Na tentativa de barrar juiz, clube usa ação de torcedor
A contragosto, clássico terá Paulo César de Oliveira no apito
DE SÃO PAULO/FOLHA ESPORTE
Indignado com a escalação de Paulo César de Oliveira para o clássico
contra o São Paulo, o Palmeiras apelou até a uma ação judicial de um
torcedor para tentar mudar a arbitragem do jogo de sábado.
O clube alegou à CBF que o juiz está legalmente inapto a apitar a
partida por estar sendo processado pelo advogado Laércio Baenko Lopes.
O palmeirense entrou com uma ação por danos morais no valor de R$ 5.450
contra o árbitro por considerar que seu time foi prejudicado por ele no
empate com o Corinthians de maio de 2011.
O placar (1 a 1) causou a eliminação alviverde do Paulista nos pênaltis e
revoltou o clube, já que o resultado do sorteio que escalou Paulo César
para a partida havia sido antecipado por reportagem do "Jornal da
Tarde".
Foi o último jogo do clube dirigido pelo juiz, que ficou afastado dos
duelos do time após processar o técnico Luiz Felipe Scolari por
criticá-lo.
"Conversei com o presidente Arnaldo Tirone na última quinta-feira e o
avisei de que voltaria a designar o Paulo César para o sorteio porque a
ação era contra o Felipão, que já deixou o clube", explicou o chefe de
arbitragem da CBF, Aristeu Leonardo Tavares.
"Alguém que é processado pela torcida não tem isenção", respondeu o
diretor jurídico palmeirense, Piraci Oliveira, que liderou uma campanha
na internet pelo veto ao árbitro no clássico.
Em seu blog, o cartola listou 29 partidas do clube que foram apitadas
por Paulo César com os supostos erros de arbitragem cometidos por ele.
Segundo suas contas, o Palmeiras tem nove vitórias, 13 empates e sete
derrotas nas partidas apitadas pelo juiz. O árbitro teria ainda anotado
11 pênaltis contra os paulistas e expulsado 17 jogadores seus.
"Se existisse alguma restrição, ele não teria nem sido designado para o
sorteio", disse Aristeu, sobre a tentativa de mudar a escalação baseada
na ação do torcedor.
"O Palmeiras tem que se preocupar é em jogar bola para sair desta zona
de desconforto. Não vamos aceitar essa transferência de
responsabilidade", completou.
O time, que vem de três vitórias consecutivas sob o comando de Gilson
Kleina, sucessor de Scolari, pode deixar a zona de rebaixamento nesta
rodada. Para isso, precisa derrotar o São Paulo e torcer por outros
resultados.
"Parece que as pessoas gostam de viver perigosamente. Por que escalar um
árbitro com história tão comprometida com o Palmeiras? Isso nos deixa
pressionados pela torcida. Registro desde já minha grande preocupação",
declarou o vice-presidente Roberto Frizzo. (RAFAEL REIS)
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