quarta-feira, 18 de abril de 2012

A evolução dos uniformes dos homens de preto (A pedido)



                                   Árbitro Jonas Eriksson - Foto: Footballreferreing.blogspot

Nos fins do século XIX o Árbitro (imagem 1) permanecia estático no centro do terreno e permitia que os jogadores resolvessem os diferendos entre eles. Quase sempre barbudos na sua casaca negra, chapéu de copa alta, sapatos lustrosos e polainas, e equipados com um bastão para indicar a direção da marcação das faltas.
Podia fumar um bom charuto enquanto digeria a bem agradável refeição paga pelo clube da casa e geralmente rematada (estamos a falar de futebol...) com um esplêndido brande...
Passados uns tempos, por volta da Taça de Inglaterra (1891) foi proporcionado a que dois oficiais pudessem passear-se no campo com pequenas bandeiras e exerciam as funções dos atuais Assistentes. Pode-se ver (imagem 2) que um dos oficiais atua com óculos e bem ataviado como era comum nessa época.Nas décadas de 1920/1930 já se antevia que o Árbitro equipasse elegantemente com chapéu, camisa branca de manga curta, calças de montar de cor creme, meias cinza e bota até à canela (imagem 3).
Registre-se que o inglês William Pickford (1848-1923), considerado o pai dos Árbitros, no seu livro "How to referee" (imagem 4), editado em 1906, dizia: Antes de tudo, um Árbitro deve ser um cavalheiro. Deve ser firme e cortês, e tratar todos como irmãos até que demonstrem não ser dignos de confiança. Deve atuar com tato, ser honesto e sincero com todos, sem perder o sangue-frio, nem reagir com malícia ou má vontade, sendo, não obstante, intrépido, determinado e capaz.
Deverá usar um vestuário ligeiro e folgado, simples e sem cores muito vivas nem detalhes extravagantes. Ainda na capa daquela sua obra se vê um Árbitro de fins do século XIX em plena atuação com gorro, camisa, gravata, jaqueta e calças de golfe metidas nas meias negras, rematadas a branco.
No jogo Itália-Espanha, realizado em 29 de Maio de 1927, em Bolonha (imagem 5), o Árbitro inglês Stanley Rous (1895-1986), que chegou a presidente da FIFA, verifica-se que os uniformes da equipa de arbitragem não são iguais, logo não é agradável à vista.
Quanto ao excêntrico vestuário (imagem 6) do internacional belga, John Langenus (1891-1952), celebrizado na final do mundial de 1930-Uruguai, ainda usava, de vez em quando, uma capa de lã, mesmo com calor intenso!
Já Jim M. Wiltshire (imagem 7), quando dirigiu o Bélgica-Holanda, em Antuérpia, no dia 4 de Maio de 1947, preferiu usar um cômodo suéter de cor preta. Depois da II Guerra Mundial o credenciado internacional inglês Ken Aston (1915-2001) considerou necessário criar um desenho standard para o vestuário dos Árbitros e convenceu os fabricantes para adaptarem os tecidos pretos que haviam sobrado dos tempos de guerra.
A boa qualidade do algodão foi ideal para todas as estações do ano e foi acertado um modelo básico para o efeito.
Uns anos depois o algodão cedeu o lugar ao nylon, apesar de não ter a sua suavidade e conforto, mas a sua aparência lustrosa dava-lhe um toque moderno e original, o que viria a ser adaptado noutros países.
No jogo final do Mundial de 1966-Inglaterra o russo Tofik Bakharamov (1925-1993) utilizou o antigo modelo (imagem 8) que estava implantado na sua Federação (lã preta e cinto branco), enquanto os colegas o moderno. O preto sempre manteve o seu estatuto oficial, pese embora nalguns jogos em que os jogadores levavam cores escuras e pudessem causar confusão, o Árbitro envergava roupa de cor diferente, mas nos anos 60 a cor estava muito estafada, dando uma imagem muito apagada do trio de arbitragem num jogo moderno que florescia como espetáculo emocionante e colorido.
Registre-se que um trio holandês quando visitou Londres para dirigir um encontro europeu causou imensa sensação, mesmo muito antes de entrarem em campo, com a sua roupa normal e pela sua conduta.
Vestiam elegantes casacos pretos, camisas brancas, gravatas coloridas da sua Federação, calças cinza e sapatos pretos reluzentes! Um aspecto fantástico a quem via e uma equipa orgulhosa da sua Federação e do seu país. O seu equipamento em campo deixou toda a gente boquiaberta: calção preto, meias da mesma cor com canhão branco, botas de futebol muito macias, camisa de manga larga, carmesim, com colarinho e punhos brancos.
O contraste com os jogadores era enorme e conferia um toque de elegância ao espetáculo desportivo.
No campo jogava-se sem chama, sem vida, mas o trio de arbitragem, bem apresentado, desempenhou magistralmente as suas funções e controlou a partida com muita confiança e responsabilidade.
Foto: Uefa.com
Em 1967 a AFLR (Associação de Árbitros e Juízes de Linha de Futebol), organizou a sua primeira conferência anual em Londres e dos vários assuntos abordados que giraram em torno da direção dos jogos e a proteção contra a violência, a questão dos unifomes.


 Fonte: Fifa/Magazine/Apitodobicudo.blogspot.com

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