segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ações de marketing da FPF são motivo de piada

Felipe Lessa e Cahuê Miranda
Jornal Tribuna do Paraná


Antigas ações de marketing da Federação Paranaense de Futebol (FPF) chegaram a ser motivo de piada para torcedores e cartolas. Isso ocorreu no tempo em que o então presidente Onaireves Moura doou uniformes descaracterizados para os clubes e prometeu avestruzes como prêmio ao melhor goleiro e ao artilheiro do Estadual. Hoje, no entanto, quem ria chega a chorar.

Na gestão de Hélio Cury, diversos dirigentes alegam que, marketing exótico, estão recebendo presentes de grego. Eles chegam em forma de pesados encargos, estádios interditados e contas a pagar. O único benefício prometido para o Paranaense 2011 é a garantia da presença dos clubes da capital em todas cidades do interior e as cotas pagas pela TV. Pouco, se comparado a outros estados.

Pelo menos seis das maiores federações no país dão exemplo de como fortalecer seus campeonatos e clubes. Vale ação social, patrocínio, negociação de dívidas, troca de notas fiscais por ingresso, contratação de jogadores e até curso de capacitação com dirigente da Inter de Milão atual campeã da Copa dos Campeões da Europa. “Seria interessante alguma coisa assim por aqui”, disse o presidente de um clube do interior, que, ao saber completamente o assunto em questão, apenas completou. “O melhor a fazer é ficar quieto”, disse, pedindo anonimato.

Como explica o doutor em história do futebol André Capraro, é dever de toda federação auxiliar os clubes e jamais criar obstáculos. “Mesmo que o dinheiro no caixa da entidade esteja em baixa, é necessário pelo menos buscar e intermediar contatos com o setor privado, como é feito em diversos estados brasileiros”, alerta.

Capraro, que é membro do Núcleo Futebol & Sociedade da Universidade Federal do Paraná, ressalta que as necessidades dos clubes não são atendidas pela FPF, mesmo com o pagamento de taxas e a aceitação do sistema de funcionamento da entidade.

“Nosso campeonato há algum tempo deixou de ser referência. Se não houver nada que indique melhoras, é necessário o rompimento e a formação de uma liga. Essa é uma medida extrema. No entanto, se a situação não mudar, não haverá alternativa.”do presidente da Futpar e do Engenheiro Beltrão, Luiz Linhares. “A FPF não tem um plano de ação de marketing. Tem apenas uma empresa coligada, que é de um dos vices da entidade, e que só serve para manipular o contratos de publicidades, que não são mostrados aos clubes”, denuncia.


Na FPF, poucas palavras e nenhum plano para 2011

Faltam menos de 3 meses para o Estadual 2011 começar, mas a Federação Paranaense de Futebol (FPF) ainda não prevê nenhum benefício para seus clubes. A grande prioridade é cumprir as exigências da TV patrocinadora do campeonato. “Temos até 15 de novembro para apresentar a tabela”, disse o presidente da entidade, Hélio Cury.

Questionado sobre projetos como o da troca de notas fiscais por ingressos, o comandante da “entidade-mãe” do futebol paranaense disse que prefere esperar a posse do novo governador, Beto Richa, para só depois negociar. “Vamos ver o que se pode fazer. Tem que ver a mudança de governo. Estamos estudando tudo que é possível”, disse.

Federação Goiana de Futebol paga tudo


Sem ter que pagar viagem, hospedagem e taxa de arbitragem, a diretoria do Crac-GO está reformando a academia de musculação localizada dentro de seu estádio. O clube de Catalão, a 250 quilômetros de Goiânia, é uma das 22 agremiações da 1.ª e 2.ª divisões de Goiás contempladas por um projeto da Federação Goiana de Futebol.

O benefício ajudou o clube a zerar suas dívidas. “Hoje não devemos nada e ainda podemos fazer caixa pra pagar uma melhor premiação aos jogadores. Temos um investimento de R$ 120 mil em um espaço de preparação de nossos atletas e arrumamos o vestiário do nosso campo, o Genervino da Fonseca”, ressalta o presidente do Crac, Roberto Antônio da Silva.

Antes do campeonato, a entidade procurou os clubes e propôs o benefício em troca de algumas placas de publicidade nos estádios. “Criamos um projeto de marketing, onde 50% das receitas ficam com o clube e 50% com a federação. Assim, os clubes melhor administrados acabam tendo uma melhor receita para investir em suas estruturas”, conta o presidente da Federação Goiana de Futebol, André Luiz Pitta, que enaltece a luta pelo cumprimento total do Estatuto do Torcedor.

Nota fiscal e casa cheia no futebol em Pernambuco


O governo de Pernambuco e a federação de futebol do Estado ajuda a tornar o campeonato local em um dos mais prestigiados do Brasil. Quem apresenta R$100 em notas fiscais leva de brinde um ingresso. Pelo programa “Todos com a Nota”, o torcedor pode inclusive reservar seu lugar na hora de ver o seu time.

