quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Dunga: "Não falo mais"

Na entrevista coletiva que concedeu ao final do Gre-nal do último domingo, o técnico Dunga do Internacional, quando questionado sobre o desempenho da arbitragem do clássico gaúcho, foi incisivo: Enquanto não mudar o sistema da arbitragem brasileira, não falo mais nada. Na segunda-feira, a entrevista do tetracampeão mundial foi repetida nas principais redes de TV do País e no diário gaúcho, Zero Hora.
Dunga tem razão. A última vez que o quadro de arbitragem nacional sofreu um processo de requalificação em todos os setores, foi por ocasião da extinta CBD - Confederação Brasileira de Desportos, que era dirigida pelo presidente João Havelange.
Posteriormente, o Cel. Áulio Nazareno (in memoriam), nas duas passagens que teve a frente do comando da extinta Cobraf – Comissão Brasileira de Arbitragem, colocou em prática projetos que à época alavancaram a qualidade do árbitro de futebol, e de lá para cá, o único dirigente que ousou implementar pequenas mudanças no sentido de melhorar a qualidade nas tomadas de decisões da arbitragem no campo de jogo, foi Sérgio Corrêa da Silva.
Enquanto a Inglaterra profissionalizou a atividade do árbitro de futebol e aprimorou o processo de profissionalização via (PGMOB) - Professional Game Match Officials Board, fundada em 2001, sendo há mais de uma década considerado paradigma a sua gestão na Premier League, e um contingente expressivo de países europeus adotaram comportamento próximo, a arbitragem no futebol brasileiro parou no tempo corroída por escândalos e pela ausência de um projeto de alto nível.
Na América do Sul, e, por extensão no Brasil, o desempenho qualitativo dos homens de preto, além de não apresentar avanços significativos nos quesitos técnico, tático, físico e psicológico, a qualidade das tomadas de decisões vem caindo vertiginosamente, e com exceção do ex-árbitro Carlos Eugênio Simon e de Wilmar Roldán (Fifa/Colômbia), não há nenhum nome que se aproxime dos critérios utilizados pelos árbitros europeus nas competições nacionais, da Uefa e da Fifa.
No futebol brasileiro as causas da péssima qualidade observada no campo do apito são fáceis de serem identificadas. Aqui viceja o continuísmo anacrônico no comando das federações estaduais. É latente a indicação de alienígenas nas comissões de arbitragens dessas federações. É escancarado o número de desempregados sem a devida qualificação, que estão a frente das escolas de formação dos novos árbitros, que foram transformadas em cabide de emprego pelos prepostos dos presidentes das federações. Acrescente-se ainda, a designação de um legião de assessores de arbitragem nas competições da CBF, que nunca apitaram uma partida de futebol. E, por derradeiro, a falta de renovação na direção da CA/CBF e a ausência de um projeto de excelência para aprimorar e inserir a arbitragem brasileira no cenário internacional.

Foto: Apito do Bicudo
 Carlos Alarcón
PS: A respeito da notícia de que Carlos Alarcón estaria deixando a presidência da Comissão de Arbitragem da Conmebol, a notícia não procede. Além do prestígio que tem junto a Confederação Sul-Americana de Futebol, onde é um dos mais importantes dirigentes, Alarcón é respeitadíssimo na Fifa já que, é o mais longevo membro da comissão de arbitragem da entidade internacional. E, por consequência, é considerado por Joseph Blatter o mestre na arbitragem das Américas.

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