quinta-feira, 16 de junho de 2011


CEL. MARINHO


O homem que mudou a arbitragem da FPF

Corria o ano de 2005, quando explodiu um gravíssimo problema envolvendo dois membros do quadro de árbitros da Federação Paulista de Futebol. Diante da gravidade do problema e a ingente repercussão do fato, e objetivando aplicar um choque de gestão num setor de relevância do futebol da terra da garoa, o presidente da entidade paulista, Marco Pólo Del Nero, não titubeou e convidou para assumir o comando do sibilino setor de arbitragens da FPF, o Ten. Cel. da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Marcos Marinho. A escolha de Marinho, para presidir um grupo altamente heterogêneo como são os árbitros, teve como predicados a sua brilhante trajetória à frente de diferentes comandos na PM , que teve como marcas precípuas a disciplina, o equilíbrio, a modernidade e o empreendedorismo. Acompanhe abaixo o seu Curriculum e a entrevista concedida por e-mail ao Apito do Bicudo.

Nome: Marcos Cabral Marinho de Moura , Ten. Cel. Reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Filiação: Nelson Marinho de Moura e Yára Maria Cabral de Moura, Nascimento: 03/05/1958, Estado Civil: Casado, Esposa: Elizabela de Oliveira, Filhos: Maira, Luana, Raissa, Bruna e Caio. Cursos na Polícia Militar do Estado de São Paulo, Curso Preparatório de Formação de Oficiais; Curso de Formação de Oficiais; Curso de Informações; Curso de Controle de Distúrbios Civis; Curso de Especialização em Espetáculos Públicos; Curso de Gestão pela Qualidade Total; Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais; Curso Superior de Polícia.
Experiência Profissional

Cmt de Pelotão, responsável pelo policiamento preventivo e ostensivo motorizado – de 1979 a 1982; Oficial do Corpo de Segurança do Governador – Casa Militar – de 1982 a 1987; Assistente Militar do Secretário de Estado do Abastecimento – 1987 a 1988; De 1988 a 2005 – serviu no 2º Batalhão de Polícia de Choque, Unidade da Polícia Militar responsável pelo policiamento em espetáculos públicos na cidade de São Paulo. Foi comandante de pelotão, de Companhia, Subcomandante e Comandante da Unidade. No ano de 2002, participou do esquema de segurança na Copa do Mundo, no Japão.

Atividade Profissional Atual
Presidente da Comissão Estadual de Arbitragem e Diretor de Prevenção e Segurança da Federação Paulista de Futebol; Foi membro efetivo da Comissão Nacional de Prevenção da Violência para a Segurança dos Espetáculos Esportivos – Comissão Paz no Esporte.

1) O sr. é coronel da Policial Militar de São Paulo. Que motivos lhe levaram a presidir um setor de tamanha relevância como a Comissão de Arbitragem da FPF?
 R: Em outubro de 2005, logo em seguida ao escândalo de fraude na arbitragem envolvendo dois árbitros paulistas, fui convidado pelo doutor Marco Pólo Del Nero, presidente da FPF, para iniciar um novo processo de gestão na arbitragem, uma vez que era seu desejo ter uma pessoa totalmente sem vínculo com os clubes e com a própria arbitragem. Movido sempre em vencer novos desafios, aceitei de pronto o convite, até porque não tinha mais nenhuma perspectiva na carreira como PM e por já contar com 30 anos de serviço prestado à corporação.
2)Houve alguma reação contrária? 
R: Alguns questionamentos por parte da imprensa e, com certeza, incertezas, desconfianças e receios por parte dos árbitros.
3) Durante o período em que está à frente da arbitragem paulista, como tem sido o seu trabalho? 
R: O trabalho consiste no desenvolvimento de processos voltados ao aprimoramento contínuo de todos os que estão no quadro de arbitragem da FPF, respaldado, ainda, na transparência, na fiscalização e no apoio aos profissionais comprometidos com os princípios que norteiam a instituição arbitragem (idoneidade e imparcialidade).
4) Quais foram os métodos empregados e quantos novos árbitros foram revelados na sua gestão?
R: Em primeiro lugar, institui o Regulamento Geral da Arbitragem com direitos e deveres para todos (dirigentes da arbitragem e árbitros); criação de um plano de carreira (ranqueamento); treinamentos práticos para o aprimoramento; divulgação e orientação, em sala de aula, das instruções e recomendações encaminhadas pela Comissão de Arbitragem da Fifa; análise com o árbitro a respeito de suas atuações, em consequência das análises dos assessores da arbitragem ou de representações dos clubes; criação das fichas individuais de avaliação de desempenho; aplicação de dois testes físicos (protocolo Fifa) e de dois testes escritos por ano; monitoramento da condição física (COFES); contratação de um psicólogo do esporte; aquisição de equipamentos de comunicação (11 kits – com seis rádios); pagamento antecipado das taxas de arbitragem. E, a partir de julho, a definição da categoria especial da arbitragem com 20 árbitros e 40 assistentes, os quais passarão por um programa especial de treinamento (físico, psicológico, técnico, tático e nutricional), possibilitando, assim, a formação de um grupo de elite na arbitragem de São Paulo. Com referência às revelações, lançamos, nos últimos quatro anos, na principal competição em torno de 20 novos árbitros e 15 assistentes.
5) Quem é o melhor árbitro da FPF na atualidade e do futebol brasileiro, na sua opinião? 
R: Na FPF, o primeiro do ranking é o árbitro Wilson Luiz Seneme. No futebol brasileiro, o que tem mantido boa regularidade é o árbitro Heber Roberto Lopes, do Paraná
 
