quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Audiência pública



Fifa convoca entrevista coletiva quando há erros de arbitragem e polêmicas; CBF devia usar exemplo
VALDIR BICUDO



Em todas as competições sob a sua jurisdição, quando ocorrem equívocos de arbitragem que provoquem polêmicas de ingente repercussão, a Fifa convoca uma entrevista coletiva. Seria o caso do acontecido no Corinthians x Cruzeiro, no sábado, no Pacaembu.
O assunto em debate seria a interpretação de casos como o do pênalti de Gil, do Cruzeiro, em Ronaldo, do Corinthians, objetivando esclarecer a opinião pública, os atletas, as equipes, os dirigentes e a imprensa. Esclarecem-se, à luz da regra, os lances que suscitaram controvérsias e expõem de forma clarividente a tomada de decisão do árbitro ou dos assistentes dentro do retângulo verde. Se isso foi ou não de acordo com a regra.
O objetivo tem como escopo, segundo José Maria Garcia Aranda, preparador técnico dos árbitros da Fifa, desviar os holofotes e amenizar a pressão sobre aquele que foi o condutor da partida – no caso, o árbitro.
O procedimento em tela vem sendo adotado pela Uefa em todas as oportunidades em que se defronta com situações como a que aconteceu com o árbitro Sandro Meira Ricci, no final de semana, e a aceitação tem sido a melhor possível. Nos últimos 45 dias, Vitor Pereira, o homem forte da arbitragem de Portugal, diante de várias tomadas de decisões equivocadas no campo de jogo pelos seus comandados, convocou duas entrevistas coletivas com a imprensa lusitana. Ele explicou os prós e os contras dos árbitros portugueses. Os resultados foram auspiciosos e o nível qualitativo da arbitragem lusa teve um acentuamento.
Apesar da política e filosofia supra indicada ser condutora de manifestação oportuna, pois só assim a opinião pública toma conhecimento da realidade real do futebol, o Brasil embora seja a terra do futebol hoje considerado, assim não procede. Mas diante dessa importante aplicação adotada pela Fifa, Uefa e Federação Portuguesa, poderia a CBF instituí-la nesta reta final do Brasileirão/2010 e denominá-la de “audiência pública”. Seriam convocados para isso os torcedores, árbitros, mídia e, principalmente, jogadores e cartolas.
A CBF também poderia, através de Resolução Interna de Diretoria, determinar a implementação desse tipo de audiência pública já para os campeonatos estaduais, e, por extensão, estendê-las para as próximas competições da entidade a partir do ano que vem. Isso faria com que os presidentes das Comissões de Arbitragens, sempre que haja dúvidas dolorosas dos lances de forma grave ou não por parte da arbitragem, sejam convocados a explicá-las. Por conseguinte, seriam convocados os interessados para a correspondente explicação, podendo dar a premissa correta dos acontecimentos: isto é, se o árbitro errou ou obedeceu as normas.
Fonte: Justiça Desportiva

Valdir Bicudo-bicudoapito@hotmail.com.

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