terça-feira, 24 de agosto de 2010

Se a bola é redonda tem que correr



A Fifa diz que o espectador tem o direito de ver 90 minutos de bola rolando, embora na prática isso não aconteça jamais. Na Europa o tempo de bola em jogo oscila entre 70 e 75 minutos, mas lá isto acontece em função de que o artífice principal do espetáculo o árbitro, adquiriu uma cultura que sabe diferenciar quedas casuais em função de um contato físico ou mesmo de um tropeço quando nada deve ser assinalado. No futebol brasileiro a arbitragem de há muito desenvolveu uma cultura diferenciada e a qualquer choque ou contato físico a torcida, os atletas e até mesmo a imprensa gritam em alto e bom som: Foi falta! Os árbitros, a maioria malformados nas federações de origem onde não recebem uma atenção compartilhada, diante da insegurança, da falta de critérios na uniformidade na marcação da faltas trilam em muitas vezes de forma constante o apito interrompendo o jogo e causando com isto enorme prejuízo ao andamento da partida e, por extensão, gerando um mal estar para todos e subtraindo boa parte do tempo de jogo. Corinthians x São Paulo no Pacaembu foi um exemplo da falta de discernimento da arbitragem entre um contato físico com falta e um contato físico casual. Quem assistiu ou assistir o teipe do clássico e observar um dos jogos do final de semana dos campeonatos inglês ou alemão verá uma diferença estratosférica de critérios da arbitragem na marcação de faltas e de tempo de bola em jogo. Inclusive nos acréscimo os europeus são fidedignos. No Velho Continente o futebol é tratado como um espetáculo de entretenimento. No Brasil, a "malandragem dos atletas" torna a maioria das partidas insossas e muitas vezes com um aliado incondicional o árbitro.

Feito este intróito, na companhia de dois professores de Educação Física fui a Arena da Baixada no domingo observar Carlos Eugênio Simon (Fifa-RS) no Atlético/PR 1 x 0 Flamengo/RJ. Vi uma arbitragem equânime com critérios de interpretação na sinalização das faltas técnicas ou disciplinares e um tirocínio mental altamente qualificado o que propiciou ótima atuação numa partida de dificuldade média. Cronometrei as substituições - 32 segundos cada; atendimento médico - 25" cada; tiro de meta - 22" cada; tiro livre direto - 26" cada; tiro livre indireto - 19" cada; cobrança de arremesso lateral - 14" cada; tiro de canto 15" cada e comeração de gol 18". Além do acréscimo do tempo perdido e da forma como conduziu a partida, só fracionando-a quando necessário, Simon limitou a entrada dos médicos e massagistas de ambas as equipes no campo de jogo, somente permitindo as suas presenças para acompanhamento no carrinho que retira jogadores para posterior atendimento fora das quatro linhas. Na verdade o apitador gaúcho cumpriu apenas o que diz a Fifa que determina que, um atleta só poderá ser atendido no campo de jogo nas seguintes exceções: contusão do goleiro, quando o arqueiro e um jogador se chocam e necessitam uma atenção imediata, quando ocorre uma contusão grave, por exemplo, o atleta engole a língua, concussão cerebral e fratura de perna. Fiz questão de cronometrar os tópicos acima, porque tenho observado alguns jogos serem encerrados sem nenhum minuto de acréscimo e em alguns casos o tempo acrescido não confere com as interrupções que aconteceram durante a partida o que é um absurdo. Este tipo de comportamento vem ocorrendo na Série A e B do Brasileirão/2010.
Em tempo: O árbitro que não adicionar (quando for o caso) o tempo perdido torna-se conivente no furto que é feito ao público presente. Finalizar a partida aos 90 exatos minutos, sem nenhum acréscimo, é um fenômeno.

Valdir Bicudo-apitodobicudo.blogspot.com

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