a pele dos homens do apito nesta Copa da África do Sul.
PS: Menção honrosa para Carlos Eugênio Simon pelas duas belíssimas atuações no Mundial.

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