quarta-feira, 27 de abril de 2011

Eles usam óculos escuros


Para quem está assistindo as partidas da Copa Toyota Libertadores da América e ontem observou com acuidade a arbitragem de Néstor Pestana (ARG), no jogo Grêmio/RS 1 x 2 UCA (Chile), em Porto Alegre, está constatando facilmente que o estilo de apitar dos árbitros brasileiros está muito distante do modelo adotado pelos demais apitos da América do Sul e, sobretudo, da Europa.

Dizem, e como dizem, que o atleta profissional brasileiro é um mágico na arte de simular faltas nas partidas que se realizam em diferentes partes deste país. Tanto é verdade que, para alguns analistas de futebol, estes jogadores são considerados virtuosos nas cenas por eles protagonizadas, cujo objetivo principal é ludibriar a atenção do árbitro e induzi-lo ao erro. E o mais grave: são sempre vitoriosos nestes atos. Não obstante o exposto, é comum observarmos muitos jogadores "mestres" no cai-cai,  dirigirem em muitas oportunidades  seus olhares para as câmeras de TV e para as arquibancadas jogando a torcida contra o árbitro.

Isso acontece porque o árbitro no Brasil, às vezes, é ingênuo, porém, na maioria das infrações é conivente com este tipo de situação em função de não querer se atritar com o status quo que comanda o nosso futebol e, por extensão, há temeridade em ficar fora do próximo sorteio.

O famoso cai-cai é tipificado nas Regras do Jogo como atitude antidesportiva e todo jogador que utiliza este instrumento nocivo à prática do futebol deve ser punido com cartão amarelo e na reincidência com cartão vermelho. Mas, voltando à derrota do tricolor dos pampas, em sua própria casa, pode notar que vários jogadores da equipe gaúcha simularam faltas em diferentes espaços do campo de jogo e o árbitro nada marcou. E acredito, este tenha sido um dos motivos que contribuíram para a derrota do Grêmio. Principalmente porque quando os atletas gremistas “imaginavam infrações” Néstor Pestana mostrava-se vigoroso nas suas atitudes e decisões, dando relevância a um fato conhecidíssimo que a falta só pode ser assinalada quando ficar comprovado a má fé de quem a comete.
  
Essa filosofia e política do apito é tradicional no mundo todo, somente tendo como exceção o árbitro brasileiro que em algumas oportunidades é ingênuo na formação da sua convicção para decidir se ocorreu a falta ou se foi um fato de óbvia simulação. Tudo isso está a indicar que mudanças radicais devem aqui acontecer, a fim de, por mecanismos didáticos instruir os nossos apitos o que é intencional e o que é imaginário e punir àqueles árbitros que se omitem de punir os infratores e passam a impressão de que estão apitando uma partida de óculos escuros.

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