(FIFA.com)
Por estádios mais seguros
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O Comitê de Estádios e Segurança da FIFA se reuniu na sede da entidade na quarta-feira passada com um tema central na agenda: a reavaliação do regulamento de segurança da instituição que dirige o futebol mundial. A atual versão do texto entrou em vigor em dezembro de 2008, mas, com a criação do Departamento de Segurança da FIFA no dia 1º de janeiro do ano passado, ficou decidido que não só o regulamento, como também o atual conceito de segurança nos estádios deveriam ser revistos.
As terríveis cenas de tragédias em estádios ainda não foram completamente erradicadas – Porto Said, no Egito, foi o triste exemplo mais recente. Apesar de a responsabilidade pelos preparativos e a organização de partidas ser das federações nacionais, a FIFA acredita que é também seu dever dar toda a assistência possível a seus membros.
O foco da atual análise levou em conta a avaliação dos riscos de cada competição, os conceitos locais e nacionais sobre segurança, o planejamento das sedes das partidas e de locais relacionados a ela (como, por exemplo, concentrações e hotéis) e acordos de cooperação internacional.
Isso fez com que os especialistas da FIFA acompanhassem, ao longo de 2011, os Mundiais Sub-17, Sub-20 e de Beach Soccer, que foram disputados no México, na Colômbia e na Itália, respectivamente. Também houve visitas ao Manchester United, para acompanhar o planejamento operacional em um dia de jogo do Campeonato Inglês. Algo parecido foi feito nos Estados Unidos, com a supervisão de partidas da Liga de Futebol Americano.
Como parte dos estudos de casos internacionais, também foram avaliados eventos não-esportivos, como a Loveparade, festival de música realizado em 2010 na Alemanha, quando 21 pessoas perderam suas vidas e mais de 500 ficaram feridas.
Surpreendentemente, entre 1971 e 2011, cerca de 1.500 pessoas faleceram e mais de seis mil ficaram feridas em 60 eventos esportivos em todo o mundo. No entanto, estas cifras são provavelmente muito mais altas na realidade.
"A segurança e a proteção nos estádios resulta de um equilíbrio entre um bom projeto e um bom gerenciamento. Apesar do crescente número de excelentes estádios construídos em todo o planeta, atualmente ainda não há um selo de qualidade ou certificação internacional para isto", lembrou o chefe de segurança da FIFA, Chris Eaton.
"Como consequência, pensamos, como parte desta reavaliação, em quais outras orientações podemos oferecer às federações filiadas à FIFA, garantindo que, quando se trata de segurança e proteção nos estádios, nada precise ser 'interpretado'", explicou Eaton.
"Percebemos que frequentemente há uma desconexão entre as autoridades nacionais e os organizadores dos eventos, principalmente no processo de planejamento. Uma de nossas recomendações é que as federações indiquem um consultor nacional de segurança, na linha da exigência atual de que nomeiem um diretor nacional para o tema. Essa pessoa deveria ser um oficial de polícia experiente, que serviria de contato entre as autoridades e os organizadores dos eventos. Isso facilitaria uma maior cooperação com a polícia em Copas do Mundo, não só nacional, como internacionalmente", afirmou.
Com a crescente popularidade de outras atividades ligadas às competições da FIFA, como as Fan Fests, recomendações e regulamentos universais de segurança também entrarão em vigor para esses eventos.
Andre Pruis, ex-vice-comissário da Polícia da África do Sul e consultor de segurança da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, explicou que, durante aquele torneio, houve 31 dias de atividades relacionadas às Fan Fests em 16 cidades em todo o planeta, com a participação de mais de seis milhões de pessoas. "Só em Berlim, foram 350 mil visitantes na semifinal entre Alemanha e Espanha. É um número incrível de pessoas em um mesmo lugar", disse.
"Questões como entrada e saída dos locais, sinalização, procedimentos de evacuação, acesso dos veículos de emergência, dispositivos médicos, sistemas de som e de comunicação, assistência e planos de contingência e de gerenciamento de crises devem poder ser aplicados assim como seriam dentro do estádio", observou Pruis. "Na África do Sul, durante a Copa do Mundo de 2010, mais de 2,6 milhões de pessoas assistiram aos jogos das diversas Fan Fests por todo o país. As pessoas que vão a esses eventos deveriam saber que pode se divertir em um ambiente seguro."
Nas eliminatórias para o Brasil 2014, haverá 832 jogos em todo o mundo e os estádios mais uma vez precisarão contar com requisitos mínimos para os espectadores, as seleções e os árbitros.
A versão revista dos regulamentos de segurança da FIFA será distribuída entre os membros do comitê para que eles contribuam com suas observações. O mesmo será feito entre os principais departamentos dedicados ao planejamento operacional de competições da entidade. No segundo semestre de 2012, o rascunho final do documento será apresentado ao Comitê Executivo da FIFA para ser aprovado.