6) Que avaliação faz sobre o modelo de arbitragem desenvolvido nas competições da Conmebol e do modus operandi dos apitos brasileiros? 
R: Entendo que devemos aplicar com correção e inteligência as regras do jogo. O que determina o “estilo” da arbitragem é a característica do futebol praticado em cada país ou continente. Precisamos, sim, é promover um debate com relação à formação dos nossos atletas, os quais são estimulados, desde o seu início nas categorias de base, a desrespeitar as regras do jogo, ou seja, o de buscar levar vantagem com a “malandragem” (simulação de faltas, pressões e desrespeito com a arbitragem, desrespeito ao adversário, etc.).
7) Como dirigente de um colegiado da importância como São Paulo, qual é o seu entendimento sobre a implementação da tecnologia para auxiliar a arbitragem? Ela deve ser parcial ou total? 
R: A adoção da tecnologia importa em que dentro de uma competição todos teriam que ter o mesmo recurso à sua disposição. Explico: se num campo de jogo tivermos 20 câmeras, nos outros campos também deverão ter o mesmo número de câmeras. Quem pagaria tal investimento? Porém, alguns recursos são possíveis de implantar, como a comunicação aberta entre os membros da equipe de arbitragem e a escalação dos assistentes adicionais. A ampliação dos ângulos de abordagem nos lances e a integração imediata das informações com árbitro, são meios fundamentais para uma tomada de decisão com menor risco de erro.
8) O experimento dos assistentes adicionais tem causado restrições a alguns setores retrógrados do futebol brasileiro. Que avaliação faz desse experimento realizado no Campeonato Paulista? 
R: Altamente positivo o experimento. Tal afirmação foi expressada pelos próprios árbitros que se sentiram mais confiantes nas atuações em razão da presença de seus auxiliares no auxílio de suas decisões. 
9) A Fifa autorizou o nominado experimento do Europeu Sub-19, posteriormente na Liga da Uefa e mais recentemente na Champions League, e em 2012 na Eurocopa. Ele pode ser colocado em prática na Copa de 2014? 
R: O parecer desta Comissão ao Coordenador do Experimento designado pela da Fifa é pela implantação do sistema nas principais competições organizadas pelas Federações e Confederações. Sou favorável a sua implantação na Copa de 2014. 

10) Como está a preparação de Paulo César de Oliveira um dos árbitros pré-selecionados para a aludida Copa?
R: Ele está sendo convocado pela Conmebol para realizar o Curso para árbitros de alto nível, de 25 a 29 de junho. Boas perspectivas na sua carreira e vamos continuar com seus treinamentos na Federação.

Um comentário:

  1. Só vale lembrar que, apesar do Regulamento implantado, ele não é cumprido integralmente quando se fala em avaliação e ranqueamento dos árbitros. Resumindo, sobem e caem de categoria quem eles querem.

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