sábado, 1 de janeiro de 2011

Uma nova associação ou o continuísmo?


Foi eleita, no final do ano que passou, a nova diretoria da Associação Profissional dos Árbitros de Futebol do Paraná (Apaf). Os futuros dirigentes, tendo a frente o presidente José Renê Stavisnki e seu vice Claudio Luiz Pacheco, irão tomar posse na primeira quinzena de janeiro de 2011. Eles serão, ao lado dos demais pares, os timoneiros da confraria do apito paranaense nos próximos dois anos - com direito a uma reeleição.

Confesso que estava surpreso com a apatia, com o descaso, a quase inércia que tomou conta da classe dos homens de preto do futebol paranaense. A maioria esmagadora dos dirigentes que passaram no comando da associação dos árbitros desde a sua fundação, em outubro de1986, conspirou contra o seu desenvolvimento e, por extensão, contra os próprios árbitros. Como ex-árbitro e ex-sócio, fiquei contente com a plêiade de novatos na composição da diretoria, que terão poder de decisão no comando da associação e , por conseguinte, com a desvinculação de Afonso Vitor de Oliveira desse setor. Sua presença no comando da associação e da Comissão de Arbitragem nos últimos cinco anos era incompatível e afrontou os mais elementares princípios da ética.

Sua saída abre espaço para gente nova, com novas idéias, com novos projetos e abre uma perspectiva de progresso nas futuras reivindicações que foram subtraídas da categoria. Entre elas o percentual de 1% sobre as rendas dos jogos, a retomada de viajar de ônibus leito, a definição da venda da sede no edifício Asa e a compra de um imóvel compatível para a classe se reunir e discutir os seus problemas. Outra questão é a retomada da taxa de inscrição que desde 1988 pertenceu à associação e era a sua principal fonte de arrecadação, mas, numa ação nefasta com requintes de subserviência nunca antes vista nos anais da arbitragem paranaense, foi entregue de bandeja à Federação Paranaense de Futebol.

Um adendo as considerações acima , não pode ser esquecido: a circunstância de que a Associação dos Árbitros não tem nenhuma vinculação subordinativa a Federação Paranaense de Futebol, muito menos à sua presidência. Toda a associação é um passo inicial para a construção de um sindicato, por isso tem semelhança sindicalista dos seus membros. É preciso entender que só cresce uma entidade que tiver autonomia absoluta. E este é o caso que deve colocar na sua consciência o novo presidente da associação, para que não seja cooptado pelos cartolas federacionistas e repita o fracasso do seu antecessor.

E mais ainda, rememorar com veemência que os árbitros tem uma hierarquia própria e que não dependem das entidades futebolísticas, mas sim estas se lhe devem curvar. Justifica-se: sem árbitro não tem campeonatos de futebol e, de consequência, as federações e ligas teriam o "sabor" de "lei morta". Esta é a filosofia a seguir presidente José Renê Stavinski, ou então entregar-se defintivamente a mesmice dos últimos anos.

PS (1) : O ex-presidente da Associação dos Árbitros/PR, Nelson Orlando Lehmkhul, viajou de Curitiba até Palmas para participar da festa de confraternização dos árbitros de final de ano e pediu para falar. Foi lhe dado o tempo de cinco minutos, e Lehmkhul, segundo duas pessoas me relataram, com expressão facial angustiante tentou justificar o injustificável: a sua péssima administração a frente da associação de 1997 a 2003, o que lhe rendeu três condenações recentes. Duas delas foram no Tribunal de Justiça do Paraná (21ª Vara Cível e 18ª Câmara Cível de Dezembargadores e mais recentemente no Superior Tribunal de Justiça [STJ], em Brasília).


PS (2) :
É bom lembrar que antes da ascensão de Afonso Vitor ao comando da associação e da arbitragem na Federação Paranaense de Futebol, houve a subtração dos árbitros do percentual de 1% sobre as rendas e o direito de viajar de ônibus leito nas partidas do Campeonato Paranaense.

Mas as principais perdas dos árbitros do Paraná ocorreram sob o comando de Afonso Vitor de Oliveira, que ao assumir o poder na Federação Paranaense de Futebol e da Associação dos Árbitros mudou-se de mala e cuia para o Pinheirão, embora tenha a associação sede própria no edifício Asa, a alugou de forma inexplicável. Dias após a mudança, o Pinheirão foi interditado pela Justiça e já se passaram mais de quatro anos. Consequência: os árbitros não têm onde se reunir para discutir os temas de seus interesses.

Porém, as lancetadas letais desferidas nos árbitros da FPF, e o principal ato de subserviência de Afonso Vitor de Oliveira, aconteceram no ano passado e neste ano. Em 2009, a FPF pediu 2/3 da taxa de inscrição dos árbitros (R$ 17o.00 ) per capita, que, desde 1988 sempre foi da associação e em 2010 a FPF exigiu a taxa na sua totalidade e mais uma vez de maneira submissa nunca antes vista nos anais da arbitragem paranaense, Afonso Vitor de Oliveira e sua “tchurma” “atenderam” o pedido da federação e, por conseguinte, taxaram num caso “sui gêneris” no futebol brasileiro, os árbitros da Federação Paranaense de Futebol, que para apitar competições da entidade tem que pagar. Acrescente-se ao exposto, mais uma taxa instituída pela Associação dos Árbitros este ano. Cada árbitro tem que pagar desde janeiro via boleto, R$ 20.00 x 12 vezes à associação. E, por derradeiro, a partir do dia 1º de dezembro/2010 as passagens e o pedágio tiveram um acréscimo de 5,02%. Há ou não há perda no ganho dos árbitros paranaenses? Basta não ser sabujo e traíra que qualquer pessoa com um mínimo de inteligência verá que os árbitros tiveram perdas expressivas nos últimos anos e a (Associação dos Árbitros Chapa branca) do Paraná com tudo concordou e nada fez para recuperar as perdas aqui nominadas. É o fim da picada! Pobre arbitragem paranaense! Será que teremos mudança ou o continuísmo?

Valdir Bicudo-bicudoapito@hotmail.com

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