Seja na capital ou no interior, ninguém reclama. “Se hoje temos uma média de 5 mil torcedores em nossos jogos, é graças a esse projeto. Com a força da torcida, conquistamos acesso na Série B do Campeonato Brasileiro”, comemora o presidente de honra do Salgueiro-PE, Clebel Cordeiro. “Não fosse a promoção, nosso público seria menos de mil”, completa o dirigente do Carcará do Agreste.

O clube é sediado na cidade de Salgueiro, a 518 quilômetros distantes de Recife, e recebe R$ 6,00 por ingresso em partidas do Campeonato Pernambucano e R$12,00 nas do Brasileiro.

Sem pensar em choradeira, dirigentes da federação de Pernambuco também comemoram. “Nosso último campeonato teve uma média de público acima de 7 mil pessoas. A arrecadação superou os R$8 milhões”, enaltece o secretário geral da entidade, João Caixero de Vasconcelos.

Outra federação a adotar a troca de notas por entradas é a goiana. “Além de ganhar o ingresso, o torcedor coloca seu nome e o de uma instituição filantrópica indicada pelo Ministério Público no verso do bilhete. Depois, é feito um sorteio e no fim todos ganham”, destaca o presidente da entidade, André Luiz Pitta, que completa. “Até o pessoal da Federação Baiana nos procurou pra fazer igual. Afinal, conseguimos um aumento de 200 mil para 700 mil pagantes anuais em nosso estadual, comparando 2006 com 2010”, completa.

Rio Grande do Sul busca futebol moderno


“Não dava mais pra viver de rifa ou placa em troca de permuta no mercadinho da esquina. No futebol moderno, o que vale é o marketing empresarial”. A fala do presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Francisco Novelletto (foto) resume uma nova era de fortalecimento do esporte no Rio Grande do Sul.

Empresário no ramo de eletrônicos, e com o olhar de quem já bancou time pequeno, o São José, Novelletto espera fazer uma verdadeira revolução no futebol dos Pampas. Um exemplo disso está nos destinos das viagens realizadas para congressos técnicos do Gauchão. “Já levamos os presidentes dos clubes à Espanha e à Itália. Participamos de reunião com dirigentes de Real Madrid, Barcelona, Milan e Inter de Milão. Descobrimos que nosso futebol havia parado no tempo e resolvemos lutar pra progredir”, conta o presidente, que no próximo ano pretende novas reuniões na Inglaterra. “Dias atrás estávamos na Argentina”, orgulha-se.

A partir dos congressos da FGF, o presidente afirma que até os presidentes mais brigões passaram a ser cordiais. “Acabou o tempo de um xingando o outro, perturba aqui e vai ter troco na volta. Os visitantes agora têm os mesmos direitos dos mandantes. Com os dirigentes se conhecendo melhor, muitos até assistem jogos juntos,”

Segundo Novelletto, a federação chega a negociar dívidas de seus filiados. “Damos uma aliviada nas taxas dos times pequenos e também prestamos assessoria jurídica. Só do São Luiz de Ijuí-RS ajudamos a negociar mais de 100 ações trabalhistas.”

Para ajudar os clubes sem estrutura e fornecedor próprio, a Federação Gaúcha realizou uma parceria com a empresa de telefonia Claro. “Todos os times que disputarem nossas competições irão receber 1.200 peças em artigos esportivos cada um. É um fardamento completo que vai de chuteira, chinelo, roupa de passeio até uniforme de jogo”, afirma o presidente, que promete: “Quero que cada clube da Primeira Divisão, até 2015, esteja recebendo valores acima de R$ 1 milhão em cotas de TV. Essa é nossa programação”, completa.
PS: A matéria em tela retrata a falta de idéias, sugestões, projetos para alavancar o futebol do Estado do Paraná, que desde a ascensão de Hélio Pereira Cury ao trono da Federação Paranaense de Futebol, não inovou em nenhum setor. Mas não pensem que é apenas no âmbito administrativo do Campeonato Paranaense que a mediocridade prospera. No setor de arbitragens, embora a FPF e sua Comissão de Árbitros que é a mesma há seis anos consecutivos se vangloriem através de um Marketing pirotécnico de que tudo está no melhor dos mundos, não é verdade. Vivemos apenas de três nomes: Evandro Rogério Roman, Héber Roberto Lopes e Roberto Braatz. Tanto é verdade que, no último mês de junho, por ocasião do teste seletivo para o quadro de Asp/Fifa da CBF, o futebol paranaense não indicou nenhum árbitro para o nominado teste, porque não tinha nenhum árbitro que preenchesse os requisitos básicos exigidos pela CBF e a Fifa. Pobre futebol paranaense! Pobre arbitragem paranaense!
Valdir Bicudo-bicudoapito@hotmail.com

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