quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Discriminação vergonhosa sofrem os árbitros

Na coluna anterior, sugeri que os árbitros que labutam nas competições da CBF e compõe a Relação Nacional de Árbitros de Futebol (Renaf), pensassem na manifestação dos atletas que criaram o Bom Senso FC, visto que não concordam com o calendário que vem sendo desenvolvido no futebol brasileiro na atualidade.  Aos árbitros, como forma de estabelecer um diálogo sobre os patrocínios que ostentam nas mangas das camisas, sem nada receber, propus que atrasassem as partidas em cinco minutos.
Recebi e-mails de diferentes segmentos da arbitragem nacional de que ao sugerir esse tipo de comportamento, estaria encorajando os árbitros a uma revolta contra a CBF, a TV, a imprensa e o torcedor. Primeiro, é preciso diferenciar manifestação de revolta. E há diferença? Sim, em número, gênero e grau. Manifestações são marcadas com antecedência, local e horário definidos. A adesão é ideológica.  A revolta explode após o transbordamento da paciência, e exigir racionalidade durante a ocorrência é que é irracional. A manifestação tem queima lenta como a madeira. A revolta é como pólvora.

Além disso, não se pode fechar os olhos para o que está acontecendo no nosso futebol, dado que, desde 15 de janeiro de 2002, a Fifa via seu ex-secretário-geral, Michel Zen – Rufinem,  anunciou  e determinou que o patrocínio nas mangas das camisas do árbitro e demais componentes da arbitragem, deveriam ser revertidos em benefícios dos homens de apito.  Portanto, não há nenhuma incitação a qualquer tipo de insurreição da arbitragem contra quem quer que seja.
                                                      Divulgação


                  Quanto vale o patrocínio na manga da camisa da arbitragem?
Benefícios estipulados pela Fifa à época, que devem proporcionar a realização de painéis, seminários, congressos, visando o aprimoramento qualitativo dos homens de preto nos quesitos tático, físico, técnico e psicológico. Como também, a independência para exercer a profissão e profissionalizar a categoria.

O que se observa desde a data acima mencionada no futebol brasileiro em relação ao exposto acima, é a celebração de contratos expressivos com multinacionais, que exibem suas logomarcas nas mangas das camisas do árbitro, assistentes, do quarto árbitro e mais recentemente dos árbitros adicionais.  Além de não receberem nenhum centavo pela marca propagada nas mangas das camisas, a  requalificação colocada em prática pela CA/CBF aos apitos da Relação Nacional de Árbitros de Futebol (Renaf), tem proporcionado avanços tímidos à arbitragem brasileira.

Explico: Antes da realização da Copa do Mundo na África do Sul, a Fifa anunciou que o Brasil seria sede da Copa de 2014. Diante disso, esperava-se a implementação de um projeto de excelência no setor do apito, objetivando preparar dois trios de arbitragem de alto nível para o Mundial do ano que vem. E, por extensão, um crescimento significativo da arbitragem nos campeonatos  regionais e nas competições da CBF.

Porém, o que temos visto é totalmente o oposto. A partir de fevereiro a cada temporada,  quando inicia a Copa do Brasil e, posteriormente, o Campeonato Brasileiro de terça-feira a domingo,  vivenciamos um festival de equívocos daquele que Joseph Blatter, o presidente da Fifa, denomina como guardião das Regras de Futebol, o árbitro. Acrescente-se ainda, a incapacidade crônica dos assistentes de realizar sua missão precípua numa partida de futebol, que é assinalar o impedimento.

Reitero ainda, que os dois árbitros indicados para o processo pré-seletivo da Fifa, Leandro Pedro Vuaden (Fifa/RS) e Wilson Luiz Seneme (Fifa/SP), submetidos aos testes físicos da Fifa, sob a ótica dos preparadores físicos da entidade internacional foram reprovados. O teste físico da Fifa não tem o "jeitinho"  brasileiro. Ambos foram substituídos por Heber Roberto Lopes e Sandro Meira Ricci.  
   

PS (1): Massimo Busacca, o chefe de arbitragem da Fifa, no balanço que fez do desempenho dos seus comandados  após o Mundial Sub-17, nos Emirados Árabes,  deixou claro que a definição dos nomes dos árbitros e assistentes para a Copa do Mundo no Brasil, ainda não estão definidos. Num primeiro momento, falou-se que seria em janeiro do ano que vem. Mas, em função dos vários campeonatos europeus, da Liga da Europa e da Liga dos Campeões, com desfecho em maio de 2014, há quem diga que a lista só será anunciada após o término dessas competições.  

PS (2): Perfeita a atuação de Paulo Cesar de Oliveira (Fifa/SP), na primeira partida decisiva da Copa do Brasil entre Atlético/PR 1 x 1 Flamengo/RJ. Os assistentes, Altemir Hausmann e Alessandro Rocha Matos, proporcionaram uma aula de cátedra de como assistir o árbitro central sem que essa assistência seja indevida. E, por conseguinte, salvaram  a pele dos demais assistentes da Renaf no ano em curso, que deveriam solicitar o DVD da partida em tela para aprender como devem proceder na função quando escalados.


PS (3): A última: A Fifa não confirma, mas, a notícia se espalhou como pólvora na manhã de hoje em toda a Europa. Árbitros e assistentes pré-selecionados para o Mundial/14, deverão realizar mais quatro testes nos próximos meses. Dos quatros programados, dois todos serão notificados. Os demais serão  surpresa. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário