segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Falta qualidade nas comissões e aos assessores

O analista Valdir Bicudo, do Paraná Online, sustenta que "já passou da hora de o futebol pentacampeão do planeta, cumprir a circular da Fifa, que versa que os membros e observadores de arbitragem, devem ser ex-árbitros com notório conhecimento sobre as regas". Para ele, é preciso que a formação do árbitro seja profissional.

"Entrevistado em novembro de 2007, na sede do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Rio Grande do Sul, Armando Marques, quando perguntado se havia condições de se instalar uma Universidade de Arbitragem na América do Sul, objetivando a formação de instrutores de árbitros de excelência e através dela unificar a metodologia da arbitragem no campo de jogo, Armando respondeu: Não temos professores de arbitragem à altura para desempenhar essa função, e os que exercem esse tipo de atividade atualmente, precisam ser requalificados em caráter emergencial. Observando o Brasileirão e suas quatro séries, é nítida a dicotomia desenvolvida pelos árbitros nos critérios de interpretação e aplicação das Regras do Jogo. Essa deficiência dos árbitros e assistentes está atrelada não só a escassez de professores de alto nível, mas, sobretudo, na formação das comissões de arbitragem das federações estaduais, que na sua maioria, estão entregues à pessoas, que são "amigos" do presidente da federação, ou são "amigos" de um contingente expressivo de clubes."
 

"Há um número considerado desses "personagens", que nunca apitaram sequer pelada de menino de final de rua. Traduzindo: são leigos na matéria, mas como foram indicados por prepostos comandam os árbitros, e o que se vê é uma interminável geração de árbitros malformados e sem futuro."

"Além de uma revisão irrestrita, na escolha dos nomes dos membros das comissões de árbitros, é preponderante que a CBF interfira junto as federações estaduais, para que revejam o critério de indicação dos árbitros para o quadro nacional. Outra questão que deve ser revista urgentemente é a indiciação do ex-observadores de arbitragem, transformados recentemente em assessores, função precípua criada pela CBF, para avaliar o desempenho do árbitro e seus assistentes durante uma partida."

""Estranhamente" e lamentavelmente, essa função está a cargo em vários estados, de grupos de pessoas sem a menor identificação com o árbitro de futebol, não são formados como árbitro, nunca vestiram a indumentária de preto, não sabem e não tem a menor noção do colóquio verbal, que se passa no campo de jogo entre o árbitro, atletas, dirigentes, a imprensa, nunca foram testados na sua condição psíquica, emocional, dentro do retângulo verde, nunca foram "peitados" por um atleta, nunca foram xingados de fdp....para saber que tipo de reação tem o árbitro quando isto acontece, nunca levaram um "safanão" quando se forma um "bolo" de atletas ao redor do árbitro."
 
"Pergunto: como esses "personagens", podem emitir um juízo de valor ou avaliar as tomadas de decisões do árbitro e seus assistentes, se nunca vivenciaram uma situação como árbitro de futebol e as inúmeras variáveis que o árbitro enfrenta no transcurso de um jogo que sofre mutações de partida para partida?"

"Como levar a sério o relatório de um observador/assessor que é totalmente "estranho" ao meio da arbitragem? A avaliação de um árbitro, diz o manual da CBF, não é um ajuste de contas, mas sim um retrato fiel do trabalho executado pelo árbitro e seus assistentes."
 
"Se a CBF, as federações, os clubes e a própria imprensa, desejam uma melhora na arbitragem brasileira, devem iniciar uma campanha de conscientização junto a própria CBF e, posteriormente, nas federações estaduais, conscientizando a todos de que a qualidade do árbitro de futebol só terá crescimento, a partir do momento que pessoas com a devida qualificação e identidade com os árbitros, é quem devem ocupar as funções aqui nominadas."
 
"Sabem por quê? Porque são eles, comissão e observadores os responsáveis pela formação, análise e aprimoramento dos seus árbitros e assistentes e, também são eles que indicam à CA/CBF os melhores. Já passou da hora de o futebol pentacampeão do planeta, cumprir a circular da Fifa, que versa que os membros e observadores de arbitragem, devem ser ex-árbitros com notório conhecimento sobre as regas. Estabelecer uma linguagem única entre os mestres de arbitragem e aproximar os critérios de formação dos novos árbitros, é o grande desafio das comissões de arbitragem em conjunto com os assessores, que através das suas avaliações podem em muito contribuir para a diminuição dos equívocos do árbitro no campo de jogo."

Valdir Bicudo
, Paraná Online

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