terça-feira, 19 de novembro de 2013

Arbitragem diverge do Bom senso FC.




esportes/Futebol 


Sérgio Corrêa, da Escola Nacional de Arbitragem, revela interesses diferentes dos jogadores

 Sérgio Corrêa participou em Manaus do V Encontro Nacional de Escolas de Arbitragem, que discutiu novas diretrizes para o treinamento de novos árbitros

ManausDiretor-presidente da Escola Nacional de Arbitragem (Enab), Sérgio Corrêa esteve em Manaus para participar do 5º Encontro Nacional das Escolas de Arbitragem e revelou que acredita que uma das reivindicações do Bom Senso FC - movimento liderado por jogadores de clubes das divisões de cima do Brasileiro que visa melhorias para os atletas - pode prejudicar o crescimento profissional dos árbitros de futebol.
A briga da categoria com mandatários da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para evitar uma sobrecarga de jogos e redução das férias, causas que originaram o movimento, é adversa, segundo Corrêa, ao que seria ideal para a arbitragem.
“Quanto mais jogos para o árbitro, melhor, porque assim ele tem maior número de atuações”, declarou Corrêa, que também é diretor de arbitragem da CBF.
“Pelo que conheço do presidente (da CBF) José Maria Marin e toda a sua diretoria, eles estão receptivos a qualquer tipo de sugestão. Agora acontece que 2014 é ano de Copa do Mundo e o calendário é assim ajustado. Mas as partes estão tentando achar caminhos que melhorem para todo mundo: jogadores, principalmente, e árbitros”, explicou Corrêa.
Ex-presidente da Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol (Conaf), Corrêa defende uma rotatividade e frequência maior dos árbitros nos campeonatos regionais e nacionais.
“O árbitro tem uma atividade que não para, que é a estadual e nacional (divisões do Brasileiro e Copa do Brasil). Para eles, acredito que quantos mais partidas, melhor, porque não é só um árbitro que atua. Diferente de um jogador que se não tiver nenhuma lesão faz até 38 partidas num ano. O árbitro não, apita no máximo de 15 a 20 jogos, às vezes metade disso”, comentou.
Ciente das solicitações do Bom Senso FC, o diretor-presisente da Enab sabe que qualquer posição da categoria dos árbitros não influi no movimento.
“Mas claro, isso vai na contramão do que os jogadores estão solicitando, que é uma redução do número de jogos. Não vamos discutir isso, vamos cumprir o que for determinado. Todos os segmentos estão avançando (jogadores e árbitros) e tendo suas melhorias através dessas reivindicações coletivas. É uma mudança nacional, em todo o mundo. Acho muito interessante desde, claro, que não ultrapasses os limites dos fóruns de discussões”, declarou Corrêa, se referindo à regulamentação da profissão de árbitro.
Regulamentação
Sancionada pela presidente Dilma Rousseff, no início de outubro, a Lei 12.867 dá direito aos árbitros e auxiliares de formar associações e sindicatos. Os homens do apito podem “prestar serviços às entidades de administração, às ligas e às entidades de prática da modalidade desportiva futebol”.
“É uma situação nova. Tem um mês que a lei foi sancionada, nós não temos nenhuma movimentação interna para tratar desse assunto. Ainda mais que faltam quatro rodadas (para encerrar) as Séries A e B (do Brasileirão). Então, é algo para o ano que vem”, admitiu Sérgio Corrêa. “De janeiro a abril, quando as competições estaduais tiverem rolando nos próprios ambientes domésticos (estaduais) teremos noção de como será tratado”, completou.
Os trâmites legais da regulamentação, como piso salarial, direitos trabalhistas e benefícios ainda são incógnitas para a Escola Nacional de Arbitragem. “A parte jurídica vai nos orientar, porque não tenho conhecimento da amplitude do tamanho da lei. Acredito que trará possibilidades de melhorias por meio de acordos coletivos entre as partes. Não serão árbitros contratados via carteira, no regime da CLT, porque a lei diz que são autônomos”, analisou o dirigente.
Para atender à demanda de árbitros e auxiliares, a Enab tem exportado mão de obra. “Em Portugal, existe um projeto piloto de semiprofissionalização com alguns árbitros sendo contratados lá. Atualmente, é inviável contratar 600 árbitros para ficar à disposição de uma entidade, com variação de dois a três jogos para os mais novos e de 20 a 22 partidas para quem chegou a nível internacional. Essa diferenciação em número de jogos e disponibilidade de árbitros e assistentes precisa ser equacionada para prestarmos um serviço melhor”, argumentou Corrêa.
O dirigente também demonstrou em números que o quadro de arbitragem sofreu uma elevação. “Renovamos o perfil do árbitro. Em 2007, tínhamos 17 árbitros com idade abaixo de 30 anos, hoje temos 146. Na Região Norte, as escalas nacionais (para jogos do Brasileirão e Copa do Brasil) passaram de 2,5% para quase 6%. Na CBF, trabalhamos não para o Sul e Sudeste, mas para o Brasil todo”, declarou.
Novos cursos de qualificação e seletivas estão nos futuros planos da Enab no Amazonas. “Temos alguns projetos de trazer para a região instrutores de elevada capacidade e não só de exposição oral e prática, mas também de verificação de talento“, revelou Corrêa.

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